Denúncia – Poeira de cimento na orla causa problemas de saúde a trabalhadores
Trabalhador Manoel Dias contraiu pneumonia após exalar pó de cimento
Moradores, empresários, trabalhadores e outras pessoas que trafegam pela Avenida Tapajós, no trecho entre a Praça Tiradentes e a Travessa Augusto Montenegro, no bairro da Aldeia, em Santarém, estão passando por sérios problemas de saúde. Eles denunciam o grande excesso de poeira (pó de cimento) que saí da Avenida, principalmente agora que o período da chuva acabou; esse trecho onde uma empresa está fazendo as obras do esgotamento sanitário e, após a colocação de coletor tronco, ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), construção da Estação Elevatória de Esgoto (EEE), construção da Linha de requalque por gravidade e outros serviços, ficou cheio de buracos e, quando não chove, a poeira se alastra e atinge os comércios que estão localizados nesse perímetro.
O pior de tudo, é que após a colocação desses equipamentos, os buracos abertos pela empresa foram tapados com cimento. Os empresários estão denunciando que a poeira está entrando em seus estabelecimentos comerciais, prejudicando seus clientes, que preferem fazer suas compras em outros locais. Também os trabalhadores estão passando por momentos difíceis, alguns já contraíram doenças como pneumonia, causada pelo pó de cimento.
Santarém está ganhando um grande presente, a continuação da obra orla da cidade, algo que tem trazido alegria para quase todos os santarenos, mas junto com esta obra tão esperada vêm de bônus as indesejadas consequências provenientes de qualquer obra comum, como a presença de entulhos, materiais de construção, máquinas pesadas em ação, e claro, uma grande presença de poeira feita do pó do cimento que se prolifera pelo ar, algo que incomoda muita gente, pois o movimento desse pó se multiplica pelo fato de estar na frente da cidade, onde encontramos grande concentração de correntes de ar.
Além da poeira, os buracos nesse trecho estão prejudicando os proprietários de veículos, que têm peças quebradas. Outro setor prejudicado com a poeira é o de lavadores de carros, que tiram o ganha pão diariamente lavando veículos, mas de nada adianta, pois a poeira suja novamente.
A reclamação é geral e os empresários e outros trabalhadores que atuam nesse trecho pedem providências dos órgãos públicos.
SOBRE A OBRA: O serviço faz parte do PAC 2, coordenado pela Seminfra, sob o contrato nº 350.963-47, no qual consta: construção do coletor tronco, ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), construção da Estação Elevatória de Esgoto (EEE), construção da Linha de requalque por gravidade, ligações de rede de esgoto e 225 metros de orla, incluindo drenagem e urbanização.
PROBLEMAS DE SAÚDE: Nossa reportagem conversou com o trabalhador Manoel Dias, que exerce sua função nas proximidades da obra e da Praça Tiradentes. Segundo Manoel Dias, que trafega por esse trecho da Avenida Tapajós todos os dias, relata como adoeceu por conta da poeira: “Eu trabalho aqui em uma venda, a gente pega sol e chuva todos os dias e através dessa poeira, primeiramente me deu uma febre, logo depois peguei uma pneumonia. Na verdade, ainda estou com a doença, só estou trabalhando porque não posso ficar em casa. Outras pessoas já adoeceram aqui perto da obra. Era para eles passarem pelo menos uma água para sentar a poeira. Pedimos providências porque estamos sendo prejudicados aqui, eu trabalho o dia todo em contato com essa poeira”, declarou.
Conversamos com o dono de um estabelecimento que fornece refeições aos trabalhadores locais, o senhor Manelito: “A venda da gente caiu muito, no mínimo 80% devido à poeira, as pessoas estão fazendo sua refeição e a poeira está presente em todo momento, não dá refresco. O pessoal está adoecendo. Tenho um colega que foi medicado e passou muito mal por conta da poeira, mas ele já está se recuperando. Está horrível esse negócio, jogar uma água não resolve muito, mas já ameniza. Peço que nossas autoridades olhem para esse problema, estamos tendo muito prejuízo, todos os comerciantes aqui das proximidades”, declarou.
Outra vítima da poeira de cimento foi uma garçonete que também teve problemas de saúde provenientes dessa situação, a senhora Helen, que trabalha em um restaurante localizado bem em frente à obra. “Devido ao cimento que sobe e à poeira, eu fico com meu corpo todo empolado, já houve situações de ser preciso eu ir para a UPA, toda empolada, garganta tampada com tanta poeira. Eu tenho alergia à poeira do cimento. O fato de nós trabalharmos com comida, afasta a freguesia, é uma via com a presença constante de veículos que levantam poeira, queremos providências, não só pela queda do movimento aqui em nosso trabalho, mas principalmente por causa da nossa saúde”, alertou a garçonete.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto