Descaso do governo Jatene – Pacientes do Ophir Loyola denunciam que estão há um mês sem quimioterapia
Problema é causado pela falta de dois medicamentos para tratamento de cânceres colorretais.
Alguns pacientes do Hospital Ophir Loyola estão há quase um mês sem poder se submeter a sessões de quimioterapia. O motivo seria a falta de dois medicamentos: 5FU e Leucovorin. Ambos são combinados para tratamento de cânceres colorretais. Ao menos oito pessoas estão desassistidas. A denúncia será formalizada por familiares dos pacientes ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Esta, porém, não é a primeira vez no ano que o hospital passa pela deficiência de medicamentos para tratamento de cânceres e o governo é questionado pelo MPPA.
A nova denúncia de falta de quimioterápicos foi feita por Suzane Moura Gomes. O paciente é o cunhado dela, que faz parte de um grupo de oito pessoas em tratamento de cânceres colorretais. Segundo ela, sempre que se dirige à direção do HOL Ophir Loyola para cobrar medidas tem como resposta o descaso dos servidores. Já se passou um mês que o tratamento do cunhado está suspenso. Por isso a família está reunindo toda a documentação necessária para acionar o MPPA. Contudo, a preocupação pelo tempo decorrido sem tratamento só aumenta. Quando buscou informações, na tarde de segunda, a resposta foi de que não havia previsão para reposição dos quimioterápicos.
“Meu cunhado tem câncer de intestino. O diagnóstico veio muito tarde e operação também. Estamos preocupados porque ele mora em Igarapé-Miri. Estamos esperando ele chegar para fazer a denúncia ao MPPA. Temos de fazer. Procuramos uma clínica para que ele fizesse as sessões de forma particular, mas o preço é muito alto: mais de R$ 1,5 mil. E o mesmo problema está ocorrendo com outros sete pacientes. Fico imaginando se não está ocorrendo o mesmo com pessoas que têm outros tipos de câncer”, disse Suzane.
Não é a primeira vez que pacientes reclamam. Em julho deste ano, uma matéria publicada no Portal ORM mostrou que pacientes que faziam uso de Taxol e Sutent, recomendados para o tratamento de câncer no ovário e tumor gastrointestinal, respectivamente, já haviam procurado o MPPA, que solicitou esclarecimentos à Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa). O órgão estadual alegou, à época, que os medicamentos não estavam sendo repassados pelo Ministério da Saúde.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que “o financiamento de medicamentos oncológicos não se dá por meio dos Componentes da Assistência Farmacêutica. O Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde não disponibilizam diretamente medicamentos contra o câncer. O fornecimento destes ocorre por meio da sua inclusão nos procedimentos quimioterápicos registrados no subsistema APAC-SIA (Autorização de Procedimento de Alta Complexidade do Sistema de Informação Ambulatorial) do SUS, devendo ser oferecidos pelos hospitais credenciados no SUS e habilitados em Oncologia, sendo ressarcidos pelo Ministério da Saúde conforme o código do procedimento registrado na APAC. A respectiva Secretaria de Saúde gestora é quem repassa o recurso recebido do Ministério da Saúde para o hospital, conforme o código do procedimento informado”.
Ainda segundo a nota a “tabela de procedimentos do SUS não refere medicamentos oncológicos, mas, situações tumorais específicas, que orientam a codificação desses procedimentos, que são descritos independentemente de qual esquema terapêutico seja adotado. Os estabelecimentos habilitados em Oncologia pelo SUS são os responsáveis pelo fornecimento dos medicamentos necessários ao tratamento do câncer que, livremente, padronizam, adquirem e prescrevem, devendo observar protocolos e diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde, quando existentes”.
O Hospital Ophir Loyola foi procurado para esclarecer a situação. No entanto, nenhuma resposta foi dada à reportagem.
Fonte: Portal ORM