Capitania alerta para perigos da navegação nos rios da Amazônia

É muito importante todo navegante ter sua carta náutica atualizada e conhecer o trecho que vai navegar

Comandante da Capitania Fluvial de Santarém orienta e alerta condutores

O Comandante da Capitania Fluvial de Santarém, Capitão de Fragata Robson Ferreira, esteve no estúdio da TV Impacto e na redação do Jornal O Impacto, ocasião em que concedeu entrevista exclusiva, para falar sobre vários assuntos importantes, principalmente para os navegantes aqui da nossa região e das precauções que devem ser tomadas com relação à vazante/cheia dos rios. Veja a entrevista:

Jornal O Impacto: Quais as precauções que devem ser tomadas, principalmente para quem navega pelos rios?

Comandante Robson Ferreira: A nossa Capitania Fluvial de Santarém possui uma leitura diária de régua em que é utilizado para a tomada de decisão, afim prover precauções de segurança da navegação aos navegantes. Cabe ressaltar que não possui também como atividade sobre subsidiária ou controle de nível dos rios, sendo uma atribuição da Agência Nacional de Águas. Para se ter uma noção, no mês de outubro tivemos um registro de 1,82m e observamos que no início do mês de outubro até o momento o rio baixou 2 metros, um fato semelhante em relação a 2015, o qual foi registrado 1,40m exatamente no dia 30 de outubro e no dia 30 de outubro deste ano 1,82m.

Jornal O Impacto: Muito inconstante, quase que imprevisível.

Comandante Robson Ferreira: Exatamente. Nós não temos como ter uma noção do controle do nível dos rios, tudo depende da natureza. Não quer dizer que vai ter cheia ou vai ter seca, muito depende da natureza. Um fato observado é que no mês de novembro, principalmente na segunda quinzena, o ciclo começa a se reverter. Ou seja, já começa o período de cheias dos rios, também muito dependendo das chuvas na cabeceira dos rios. A Marinha do Brasil recomenda muita atenção nesse período, principalmente aos navegantes que utilizem equipamentos de auxílio à navegação, por exemplo, ecobatímetro que passa a leitura da profundidade local, tendo uma prevenção contra um banco de areia ou pedra e utilizem cartas náuticas atualizadas. Destaco como importantíssimo atualizadas, até porque nossa região pode sofrer qualquer mudança. Então, se você não tiver a carta náutica atualizada, você realmente pode inferir numa situação bem desagradável.

Jornal O Impacto: Existe informações sobre Ilhas que já desapareceram e continuam em algumas cartas náuticas?

Comandante Robson Ferreira: É muito importante todo navegante ter sua carta náutica atualizada e conhecer o trecho que vai navegar.

Jornal O Impacto: Com sua experiência, quais seriam os trechos que podem vir a causar problemas, se a pessoa não conhecer ou não tiver o devido cuidado?

Comandante Robson Ferreira: Em relação a esses trechos, é importante destacar que na região subindo o Rio Tapajós, principalmente na margem direita, quem pretende ir para ao balneário de Alter do Chão deve ter atenção à Ponta do Cururu, onde tem uma faixa extensa de areia, aproximadamente de um quilômetro, que avança para o meio do rio. Então, toda embarcação deve ter atenção a esse banco de areia, principalmente à noite. E no Rio Amazonas, aproximadamente 5 km do encontro das águas, deve ter atenção à praia de São Raimundo. Então, esses dois pontos que a Capitania Fluvial de Santarém auxilia os navegantes a ter mais atenção.

 Jornal O Impacto: Sabemos que com a estiagem, as pessoas utilizam muito Jet-ski e lanchas. Tem alguma orientação que a gente pode dar para essas pessoas que costumam transitar entre banhistas?

Comandante Robson Ferreira: Excelente pergunta. O Jet-ski é um equipamento que deve ser muito bem utilizado. A pessoa deve ser habilitada, passando por provas escrita e prática, para saber conduzir a moto aquática. Pela norma da autoridade marítima, toda embarcação miúda, moto aquática, deve estar afastada 200 metros. Tem que realmente evitar os banhistas, uma distância segura para que evite acidentes e a pessoa que é habilitada tem conhecimento dessa norma da autoridade marítima, que justamente é para evitar acidentes. Então, o motonauta tem a obrigação de utilizar colete permanentemente e saber conduzir a sua moto aquática, sem falar que deve estar afastado aproximadamente 200 metros dos banhistas.

Jornal O Impacto: Como você acabou de afirmar, está sendo muito considerável o nível em que a régua esta analisando 2 metros. Eu queria saber, diante dessa grande diferença com relação ao ano passado, se já foi registrado algum acidente ou algo do tipo?

 Comandante Robson Ferreira: Olha, até o momento nenhum acidente foi registrado, por causa da ouvidoria da Marinha do Brasil. Mais uma vez aproveito essa oportunidade para dizer que cautela é fundamental nesse período. A Marinha recomenda cautela e que em toda embarcação os tripulantes sejam habilitados pela autoridade marítima, bem como estejam com certificados atualizados.

Jornal O Impacto: É muito importante, por diversos fatores esta com certificado atualizado, que também pode até comparar com a nossa CNH?

Comandante Robson Ferreira: Exatamente. Essa comparação é muito simples. Você vai levar o seu veículo para sofrer uma vistoria e verifica-se a condição dele para trafegar e a própria segurança do motorista. Bem como também a embarcação toda vez que for navegar tem que estar com a sua manutenção em dia. Não é só pegar o seu barco e seguir. É importante que o condutor tem que estar com a manutenção da embarcação em dia, deve procurar a Capitania, onde os nossos militares vão na embarcação verificar as condições em prol da segurança da própria pessoa. Isso que é importante e que todos tenham conhecimento. Nossa missão seguimos em três vertentes: Primeiro, a salvaguarda da vida humana; a segunda é prover a segurança da navegação e a terceira é a prevenção da poluição hídrica proveniente de embarcações.

Jornal O Impacto: Se caso alguma pessoa perceber a presença de Jet-Ski circulando a menos de 200 metros dos banhistas, como se deve fazer para denunciar?

Comandante Robson Ferreira: Chamar atenção à pessoa que está trafegando entre os banhistas e também imediatamente entrar em contato com a Capitania pelo telefone 3522-2870. A Capitania possui uma base flutuante 24 horas para atender a população. Esse telefone também está à disposição da população do Oeste do Pará. Para qualquer irregularidade estamos atentos para atender a população, quando se observar um fato desse tipo. Vamos supor, dentro de uma embarcação de passeio a pessoa que observar alguma irregularidade pode chamar atenção do condutor, principalmente pelo perigo que está apresentando à segurança das pessoas, bem como entrar em contato com a Capitania, que possui uma base flutuante em frente à sede do órgão. Essa base é responsável de inspecionar todas as embarcações que entram e saem do Rio Tapajós e também trafegam no Rio Amazonas. Quero agradecer à TV Impacto e Jornal O Impacto, que nos ajudam bastante. Estamos aqui realmente em prol da salvaguarda da vida humana, depois a segurança da navegação, da conscientização. Os conselhos vivos de comunicação, multiplicadores de informação, nos ajudam. Então, vocês também são responsáveis por salvaguarda vidas, divulgando a importância do uso do colete, como a pessoa deve proceder. Eu deixo um recado à população do Oeste do Pará, que contem com a Marinha do Brasil, que contem com a Capitania Fluvial de Santarém. Um ano importante e marcante para nossa Capitania Fluvial de Santarém, que completou 100 anos.

Por: Edmundo Baía Junior

Fonte: RG 15;O Impacto

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