Lideranças do Maicá são a favor da implantação dos portos da Embraps
Segundo a presidente do Conselho de Desenvolvimento da Grande Área do Maicá, apenas uma minoria é contra os portos
Ivanilda Gomes diz que empreendimentos vão gerar desenvolvimento à região
A senhora Ivanilda Gomes, que é presidene do Conselho de Desenvolvimento da Grande Área do Maicá, esteve no estúdio da TV Impacto e na redação do Jornal O Impacto, ocasião em que falou sobre um assunto que está mexendo com a opinião dos santarenos, que é a implantação de grandes empreendimentos nessa área, como os portos da Embraps. |
“Lá na Grande Área do Maicá realmente tem um grupo de pessoas que é contra a vinda dos portos. Algumas pessoas que participam de um grupo, se beneficiaram de algumas situações da empresa e não comunicaram à comunidade, desses benefícios que receberam e de alguma forma a comunidade não gostou dessa atitude. A própria empresa levou isso para a comunidade. A partir desse momento se tornaram contra a vinda dos portos e começaram a fazer movimentos, começaram a juntar as ONGs, os índios, quilombolas, a própria Diocese e fizeram todo movimento para que os portos não fossem aprovados dentro da Grande Área do Maicá”, declarou.
A líder comunitária falou que antes de começar a se especular a implantação dos portos da Embraps foi feito um rigoroso estudo sobre a questão ambiental da região: “Nós participamos desses estudos que foram feitos dentro da Grande Área do Maicá. Aconteceram muitas palestras e seminários que falaram sobre a vinda dos portos, a questão dos impactos ambiental e social. Nós moradores participamos desses estudos, no começo eram feitos dentro das comunidades que estavam a três quilômetros do empreendimento, foram consultadas e os estudos aplicados dentro dessas comunidades. Aconteceu uma ordem da Justiça de que esses estudos tinham de ser feitos dentro das comunidades de um raio de 10 km. Essas comunidades que não foram consultadas e que entraram no Ministério Público, são de quilombolas e indígenas, e a obra foi embargada”.
A FAVOR DA IMPLANTAÇÃO DOS PORTOS: Ivanilda Gomes disse que é a favor da implantação dos portos e fala o porquê: “O principal fator para nós moradores da Grande Área do Maicá é a geração de empregos, pois os bairros dessa área ficam muito afastados da cidade e ali o desenvolvimento não chegou ainda. Nós não temos ruas trafegáveis, não temos clínica, não temos escola de Ensino Médio, que é muito essencial para nós, pois essa área é muito grande e os alunos têm de se deslocar de lá para vir para o centro da cidade para estudar. Não temos supermercados. Então, é uma carência muito grande assim de desenvolvimento, e com a vinda dos portos abre assim uma oportunidade de crescimento para nós que moramos nessa região. Nós sabemos que a implantação dos portos não vai gerar emprego para toda região da Grande Área do Maicá, mas sabemos que após a instalação desses portos outras empresas vão chegar e mais empregos vão surgir. Sabemos que com a aprovação do Plano Diretor, algumas empresas já estão comprando áreas para se instalar e isso com certeza vai gerar empregos”.
PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO: Hoje, o distrito de Miritituba, em Itaituba, é um dos grandes polos do Pará com relação aos portos que foram implantados. Com a implantação dos portos da Embraps, essa Grande Área do Maicá vai se potencializar bastante, trazendo progresso e desenvolvimento, principalmente se for criado o tão sonhado Distrito Industrial em Santarém. Isso pode influenciar na criação do Estado do Tapajós? Perguntamos.
“Com certeza. Nós estamos acreditando muito nos governos de Helder e Bolsonaro para alavancar Santarém e virar capital do Estado do Tapajós. Do jeito que está não tem condições, a cidade está totalmente parada. Eu acredito que para Santarém se tornar capital, temos de apoiar as empresas e os grandes empreendimentos que estão querendo vir, pois com essas barreiras contra, o Município não se desenvolve. Com a chegada desses empreendimentos a cidade vai começar a se desenvolver, vai ser vista de outra forma e futuramente poderá se tornar capital do Estado do Tapajós. Participei recentemente de uma audiência com o prefeito Nélio Aguiar, onde ele falou que a geração de imposto da cidade estava muito baixa, que nós temos de apoiar os empreendimentos na cidade e que ele estava vendo que do jeito que está a qualquer momento ele não conseguiria nem pagar a folha dos servidores municipais. Hoje, a gente vê que ele estava com razão, pois anunciou que o pagamento do mês de dezembro vai ser parcelado. Então, a gente vê que nem para pagamento da folha está sendo possível, porque a receita da cidade está muito baixa. Por isso que nós temos de apoiar esses empreendimentos, para a cidade crescer, gerar imposto e trazer benefício para nossas famílias”, disse Ivanilda Gomes.
Ao ser questionada se existe uma unanimidade hoje dentre os moradores da comunidade do Maicá ou se há pessoas que são contra a implantação dos portos, Ivanilda Gomes respondeu: “Olha, a gente sabe que não é 100% que aprova esse empreendimento. Sempre há algumas pessoas que são contra, que é um público pequeno. Inclusive teve uma manifestação na Prefeitura contra a implantação dos portos que contou com um número muito pequeno de pessoas. Na reunião do Plano Diretor que nós participamos, havia uma multidão de gente que era contra e hoje essas pessoas de dentro da Grande Área do Maicá que eram contra, não se manifestaram mais. Os portos da Embraps são muito bem-vindos para nossa sociedade e para os moradores da Grande Área do Maicá, porque vão abrir uma porta para o nosso desenvolvimento, vão gerar empregos para as pessoas que moram às proximidade do empreendimento. Estamos acompanhando desde o começo e a gente quer que esse empreendimento se instale, mas que as vagas de empregos sejam especificamente para as famílias que moram nessa área”, finalizou Ivanilda Gomes.
PREFEITO SANCIONA LEI QUE ATUALIZA PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO: O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, sancionou na segunda-feira, dia 17, a Lei aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal de Santarém, na semana passada, que atualiza o Plano Diretor do Município.
Essa Lei definiu uma área do Maicá como Zona Portuária 2, adequada para implantação de portos. A sanção dessa Lei dará mais segurança jurídica para empresas que queiram implantar portos privados nessa área, como a Embraps.
A aprovação dessa Lei, por unanimidade, na Câmara Municipal de Santarém, em sessão realizada na semana passada, causou revolta e indignação nos órgãos ambientalistas, que não querem a construção de portos na área do Maicá.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto
Pelo que eu li no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), a quantidade de empregos diretos que esse porto vai gera é pifia: 70 vagas na fase de operação. O relatório não faz uma estimativa da quantidade de possíveis empregos indiretos a serem gerados com o empreendimento. As noticias vindas de Miritituba nesse sentido não são nada animadoras. O que se conta de lá é que os empregos gerados pelos empreendimentos está muito aquém do prometido pelas empresas. Diante disso, pergunta-se, a natureza exuberante do Maicá resistira a instalação de vários portos na área? Tenho minhas dúvidas.