Polícia Civil prende uma das maiores estelionatárias do Pará

A Polícia Civil do Pará prendeu, neste sábado (26), em Castanhal, nordeste paraense, Kelly Cristina da Silva Alves, considerada uma das maiores estelionatárias em atuação no Pará e em outros Estados brasileiros. Ela foi presa junto com o companheiro Henry Rodrigues de Souza, por envolvimento em uma associação criminosa responsável em dar golpes em pessoas idosas nessa cidade. As prisões resultaram de denúncias que culminaram em investigações realizadas por policiais civis da Divisão da Prevenção e Repressão a Crimes Tecnológicos (DPRCT) e do Núcleo de Apoio à Investigação (NAI), de Castanhal, durante a operação denominada “Xeque-Mate”. Os policiais civis prenderam o casal em flagrante por estelionato e por uso de documento falso e ainda cumpriram mandados de prisão existentes contra os acusados.

De acordo com a delegada Vanessa Lee, titular da DPRCT, o golpe ocorria após os acusados se aproximarem de idosos, passando-se, na maioria das vezes, por funcionários de instituições bancárias, das quais as vítimas eram clientes. “Os autores se dirigiam até as residências das vítimas para pegarem os respectivos cartões bancários e, de posse de informações privilegiadas obtidas junto às instituições financeiras, conseguiam realizar diversas compras, transferências e saques com os valores existentes nas contas”, explica a delegada. Pelas investigações, detalha a policial civil, estima-se que o número de vítimas possa passar de 50 pessoas e que o valor movimentado durante o período investigado (cerca de um ano) é superior a R$ 500 mil. Com o dinheiro obtido por meio dos golpes, ressalta a delegada, os presos ostentavam uma vida financeira boa.

Para tanto, eles “lavavam” o dinheiro obtido de forma ilegal em um salão de beleza, localizado em Castanhal, para tentar encobrir a real origem dos ganhos. O companheiro de Kelly é filho de um traficante internacional de drogas, conhecido como “Peruano”, que já foi preso pela Polícia Federal. Ele, assim como o pai, possui forte envolvimento com o tráfico de drogas. Conforme a policial civil, as investigações seguirão para tentar identificar outras pessoas que fazem parte da associação criminosa, que conta com pessoas de fora do Estado do Pará. “Orientamos às pessoas que foram vítimas deles e que os reconheçam a procurarem a DPRCT para a formalização dos procedimentos cabíveis e receberem as orientações”, explica.

GOLPISTA DE LONGA DATA

Paraense, Kelly Cristina da Silva Alves é conhecida pelo histórico de golpes aplicados no Pará e no Brasil afora desde o início da década de 2000. Contra ela, ressalta a delegada Vanessa Lee, existem dezenas de processos judiciais em tramitação no Poder Judiciário, em sua grande maioria, por crime de estelionato. A maioria das vítimas dela são pessoas idosas. Ela já tem diversas passagens pela Polícia Civil e pela Polícia Federal do Pará e em outros Estados brasileiros, como no Rio de Janeiro e no Ceará. Em 2006, ela foi presa, no Pará, em uma operação da Polícia Federal por envolvimento em um esquema de fraudes no INSS. Ela e comparsas utilizavam sem autorização dados de aposentados e pensionistas para obter empréstimos em bancos em nome dos beneficiários da Previdência Social.

As vítimas (pessoas idosas) só percebiam o golpe quando recebiam os contracheques com os descontos dos empréstimos ilegais. Em 2009, ela novamente foi presa pela PF em Belém, também por fraudes contra o sistema previdenciário. Em 2010, Kelly Cristina foi presa, em Belém, durante operação da DPRCT, após anunciar vendas de passagens aéreas em jornais. Ela adquiria bilhetes das passagens com dados de cartões de crédito obtidos por golpes aplicados em pessoas por meio de ligações telefônicas. Na época, pelo menos, 200 pessoas foram enganadas pela acusada que teria causado prejuízo superior a R$ 70 mil. Ela costumava, na ocasião, se passar por funcionária de empresas de cartão de crédito e entrava em contato com as vítimas alegando que a fatura do cartão não havia sido paga. Então, solicitava a confirmação dos dados e os usava nas compras das passagens pela Internet.

Em 2011, ela foi presa junto com um comparsa acusada de clonar cartões para fazer compras de passagens aéreas pela Internet e depois vendê-las a preços abaixo do mercado. Na ocasião, o casal foi preso por policiais civis da DPRCT no Conjunto Cidade Nova 8, em Ananindeua, na Grande Belém. Com eles, um computador do tipo “notebook” e diversos documentos foram apreendidos. Ao ser presa, nessa ocasião, Kelly ofereceu R$ 10 mil aos policiais civis da DPRCT e acabou autuada em flagrante por extorsão. No mesmo ano, ela conseguiu fugir da prisão, após ter simulado estar doente e ser resgatada por criminosos da prisão. Após a fuga, ela viajou ao Rio de Janeiro, onde novamente aplicou golpes, mas foi descoberta pela Polícia Civil carioca. Assim, ela fugiu para o Ceará, onde também aplicou golpes.

No seguinte (2012), ela foi presa pela Polícia Civil cearense, em Fortaleza. Kelly Cristina e um cunhado foram presos por receptação de produtos roubados e também foram processados por estelionato acusados de lesar dezenas de pessoas. As investigações mostraram que ela se passava por funcionária da companhia de energia elétrica do Ceará para fazer telefonemas Para as casas de moradores aos quais alegava que a energia no imóvel seria desligada por falta de pagamento da conta. A acusada chegou a se passar por gerente da companhia para enganar mais pessoas. Para uma vítima, ela alegou que o pagamento por débito no cartão havia sido cancelado, mas que iria enviar à casa da cliente um funcionário do banco para buscar o cartão para que fosse feito o cancelamento do mesmo, sob alegação de que ele estaria clonado. Um falso funcionário do banco, então, apresentava-se na casa da vítima e pagava o cartão do banco e a senha que eram usados em golpes.

No mesmo ano, já em liberdade condicional, Kelly Cristina foi presa novamente pela DPRCT, em Santa Izabel do Pará, nordeste paraense. Dessa vez, ela e um comparsa foram presos após cometer golpes com cartões bancários obtidos por meio de um funcionário dos Correios do Rio de Janeiro que desviava os magnéticos pelo valor de R$ 300 cada um. Com os cartões, ela comprava passagens aéreas e as revendia a outras pessoas. Na casa da acusada, foram apreendidos um revólver calibre 38, cartões de crédito e boletos bancários com valores diversos.

Em 2013, Kelly Cristina foi presa, em Belém, mais uma vez por policiais civis da DPRCT, apontada, dessa vez, como líder de uma associação criminosa responsável por enganar dezenas de pessoas e usar os dados pessoais das vítimas para fazer compras em cartões de crédito, saques e transferências de contas correntes. Na ocasião, a equipe policial apreendeu, com a acusada, equipamentos como tablet, celulares, computador pessoal, notebook e folhas com anotações de dados pessoais e bancários de diversas pessoas. Kelly foi presa junto com quatro pessoas, entre elas, as duas filhas da golpista, as quais, na época, eram adolescentes.

Em 2014, quando estava presa no presídio feminino, em Ananindeua, Kelly foi acusada de chefiar uma quadrilha que aplicou golpes em idosos no Rio de Janeiro. Na época, a filha (de 16 anos) e o namorado da menor foram capturados por policiais civis no Aeroporto do Galeão, no Rio, no momento em que se preparavam para voltar a Belém. Além deles, a cunhada da menor e um homem foram presos. Eles foram acusados também de comprar cartões de crédito desviados ilegalmente. Com eles, foram apreendidos, na ocasião, 14 cartões bancários de diversas instituições financeiras e de diferentes titularidades, e mais de R$ 6 mil em dinheiro.

Fonte: Polícia Civil

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