Paulo Gasolina: “Câmara tem que combater atos imorais e ilegais”

O vereador Paulo Gasolina (DEM),que recentemente assumiu o seu mandato na Câmara Municipal de Santarém, na vaga deixada pelo vereador Henderson Pinto, que assumiu a direção do Centro Regional de Governo, esteve em nossa redação onde concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Osvaldo de Andrade para falar de suas ações na Casa legislativa. Veja a entrevista:

Jornal O Impacto: Você começou os trabalhos reapresentando um projeto, para acabar com a votação secreta na Câmara. Como está sendo a reação dos seus colegas?

Paulo Gasolina: Estamos aqui para trabalhar em prol do município de Santarém. Na realidade, foi um projeto que já tinha feito anteriormente, só que não ficou arquivado e nessa vez agora; umas das primeiras coisas era colocar esse projeto em votação, porque eu acho que a transparência é fundamental, já que você é votado pela população e tem de se explicar à população em quem voltou, porque votou, ou porque deixou de votar. Não se pode ficar calado ou com medo do povo, pois na hora de votar nós precisamos do povo. Eu fiz esse projeto, precisava de dois terço dos vereadores e consegui a assinatura de 14 vereadores para que o projeto passasse, agora vai para a Comissão de Legislação, para verificar a parte jurídica, se está tudo certinho e evidentemente se tornar Lei. É claro que hoje a Câmara de Santarém vai ter privilégio de ter uma das primeiras a ter o voto aberto. Isso já foi tentado no Congresso Nacional, e tenho certeza absoluta que nós vamos sair na frente. Isso me engrandece e eu gosto, porque nós temos uma responsabilidade com o povo de Santarém, nós temos que mostrar o que viemos fazer. Então, o povo tem de saber das ações dos nossos vereadores.

Jornal O Impacto: Depois de conseguir a assinatura de 14 vereadores para apresentação do Projeto, agora sua expectativa é que os outros vereadores o apoiem?

Paulo Gasolina: Vai para a Comissão, mas, na realidade, os 14 são suficientes para aprovar o Projeto, pois são 2/3. Se os outros forem contrários, não vai ter problema. O Projeto já foi enviado para a Comissão.

Jornal O Impacto: Recentemente você assumiu o mandato na Câmara, e nós temos observado, até pelas redes sociais, algumas visitas que você tem feito aos órgãos de saúde,como Hospital Municipal e UPA 24 Horas; bem como, às ações de infraestrutura na cidade. Qual a sua opinião sobre essas visitas?

Paulo Gasolina: Na realidade, o atual governo depende muito das secretarias e, principalmente de recursos. Não é só das emendas parlamentares, de convênios, mas da receita corrente líquida, que é fundamental, pois daqui pra frente não vai ter mais isto. Dificilmente você vai conseguir recursos, emendas de deputados abundantes, como foi conseguido por causa da própria campanha eleitoral. Isso é de muito tempo. Um exemplo, começando pela saúde, que está precisando de um apoio melhor, está precisando de mais médicos, a situação dos enfermeiros, das pessoas, reduziram o tempo de almoço deles, diminuíram inclusive os salários. Nós precisamos de pessoas. Tive denúncias, inclusive, depois de provar ao diretor do hospital de que faltava uma pessoa qualificada lá na frente para receber os pacientes, onde há a necessidade de se fazer a ficha, para mandar logo para o atendimento, porque se atender. Nesse dia que estive lá, presenciei uma situação de uma senhora que teve um aborto espontâneo, não sei se ela provocou o aborto, mas tenho 25 minutos de gravação no WhatsApp e não apareceu uma enfermeira sequer para encaminhar essa senhora lá para dentro. Isso é uma omissão muito grande. Eu mostrei ao diretor esse atendimento, que deve ser mais humanizado, porque quando chega o doente e ele não é atendido, a família se desespera e vai querer quebrar. Até sugeri que coloquem psicólogos para mostrar que o paciente entrou, e lá dentro tirar uma foto de frente para mostrar à família que está tudo bem, que está sendo bem atendido. Outra coisa que ocorreu, é que o médico que está de plantão quando vai atender um paciente, não tem outro substituto. Aconteceu de várias mulheres grávidas saírem de lá para serem atendidas em outros locais para terem seus filhos, porque o médico não pôde atender das 3 horas às 11 horas. Se o médico tiver paciente grave para ser atendida, evidentemente que tem de ter um outro médico para substituí-lo. Não adianta fazer propaganda bonita, pois a realidade da saúde é outra. Nós sabemos que o recurso é difícil, isso reflete em cima do Prefeito, por quê? Porque não está sendo usado direito, faz-se uma propaganda bonita e quando o pessoal chega lá para ser atendido vai olhar de perto a dificuldade no Hospital. Tenho certeza que o atendimento vai melhorar, mas hoje em dia a estrutura do Hospital está a desejar, tem muita coisa caindo. Uma das coisas boas é a parte da comida, alimentação de primeira, mas o paciente quando entra tem de ter um atendimento adequado. É claro que os médicos estão fazendo possível e não estou falando de nenhum médico, pelo contrário, eu estou falando da falta de mais médicos para suprir essa necessidade, caso precise. Isso eu já falei para o diretor quando estive com ele. Inclusive, vou convocar o diretor da OS, depois da Saúde, depois do Hospital Regional, quero conversar com todos para depois juntar e ver o que nós podemos fazer pela saúde do município de Santarém, que até o momento está um caos. O Hospital Regional, apesar da estrutura bonita e bem organizada, precisa de mais leitospara atender as pessoas.

Jornal O Impacto: Vereador, começamos o ano de 2019 com novo governo, na Assembleia, novas mesas no Congresso e no senado. Na Câmara de Santarém não é diferente e também tivemos aí o início de trabalho de uma nova Mesa Diretora. Você sabe que a Câmara Municipal foi duramente atingida e continua sendo com a Operação Perfuga, inclusive com a prisão do ex-vereador Reginaldo Campos. Qual a avaliação que você faz e é possível que a atual Mesa consiga combater esses esquemas de corrupção?

Paulo Gasolina: Na realidade, a Mesa foi composta por uma negociação e todos que compõem a Mesa partem de um processo de escolha do melhor presidente. Eu acredito que hoje o presidente tem de fazer o papel de presidente, fazer uma transparência no trabalho Legislativo. Agora, com relação à Câmara anteriormente, as pessoas que estiveram respondendo na Perfuga, que respondam por si, porque os atos são individuais de cada um. Se tiver atos envolvendo outras pessoas, que respondem também. Agora, o que não pode é você ter de responder e querer ficar ainda no Legislativo. Aí fica difícil, porque a população está cobrando a transparência, não só na Câmera de Santarém, mas no Brasil todo. É fundamental que hoje o Vereador possa trabalhar como determina a lei, com transparência e mostrando à população o que ele está fazendo, e cobrar muito, porque os recursos não dão para atender toda a demanda do município de Santarém que é muito grande. Não tem recurso para tal coisa, mas tem que ter para a necessidade básica. Isso que nós devemos cobrar. Agora, quanto a alguns vereadores que estão respondendo, cabe só a eles.

Jornal O Impacto: Tem um assunto que precisamos abordar, que acontece em todo o País, ou seja, nas Câmaras, Assembleias e Senado; são denúncias de que o parlamentar contrata um assessor e parte do salário que esse assessor recebe é repassada ao seu patrão. Como se faz para combater isso?

Paulo Gasolina: Na realidade, para combater precisa de denúncias das pessoas que estão fazendo isso, que é um ato ilegal. Já que você contrata um funcionário, ele tem que receber como funcionário. Agora, se esse funcionário tiver de procurar outro serviço do dinheiro dele, é problema dele, porém, devolver ao Vereador é totalmente ilegal. Isso não pode! Se tiver essa ação na Câmara, o Ministério Público tem de apurar, se for comprovadotem de ser punido. A partir do momento que uma pessoa, que está respondendo a processo, enquanto não for transitado, julgado e condenado, o funcionário automaticamente não é culpado de nada. Caberia à própria Câmara tomar posicionamento, independente Ministério Público, para que esse ato ilegal e imoral não aconteça.

Jornal O Impacto: Antes de terminar, gostaríamos que você falasse um pouquinho da vida partidária do DEM, partido que o nobre Vereador está à frente em Santarém, sendo que o DEM no Governo federal está bastante forte, onde tem a presidência da Câmara Federal e do Senado, e tem Ministérios no atual governo Bolsonaro.

Paulo Gasolina: Nós estamos agora como presidente Democratas em Santarém. Nós estamos regularizando toda a situação, vamos colocar uma nova sede do Democratas. Isso que você falou é verdade, o pessoal tem que entender que hoje o deputado Hélio Leite é o nosso presidente regional dos Democratas e nós estamos antenados tanto no Congresso quanto no Senado, e também com o ministro Onix, que é ligado diretamente ao presidente Bolsonaro. Na realidade, algumas pessoas que foram indicadas pelo Onix ou pelo Presidente, por sorte, são do Democratas. Não foram negociações com o Democratas, pelo contrário, fazem parte dos Democratas e nós estamos para somar não só em Santarém, como a nível regional e também a nível federal. O Democratas nessa linha cresceu muito, evidentemente que o partido em Santarém tem muita gente para se filiar e que já falaram comigo. A partir do dia 22, quando o nosso presidente estiver aqui para irmos em Juruti, nós já estaremos mais ou menos articulados para criar um novo diretório aqui em Santarém. Ainda é uma comissão provisória, temos 180 dias para isso se encerrar e nós vamos formar um novo diretório, inclusive já com um grupo de jovens que nos procuraram. Nós vamos fazer um Democratas para a população, que é fundamental, um partido onde a população possa participar e ajudar Santarém,bem como o estado do Pará.

Jornal O Impacto: A gente não pode deixar de falar essa questão entre você e o prefeito Nélio, que também pertence ao DEM e que, naturalmente que tem o desejo de se candidatar à reeleição. O senhor na eleição passada estava trabalhando no outro grupo, como está agora o seu relacionamento com Prefeito?

Paulo Gasolina: Na realidade, eu posso dizer que conversei com o prefeito Nélio Aguiar sobre o apoio dele para Helder Barbalho do PMDB. Nós acompanhamos o Democratas, perdemos a eleição, mas isso não atrapalha o nosso relacionamento. O que nós queremos é o benefício para Santarém. Agora, qualquer atitude do Democratas não vai partir de mim e sim do diretório regional. Então, eu quero reforçar o Democratas para ajudar Santarém. Quero dizer que eu não faço parte do grupo do Prefeito, não tenho emprego na Prefeitura, mas estou ajudando. As coisas erradas estou cobrando e mostrando que não é ser oposição só para criticar, é você mostrar qual a solução. Você tem que verificar a situação do que foi votado no orçamento plurianual. É dentro disso que nós temos que nos voltar para fazer os trabalhos, porque é muito fácil ser Vereador e pedir tudo, mas de onde conseguir o dinheiro? Eu quero dizer às pessoas que o Paulo é oposição das coisas erradas, que não vão beneficiar a população de Santarém. Esse é o meu pensamento e é isso que eu vou continuar fazendo.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto