Idosos e deficientes são prejudicados por mudança em rotas de ônibus
A problemática não é nova e afeta negativamente o dia a dia dos moradores dos bairros periféricos de Santarém. A supressão de trechos de itinerários de linhas de ônibus do transporte coletivo municipal, tem complicado a rotina dos mais vulneráveis: os idosos, deficientes físicos e crianças.
Há duas semanas, os usuários da linha Circular Esperança foram pegos de surpresa. “Eu estava no ponto de ônibus, juntamente com outras pessoas, e esperamos por horas, e nada do ônibus passar. Graças a Deus alguém que já estava sabendo, passou na parada e nos disse que o ônibus não estava passando mais naquela rua. Todo mundo perdeu tempo porque não estavam sabendo”, comenta a vendedora autônoma Antônia Passos, que utiliza o transporte coletivo diariamente. Ela reclama da maneira como as alterações são feitas. “Eu entendo que as ruas estão em péssimas condições e realmente dificultam a entrada do veículo em alguns trechos. Acontece que as vias que utilizam como alternativa são muito distantes do itinerário normal”, diz.
No caso da linha Circular Esperança, a qual a vendedora autônoma se refere, passou por mudança drástica. Deixou de passar em trechos de 3 ruas do bairro Jardim Santarém, chegando ao desvio de percurso de quase um quilômetro. Além disso, as vias utilizadas pelos ônibus como rota alternativa, chegam a ficar de 4 a 5 quarteirões de distância das paradas originais.
O percurso que antes era realizado, considerando a saída da avenida Quixadá, no bairro Esperança, entrava pela avenida Hortência, passando pela travessa Onze Horas e acessando à avenida Verbena, no bairro Jardim Santarém, modificou para o seguinte: Segue pela avenida Quixadá até a avenida Magalhães Barata, onde vira à direita e acessa a avenida Bartolomeu de Gusmão. Segue por pelo menos 5 quarteirões, vira novamente à direita para acessar a travessa Margarida, e finalmente retornar a rota original.
Para o feirante João Costa, é possível sim que a empresa de ônibus, responsável pela linha Circular Esperança, utilize vias paralelas mais próximas aos trajetos anteriores, e assim prejudicariam menos os passageiros. “Eles poderiam seguir pela avenida Hortência, até a travessa Margarida, rota que ficaria a poucos metros das paradas de ônibus comumente utilizadas, e que ficam dentro do bairro”. João diz ainda que, a alternativa utilizada pela empresa, privilegiou as vias que tem pavimentação asfáltica, em detrimento do atendimento aos usuários.
A situação vivenciada pelos usuários da linha Circular Esperança, se repete em várias linhas que atendem outros bairros. Na área verde e também nos bairros que integram a grande área do Santarenzinho, por exemplo, estudantes e trabalhadores reclamam da exposição ao perigo, principalmente no período da noite, uma vez que desembarcam em locais distantes de suas residências.
Também é preocupação dos usuários do transporte coletivo municipal, que tais mudanças temporárias nos trechos dos itinerários, se tornem permanente. Como já ocorreu em algumas linhas.
MAIORES DIFICULDADES: Se para uma pessoa adulta que não apresenta problema de locomoção, a mudança de rotas tem afetado a rotina, imagina para as pessoas que apresentam problemas de mobilidade, como os idosos e deficientes físicos.
A dona de casa Elizabeth Santos, que se mudou juntamente com a mãe idosa para uma residência próxima a uma parada de ônibus, o que facilitaria o deslocamento das duas, por exemplo, para ir ao médico, ultimamente amarga uma profunda frustação, pois o local mais próximo onde o ônibus está passando, fica a quase meio quilômetro da sua casa.
Os deficientes físicos é outro público prejudicado. Quem é cadeirante simplesmente tem o direito de ir e vir negado pela falta de plataformas de elevação nos ônibus, o que é uma exigência da legislação, e que sorrateiramente é descumprida pelos operadores do sistema de transporte coletivo público de Santarém. Os que se locomovem com apoio de muletas e outros acessórios reclamam das longas distâncias que as mudanças nas rotas, impõem.
FALTA INFRAESTRUTURA MÍNIMA DAS RUAS: De acordo com os empresários do transporte coletivo, a falta de trafegabilidade das vias compromete a operação integral das linhas. Ao optarem por trajetos de vias que apresentam o mínimo de estrutura, estão priorizando também a segurança dos usuários, afirmam.
De acordo com eles, são inúmeras as ruas que apresentam verdadeiras crateras. “Imagina se ao tentar passar, um ônibus vir a tombar e os passageiros se machucarem”, expõem.
Outro aspecto acrescentado pelos empresários é o alto custo com manutenção da frota, que devido às condições de precariedade das ruas, peças e pneus apresentam desgastes muito mais frequentemente do que o esperado.
Para eles, a conservação das vias públicas por parte da prefeitura de Santarém, é a contrapartida necessária e essencial para que o sistema de transporte coletivo, de modo geral, apresente atendimento adequado aos usuários.