Artigo – Putin: é impossível a Rússia retornar ao socialismo!

Por Oswaldo Vasconcelos Bezerra*

Existe uma estória de quando terminada a União Soviética um repórter americano, dentro de um Mac Donald em Moscow, perguntou a um cidadão russo: qual a diferença entre o capitalismo e o comunismo? O cidadão respondeu: no comunismo havia exploração do homem pelo homem. E no Capitalismo? Perguntou o repórter. O cidadão respondeu: ocorre o inverso.

De fato a revolução russa, de 1917, trouxe benefícios a trabalhadores, não só dentro da Rússia mas em todo o mundo. Por medo de revoluções em seus países, rentistas, banqueiros e oligarcas cederam direitos aos trabalhadores. A Revolução alterou radicalmente o mundo. Graças a essa influência surgiu o modelo social chamado de “capitalismo social democrático”.

Com o fima da União Soviética, a imensa classe média russa foi passando pelo empobrecimento até a miséria. O país declarou moratória de sua dívida, salários de servidores estavam atrasados, a infraestrutura básica estava desabando. Os ativos mais importantes do país pertenciam a “oligarcas” bem relacionados, que comandavam o país como se fosse deles.

Neste cenário surgiu um dos maiores estadistas de nossa época, Vladimir Putin. Putin dobrou os salários das forças armadas. Em 2000, tomou a capital chechena, Grozni, e assumiu o controle de 80% do território. Restaurou assim o prestígio russo. Putin estatizou as empresas de aviação de guerra e inseriu na poderosa Rostec, levando o país a ser o segundo maior exportador de armas. Com a Rostec, criou os mísseis nucleares supersônicos indetectáveis, que deixou o país na frente na corrida tecnológica militar.

Em casa, ele avançou contra os poderosos oligarcas. Em uma ocasião, com transmissão ao vivo, deu uma dura por terem falido uma empresa de cimento e causar desemprego, obrigou os oligarcas a fazerem um acordo para reativação da fábrica. Em 2003, prendeu Mikhail Khodorkovsky, o homem mais rico do país, e desmembrou seu império do petróleo e em parte estatizado.

Putin deu início ao crescimento do PIB do país. O PIB per capita aumentou até alcançar, em 2013, o valor recorde de US$ 16 mil (R$ 52 mil aproximadamente). A proporção de russos que viviam na pobreza passou de 33,5% em 1992, para 13,4% em 2016, segundo o Serviço Federal Russo de Estatísticas.

Recentemente, em uma conferência anual da imprensa, Putin foi perguntado se a Rússia voltaria a ser socialista e assim ele respondeu: “Eu acho que é impossível. A Rússia pode continuar seu desenvolvimento em direção à socialização, aumentando os gastos na esfera social, mas não retornando ao socialismo”.

E ele assinalou que “a mudança profunda pela qual a sociedade passou é tal que a restauração do socialismo (na Rússia) é impossível. Uma distribuição justa de recursos, tratamento justo para as pessoas que vivem na pobreza e o desenvolvimento de uma política estatal que vise reduzir (este índice) a um mínimo”.

Entre os elementos do socialismo que podem e devem ser restabelecidos, o presidente também mencionou o acesso da população a um sistema aceitável de saúde e educação. É precisamente a política que estamos realizando atualmente”, disse Putin, detalhando que “os projetos nacionais são amplamente orientados para isso”.

* É Geólogo pela UFPA e Mestre em “Administração e Política” pela UNICAMP.

RG 15 / O Impacto

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