Artigo – Na guerra do monopólio energético: faça o que mando, não o que faço!

Por Oswaldo Bezerra

A semana se iniciou com a medida do governo, publicada no Diário Oficial da União, elevando para 750 milhões de litros, a cota para produtores de etanol. É uma excelente notícia para os produtores, melhor ainda, isento de imposto. Que pena, esta medida é para produtores americanos. Trump comemorou bastante a medida.

Tamanha submissão mostra a importância dos golpes de Estado e implantação de governos fantoches. Golpes de Estado são apenas uma das estratégias norte americana para a criação do monopólio do mercado energético. EUA criando monopólio? Não são eles que possuem as famosas Leis de Livre Concorrência, no seu mercado interno? É o famoso:  “Faça o que mando, não o que faço”.

A busca americana para estabelecimento de monopólio no mercado energético vem desde Bush, na famosa invasão dos 5 países (produtores). Barack Obama estabeleceu em sua agenda uma ampla base dos setores energéticos. Trump continuou a mesma agenda mas priorizou os combustíveis fósseis.

Donald Trump distrai com piadinhas sobre mudanças climáticas, mas o governo dos EUA, capitaneados por ex-executivos de empresas de petróleo, têm uma agenda agressiva para monopolizar o mercado energético. As ações vão desde legalizar crimes ambientais, invadir países, criar sansões econômicas, promover golpes de estado e incentivar suas empresas.

A produção de petróleo americana atingiu 12,3 milhões de barris por dia e tornou o país o maior produtor do mundo. A política americana agora é fechar as torneiras de todo mundo e inundar o planeta com seu petróleo  e gás. Os EUA se tornaram exportadores de gás líquido e pretendem liderar este mercado. Uma parte importante do boom de energia nos EUA se deve ao fato do uso da tecnologia de fracking (fraturamento hidráulico) que permiti a extração de gás não convencional, o que de outra forma não seria alcançado, operação terrivelmente danosa ao meio ambiente.

Cheney, vice-presidente da G.W. Busch, o mesmo que liderou a invasão americana do Panamá e do Iraque na Operação Tempestade no Deserto, conseguiu aprovar a Lei, em 2005,  que “absolvia” da conformidade ambiental, e favorecendo a empresa da qual ele era diretor executivo, Halliburton, para executar o fraturamento hidráulico.

Esta isenção que foi apelidada de “Halliburton Loophole” indica que as empresas de petróleo e gás são as únicas entidades que podem injetar produtos químicos perigosos diretamente ou próximo ao abastecimento de água subterrânea.

A Rússia está nos calcanhares dos EUA no mercado global de gás. O golpe de estado na Ucrânia teve o interesse de tirar a Rússia do mercado e abrir as portas da Europa para o gás americano. Na busca por outros mercados, também foi realizado estudo para avaliar recursos tecnicamente recuperáveis de gás de xisto em 32 países. Desses países, nove são latino-americanos: Argentina, México, Brasil, Chile, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Uruguai e Venezuela, em ordem decrescente (cuidado América Latina!).

Segundo a Agência Internacional de Energia, as grandes empresas de petróleo estão aumentando cada vez mais seu perfil na área de gás de xisto. As gigantes Halliburton, Chevron e Conoco Phillips, por exemplo, têm contratos de exploração e exploração em vários países, inclusive na América Latina.

Na Argentina e no Chile, a Conoco Phillips possui contratos de exploração. A empresa estatal chilena ENAP assinou um acordo com a Conoco Phillips para explorar e potencialmente produzir gás de xisto na região de Magallanes. Na Argentina, as empresas Total, Exxon, Shell e Vista Oil and Gas, Statoil e Petronas, têm associações e participações em desenvolvimentos junto às operadoras locais.

A Conoco Phillps, empresa dedicada ao gás de xisto, realiza atividades extrativas com tecnologia de fraturamento hidráulico em 2.100 poços nos EUA. Exige carta branca para contaminar. Em seu relatório anual de 2018, reclamou que “em certos lugares, os governos impuseram restrições às operações”. No ano de 2019, a Conoco Phillips fez um ‘investimento’ em lobby de 2,5 milhões de dólares, na área de gás e petróleo só nas instâncias norte-americanas.

A rejeição ao fraturamento hidráulico cresce pelo mundo como na Colômbia, México, Chile e Reino Unido, por exemplo. Protestos no Reino Unido pelos perigos dessa tecnologia foram ouvidos na em Manchester. Os mapuches denunciaram perseguição na Argentina e no Chile por se oporem ao “fraturamento”, enquanto o presidente mexicano López Obrador descartou o uso dessa tecnologia em seu país. Segundo o Parlamento Europeu, o problema está na grande quantidade de água necessária para operação, na contaminação das águas subterrâneas, nos seus possíveis efeitos sísmicos e no risco de vazamentos.

Desastres com petroleiras americanas na América Latina não é novidade. ATexaco-Chevron causou o ‘Chernobyl da Amazônia’. A empresa petrolífera Texaco foi acusada por habitantes da Amazônia do Equador de contaminar seu território.

Tillerson foi outro homem forte do governo Trump, é um ex-diretor da ExxonMobil. Esta empresa afirmou, publicamente, que está disposta a apoiar a Guiana nas despesas judiciais resultantes de uma eventual guerra jurídica com a Venezuela. A Venezuela e a Guiana mantêm uma disputa sobre o Esequibo, território reivindicado pela Venezuela desde 1834.

Os EUA sugerem processar a Argentina pela expropriação da YPF no país. Como conseqüência, o Estado seria considerado “culpado” e obrigado a pagar para empresas de petróleo americanas quantias bilionárias, que seriam usadas para o desenvolvimento local. Dessa forma, o interesse das empresas transnacionais têm precedência sobre o interesse social.

O Secretário de Estado, Mike Pompeo, durante sua participação na CeraWeek2019, se gabou ao dizer: “Não estamos apenas exportando energia dos EUA, mas estamos exportando nosso sistema de valor comercial”. Sua paixão pelo setor não é coincidência, pois o Secretário de Estado, e ex- diretor da CIA, foi presidente da Sentry International, empresa de serviços para campos de petróleo.

O guru da energia Daniel Yergin afirmou: “Estados Unidos com gás de xisto, ficará na frente de países como Rússia, Arábia Saudita, OPEP e Não Opec”. A geoestratégica dos Estados Unidos usará todos os meios para fortalecer seu potencial global e agora com outra ferramenta: o fraturamento hidráulico.

Qual o motivo deste apetite pelo mercado energético? Até 2040, a população mundial atingirá 9 bilhões de pessoas e a demanda por energia aumentará 25%. Como isso nos afeta? Na América Latina existem grandes reservas de gás de xisto haverá ‘alívio’ das regulamentações ambientais para preparar o caminho para o fraturamento hidráulico. Eles já estão fazendo isso na América Latina? Segundo o jornalista Raúl Zibechi, autor do livro “Descolonizar el pensamiento crítico”, as grandes petroleiras americanas estão por trás  da “luta contra corrupção no Brasil”. Para o bom entendedor…

RG 15 / O Impacto

 

2 comentários em “Artigo – Na guerra do monopólio energético: faça o que mando, não o que faço!

  • 6 de setembro de 2019 em 18:06
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    KKKKK, então a luta contra os corruptos brasileiros, a ação enérgica e contundente contra as ratazanas ensaboadas do PT e aliados, levada a cabo pela operação Lava Jato, seria uma armação das petroleiras americanas? Certamente o Moro é um agente da CIA, querendo manter na cadeia o inocento Lula, pois com certeza ele iria querer faturar seus 30 % de todo o gás a ser retirado do subsolo brasileiro, mediante o “fraturamento hidráulico” ! KKKKKK, Sr Articulista, tenha respeito pela nossa inteligência, afinal são poucos os que ainda leem o jornaleco Voz Operária, acreditando na cantilena comunista de colocar a culpa de nosso atraso no capitalismo , enquanto afanavam bilhões da Petrobras, Correios, Fies, Eletrobras,BNDES, etc, apontando o dedo, e desviando a atenção, para os gringos americanos e europeus !

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  • 6 de setembro de 2019 em 17:21
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    O que seria dos comunistas se não existissem os USA ? No mínimo o mundo seria perfeito, pois os chineses são mui amigos, embora com ideologia comunista e voraz fome capitalista; os russos, ainda com resquícios autoritários e imperialistas, também mui amigos, pois não ambicionam e nem ambicionariam nada dos vizinhos, né Ucrânia? Cuba, Venezuela, Coreia do Norte,etc, seriam paraísos sobre a Terra, pois estariam livres de bloqueios americanos para poderem desenvolver todo seu potencial econômico e social, dentro do “infalível” planejamento estatal marxista( mais de 100 anos de “sucessos” !), ninguém iria querer fugir dos paraísos! Quanto ao potencial do gás amazônico no Brasil, nem seria usado, afinal viria tudo de graça da China e da Rússia, na esteira da “solidariedade socialista mundial”. Que maravilha a utopia ! Pena que o capitalismo surgiu muito antes, e triunfou!

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