Artigo – Tchau! Querida classe média

Por Oswaldo Bezerra

Caso o gasto com programas sociais fosse um índice de socialismo, o Brasil, em termos de gastos em relação ao PIB (15%), seria o terceiro maior país socialista das Américas. Só perderia para Cuba com 28% do PIB e EUA com 20% do PIB. Apesar de estarmos longe de países nórdicos e França (com quase 30% do PIB), mas é graças a esse gasto social é que hoje não sofremos uma convulsão social. Contudo, o subemprego que os bancos internacionais estão nos impondo pode nos levar ao caos social.

Os 0,1% de todos os trabalhadores brasileiros (74 mil) estão ganhando R$ 100.000 ou mais por mês, a maioria desses empregos com altos salários concentra-se em São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro. Para grande parte dos trabalhadores e do resto do país, esses são tempos muito desafiadores, pois o custo de vida aumenta, mas seus salários não. A renda mediana no Brasil, no ano passado, foi de R$ 2.300. Mas isso não quer dizer que metade dos trabalhadores faturaram mais de R$ 2.300. Segundo o IBGE, a metade da população brasileira ganha menos (15%) que um salário mínimo.

É claro que ninguém pode sustentar um estilo de vida de classe média, para uma família de quatro pessoas, com R$ 2.300 por mês, antes dos impostos. Na maioria das famílias, mais de uma pessoa está trabalhando nos dias de hoje. De fato, em muitas famílias hoje em dia, mais de uma pessoa está trabalhando em vários empregos, numa tentativa desesperada de sobreviver, e isso ainda não é o bastante. Mas é verdade também que o subemprego grassa no Brasil.

Segundo o DIEESE, o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 4.200. Quem recebe mais do que R$ 4.200 por mês já está entre os 10% mais ricos do Brasil. Isso é quase sete vezes mais do que a média do rendimento real de metade da população. Então, 90% dos brasileiros estão na categoria “mal conseguindo sobreviver”.

Esses números nos ajudam a entender por que pesquisas mostram que a maioria dos brasileiros sobrevive de salário em salário. Depois de pagar as contas, não resta muito dinheiro para a maioria guardar. E para um número crescente de brasileiros, até pagar as contas se tornou extremamente difícil. De fato, um novo relatório do SPC Brasil mostra que, 9 em cada 10 brasileiros, não tem dinheiro suficiente para pagar as contas de início de ano. O mesmo órgão relatou que 70% dos trabalhadores brasileiros fechou 2018 com o nome sujo.

Os consumidores de baixa renda estão lutando para sobreviver, apesar de termos o maior PIB da América Latina. A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) informou que 62 milhões de trabalhadores não ganham dinheiro suficiente para cobrir suas despesas. Isso significa que 70% do país está sem dinheiro e lutando apenas para sobreviver financeiramente. Caso ocorra a provável recessão mundial, ou o ciclo de emprego continuar estagnado, significará que o brasileiro médio, com dívidas intransponíveis, provavelmente deixará de lado os pagamentos do serviço da dívida.

É claro, aqueles que estão no topo da pirâmide econômica, geralmente, não têm muita simpatia por aqueles que estão sofrendo. Muitos deles têm a ideia de que aqueles que estão lutando deveriam, simplesmente, se tornar um funcionário público ou pegar um dos “bons empregos” que a grande mídia está divulgando sempre, ou montar um negócio e trabalhar.

Infelizmente, no Brasil está proliferando o subemprego. Temer, quando era presidente, comemorou certa vez a criação de 11 mil postos de trabalhos no Brasil. Posteriormente, verificou que estes postos de trabalho eram nada mais que pessoas vendendo comida nas ruas. Além disso, a maioria dos empregos no Brasil não são “bons empregos”.

Hoje, o nível de pobreza para uma família de quatro pessoas no Brasil é, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, quem vive com uma renda de até 140 reais por mês. Cá para nós, isso não é pobreza, é miséria absoluta. Cerca de 30% dos trabalhadores do Brasil (28 milhões) sobrevivem assim. A má notícia é que a reforma da previdência deverá criar, em menos de uma década, mais uma legião de idosos falidos.

Iniciar um negócio é sempre uma opção, mas isso exige dinheiro e, graças às regulamentações governamentais, é muito difícil administrar uma pequena empresa, com sucesso. E como o dinheiro está sumindo do mercado e concentrando nos bancos, o único negócio rentável hoje parece ser o de produzir placas de “aluga-se” para as lojas fechadas. Até o agronegócio teve redução de 0,5% de sua atividade, e vai piorar. Quem diria, as fazendas leiteiras estão reduzindo e muito.

Os youtubers e o poder judiciário que, tomaram o controle do governo, tornaram quase impossível ganhar a vida. Isso levou a grande porcentagem de brasileiros a se tornar quase escravos de um banco internacional com preferência da UBER. Casos de novos empregos tipo UBER está proliferando no país. Esta “uberização” do emprego está acabando com a classe média do país. São dezenas de milhões brasileiros desabando da classe média. Pior, as condições econômicas, em breve, ficarão mais difíceis, devido à recessão econômica global que está por vir.

Você apenas tem que continuar acreditando. Há esperança que esta geração de youtubers, que se elegeu para o governo, entenda o que está acontecendo. O poder judiciário que provocou uma mudança de regime, por motivo de aumento dos próprios salários, também precisa entender que o nacionalismo e a proteção do emprego dos outros é a melhor arma para os tempos difíceis que estão por vir.

O Chile e o Equador de hoje podem ser o Brasil amanhã. Assim como no Chile, no Brasil o 1% mais rico da população detém mais de 25% da renda. O que nos diferencia é que investimos muito mais em programas sociais e as aposentadorias do Brasil, hoje, ainda cobrem as despesas dos nossos idosos, depois da reforma não. A cada real investido em programas sociais aumenta a arrecadação do governo em 1,23 real, segundo o INPE. Ou continuamos a favorecer a classe trabalhadora e o emprego, ou veremos surgir uma guerra civil entre ricos e pobres que explodirá o país do samba.

RG 15 / O Impacto

2 comentários em “Artigo – Tchau! Querida classe média

  • 27 de outubro de 2019 em 09:46
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    Nossa, se a situação econômica dos brasileiros não está fácil, imaginem então como estão os cubanos e os venezuelanos, com salário mínimo em torno de R$60,00 e ainda tendo que comprar no câmbio negro, porque a cota mensal de arroz, feijão, carne, é insuficiente. Deus nos livre !!!!!

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  • 26 de outubro de 2019 em 21:49
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    O que lascou o Brasil foram as políticas irresponsáveis e sem planejamentos de governos demagogos, seriedade zero, preocupados apenas em garantir votos nas próximas eleições, fazendo demagogia com as classes mais desfavorecidas, mas nunca preparando algo sólido no futuro, como emprego, renda, não esmolas.Com os despudorados salários dos políticos, e da justiça, em que cada ministro do STF tem mais de 200 servidores ao seu dispor e deputados/senadores que recebem mais de 150 mil por mês, não há economia que aguente! As estatais foram usadas como fontes de falcatruas para roubalheiras e cabides de emprego de companheiros de ParTido, sendo o BNDES o campeão em desvio de dinheiro público, com rombo de mais de 715 bilhões, sobrou até pra enviar para governos comunistas, que nunca devolverão o “empréstimo”. Quem lasca o Brasil não são os bancos internacionais, que emprestam dinheiro também para outros países, que usam a grana seriamente e são de 1º mundo, como o Japão e a Alemanha, que terminaram miseráveis na II Guerra Mundial e hoje são potências econômicas. Culpar o capitalismo pelos fracassos do comunismo é ridículo! Tchau e boa noite classe média, que continua trabalhando, estudando e pagando seus impostos; os demagogos vermelhos devem ser combatidos sempre, pois o sonho deles é arrastar todos pra fome, miséria, perseguições, enquanto depositam grana no exterior, né Maduro ! Abram os olhos chilenos, argentinos, peruanos, etc !!!

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