Opinião – Sejamos resistência na ditadura dos padrões de beleza | Por Isabelle Maciel*
O que é ser uma mulher bonita para você? Provavelmente após ler essa pergunta vieram várias mulheres “capas de revistas” em sua cabeça, mas duvido muito que tenha pensado em você mesma. Infelizmente isso é comum entre nós, quando pensamos em beleza feminina nos vem à mente aquela mulher padrão que está sempre em evidência nas mídias, nunca nos enxergamos como tal.
Aquele cabelo perfeitamente longo e liso, aquela barriga completamente sarada, aquelas pernas extremamente torneadas, aquele bumbum na nuca, aquela pele sem nenhuma marca, e por aí vão as qualidades de uma “mulher bonita” na nossa sociedade. E a gente aqui, do outro lado olhando para os nossos corpos e pensando “ok, eu preciso mudar muita coisa por aqui para um dia ser daquele jeito ali”, e não tem para onde fugir, se ligar a tv, se abrir a revista, se entrar na internet eles sempre estarão lá: os padrões de beleza.
E quando você tenta fugir deles, você os encontra na vida real através de comentários, ou melhor, de julgamentos desnecessário como: você tá gordinha demais, você tá magra demais, deveria alisar esse cabelo, não deveria ter cortado o cabelo, cuida mais dessa pele. E todos os outros que você já ouviu ao longo dessa vida, que te deixam extremamente para baixo e querendo mudar tudo em você, e aquelas que possuem condições financeiras para tais mudanças vão procurar fazer, as que não têm buscam juntar dinheiro para mudar algo, e quando não conseguem continuam vivendo sem se aceitarem.
De acordo com dados da Isaps, 86,2% das cirurgias plásticas no mundo são realizadas por mulheres, aumento de seios continua sendo a cirurgia plástica mais realizada (15,8%) entre os 2,5 milhões de procedimentos por ano, seguidos da lipoaspiração (14%) e da cirurgia de pálpebra (12,9%). Esses são alguns dados para sabermos que muitas de nós não estão satisfeitas com seus corpos, e que se podem, vão mudar isso, não é à toa que o nosso país é o segundo onde mais se realizam cirurgias plásticas, só perde para o Estados Unidos. Você já quis ou quer algum dia mudar algo em você? Por que? Você quer realmente isso ou pessoas, propagandas e publicações te fizerem querer?
Eu sei que é difícil viver numa sociedade onde a cada dia você tem um padrão novo para alcançar e está entre as mais belas, afinal eu não faço parte desses padrões e assumo que existem dias que quero mudar muita coisa no meu corpo. Você olha para uma mana e quer ter o cabelo igual o dela, a barriga igual da outra, a pele igual daquela na capa da revista, quer o nariz idêntico da menina que postou uma foto no instagram… Mas e quando você vai olhar para você e se querer? E se aceitar? E ver que não é questão de seguir padrões e sim de se libertar deles e se aceitar.
Tudo certo se você não se sente bem com algo no seu corpo, e se mudar vai te fazer bem, então muda. O que nós não podemos é deixar imposições nos mudarem, somos livres para nossas escolhas, então vamos escolher a nós mesmas. Aceite suas estrias, aceite suas gordurinhas, aceite sua magreza, aceite seus dentes tortos, aceite seu nariz grande, aceite seu cabelo natural, aceite suas olheiras, aceite você e que se danem os padrões.
* Jornalista
RG 15 / O Impacto
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