Artigo – O tiro no próprio pé do Jornalismo
Por Oswaldo Bezerra
Foi uma revolução o que a empresa Cambridge Analytica fez em termos de campanha eleitoral. Eles conseguem obter dados nas redes sociais de uma nação inteira. Através de profissionais da psicologia e de software de inteligência artificial, determina o perfil de cada pessoa, e passam a bombardear a rede social destas pessoas com mensagens que agradem os seus egos.
Em tempos de fake news, ferramentas de mídias digitais, whatsapp, facebook e twitter devem ser esclarescidos aos nossos amigos, familiares, grupos que participamos que não é para compartilhar informações dúbias. Tenho famíliares que tenho sempre que enviar provas que as notícias que eles compartilharam são notícias falsas. Isso se faz através dos sites como “Lupa” e “É Boato”, por exemplo. Eles nunca se preocupam de verificar a veracidade antes de compartilhar. O pensamento crítico anda em falta nos dias de hoje.
Às vezes desconhecem a gravidade de compartilhar informações não verdadeiras. O intuito da fake news é de enganar o leitor; como uma tomada acidental de partido que leva a uma mentira; com algum objetivo escondido do público, motivado por interesses; com a propagação acidental de fatos enganosos; ou com a intenção de fazer piada e gerar humor.
Hoje a imprensa profissional, principalmente no Brasil, sofre com a violência e até mesmo com o descrédito da população, por conta de fake news. Existem pessoas que preferem acreditar na notícia que lhe agrade, do que na verdadeira, mas que vai contra a sua vontade. O resgate da credibilidade da imprensa profissional se complica a medida que este problema teve como raiz a própria imprensa profissional. Deixaram de informar fatos para analisá-los segundo um ponto de vista de orientações ideológica ou alinhamento financeiro.
O presidente da National Urban League, e ex-prefeito de Nova Orleans Marc Morial apareceu na CNN, onde sugeriu que os distúrbios em Minneapolis, agora no seu quarto dia, foram provocados por agentes russos e “supremacistas brancos”. Morial não foi o primeiro especialista liberal a sugerir a intromissão de Moscou, e não as ações do policial que assassinou Derek Chauvin, que desencadeou os distúrbios.
Outros órgãos de imprensa “apoiadores do Russiagate” inundaram as mídias sociais com conspirações do Kremlin, quando manifestantes na cidade de Minnesota saquearam lojas e incendiaram delegacias. Acusações de intromissão externa também vieram de altos funcionários de Minnesota. O governador Tim Walz acusou supremacistas brancos e cartéis de drogas de inflamarem a violência, enquanto o prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, o prefeito de St. Paul Melvin Carter e o procurador-geral de Minnesota Keith Ellison sugeriram o envolvimento de forças externas nos distúrbios.
Cada um desses funcionários foi criticado por permitir que a violência prosperasse nos últimos dias. O prefeito Jacob Frey, em particular, foi alvo do presidente Trump por seu aparente fracasso em “resistir e lutar”, depois que a sua força policial abandonou duas estações no mesmo dia para incendiários.
A imprensa profissional nos EUA está dividida entre democratas e republicanos. A imprensa democrata, como a CNN, sempre culpa a Rússia por tudo. Já a imprensa republicana, como a Fox, por exemplo, sempre culpará a China. A imprensa profissional não atribui os problemas as suas verdadeiras causas internas nos EUA. A imprensa partidária destrói a si mesma.
De que vale a imprensa profissional tentar demonstrar que é o verdadeiro veículo de comunicação informativa, e combater a comunicação (fake news) puramente propagandística deturpadora. Atira no seu próprio pé com comportamento parcial. Pior, ela se rebaixa a mesma esteira dos sites compartilhadores de fake news, que hoje a Justiça tanto tenta extirpar da sociedade.
RG 15 / O Impacto