Empresários cobram que linhas de crédito cheguem efetivamente às MPEs

A retomada da economia passa, necessariamente, por uma maior oferta de linhas de crédito para as Micros e Pequenas Empresas (MPEs), com juros baixos, prazos ampliados e carência para o início do pagamento. Mais do que ofertar, é fundamental que os recursos cheguem efetivamente aos empreendedores.

A dificuldade de acesso ao crédito pelas MPEs foi apresentada pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) ao presidente da Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP), Nelson de Souza, e a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, durante reunião.

William Paneque, vice-presidente da Facesp, afirmou na reunião on-line que o dinheiro não chega na ponta por falta de informação dos empreendedores de como solicitar o recurso, e também pela burocracia.

“Esta liberação de crédito não pode demorar porque as empresas foram obrigadas a fechar, mas as contas continuam chegando. Nossa crise não é de investimento, mas de liquidez, e somente o poder público, com os bancos de desenvolvimento, pode nos ajudar”, destacou o vice-presidente.

Ele lembrou que a Facesp colocou a rede de Associações Comerciais à disposição do governo estadual para ajudar na operacionalização da oferta de crédito às MPEs, que são responsáveis pela grande maioria dos empregos.

Vice-presidente executivo da Facesp, Ary Russo, alertou sobre a necessidade de uma atenção maior aos empreendedores do Interior.

“A maior parte das linhas de crédito são para bens de consumo, mas o que precisamos neste momento é de dinheiro para manter os negócios abertos, ou seja, para capital de giro”, frisou.

“Nossa rede conta com cerca de 300 mil MPEs e a quantidade de empréstimos liberados pelos bancos públicos, neste período de crise, representa uma quantidade irrisória. O dinheiro que é anunciado não está chegando a quem precisa dele para manter as portas abertas”, criticou Russo.

DESENVOLVE SP

Nelson de Souza destacou que a Desenvolve SP, em dois meses, durante o período de pandemia, fez um volume maior de empréstimos do que nos 11 anos de existência do órgão.

Entre abril e maio foram aportados para a Agência R$ 650 milhões, do Governo Estadual; R$ 334 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); e R$ 110 milhões, do Fundo Geral de Turismo (Fungetur), ligada ao Ministério do Turismo.

Segundo Souza, as linhas de crédito foram ofertadas com flexibilização de garantias, redução de juros e aumento do prazo.

Em 2020, a Desenvolve SP recebeu 40.117 propostas, com um valor pleiteado de R$ 22 bilhões. No entanto, apenas 7.956 propostas foram pré-qualificadas e estão em andamento, envolvendo o valor de R$ 4,7 bilhões.

NOVOS APORTES

Com o volume de solicitações de crédito, a Desenvolve SP já solicitou novos aportes para empréstimos: R$ 1 bilhão do governo estadual; R$ 1,5 bilhão, do BNDES; R$ 1 bilhão, do Fungetur; e mais R$ 200 milhões, do fundo garantidor.

Souza revelou, ainda, que o órgão planeja buscar captações internacionais no International Finance Corporation (IFC), membro do Banco Mundial, e também do New Development Bank, ligado aos BRICS. Serão solicitados R$ 3,5 bilhões.

“Estamos desenvolvendo um programa de recuperação fiscal dos municípios, por meio da monetização de ativos, o que vai melhorar o cenário da oferta de crédito”, disse Souza.

Fonte: Diário do Comércio

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