Artigo – O milagre econômico da Coreia do Sul, uma história não tão bela assim

Por Oswaldo Bezerra

Hoje a Coreia do Sul é conhecida pelas suas bandas de KPOP, seus seriados e, sobretudo por um modelo de desenvolvimento econômico exitoso. Foi nas décadas de 60 e 70, do século passado, que ocorreu seu grande crescimento econômico. O país saiu de uma das nações mais pobres do mundo para 11ª. Economia mundial.

A transformação ocorreu devido ao poder de liberdade de direcionar sua política para industrialização do país com objetivo de exportação. Nem sempre foi assim. A Coreia sempre teve seu domínio disputado por outras nações. A guerra entre China e Japão, no final do século retrasado, culminou no tratado que garantiria independência para o império coreano, por pouco tempo.

O país tinha uma pequena, mas poderosa elite que até escravos possuíam. No ano 1919, a União Soviética passou a ter relações comerciais intensas com a Coreia. O regime comunista daquela nação, onde prevalecia uma igualdade de classes, incomodou a elite econômica da Coreia. Por isso, esta elite fez um acordo com o Japão tornando seu país uma colônia japonesa.

Na luta por sua independência, o povo coreano fez uma grande manifestação, em 1919, com mais de 2 milhões de pessoas. A passeata foi atacada pelo exército japonês que prendeu 90 mil e matou mais de 7 mil coreanos.

Os dissidentes políticos fugiram para Xangai na China. Eles criaram um governo provisório da República Democrática da Coreia obtendo reconhecimento da China, França e União Soviética.

Em 1939, começou a segunda guerra mundial. Os coreanos foram obrigados a lutar pelo exército do Japão. Suas mulheres foram obrigadas a trabalhar como prostitutas para os soldados do império japonês. Este último fato muito contestado pelos japoneses hoje.

Com o fim da guerra e derrota do Japão, houve um momento de alegria para o povo coreano. Eles esperavam que os EUA finalmente libertassem o país do Japão, dando independência a Coreia. Infelizmente, os EUA mantiveram a Coreia sobre jugo japonês.

A União Soviética teve permissão dos EUA para ocupar a metade norte do país. Após soviéticos saírem do país a guerra estourou. O armistício, de 1953, entre Coreia do Norte e EUA criou as fronteiras entre as duas Coreias.

Até os anos 60, do século passado, a Coreia do Sul foi um dos países mais pobres do mundo. A renda per capita sul-coreana era menor inclusive que da sua vizinha do norte. Já no início desta década houve um impressionante crescimento econômico.

No microscópio da história, se observa que também houve, na Coreia do Sul, uma repressão trabalhista muito intensa. Foi um dos regimes mais autoritários da Ásia. A corrupção e o conchavo político andaram de mãos dadas no desenvolvimento do país.

O lado obscuro do desenvolvimento sul-coreano é representado pela Samsung. Esta empresa pediu desculpas, recentemente, pelos subornos e evasão de impostos, que lhe deram vantagem competitiva no mercado. A presidente do país foi presa por receber propina da empresa. O dono da Samgung foi condenado a prisão também. Não passou nem um dia atrás das grades. Ele penas pediu desculpas.

Lee Jay-ong, de cabeça baixa, durante uma conferência de imprensa pediu desculpas aos trabalhadores e afirmou que a política de “não aos sindicatos” teria fim. Essa foi uma das razões para a da Samsung crescer tanto.

Esta atitude ocorreu após milhares de trabalhadores irem às ruas e pedirem punição pela corrupção entre o governo e a empresa. O pai da presidenta coreana, o ditador Park Chung-hee já tinha laços corruptos com o fundador da Sansung Lee Byung-Chul.

DE 1945 até 1960, o Banco Mundial aponta que a República Coreia do Sul não emprestou nenhum centavo a bancos. Tão pouco recebeu investimento estrangeiro. Com que capital então se desenvolveu a Coria do Sul?

O dinheiro veio em forma de doação dos EUA em uma valor em torno de 3 trilhões de dólares. Qual o objetivo desta doação por parte dos EUA? O objetivo foi mostrar ao mundo que capitalismo era melhor que comunismo. Com o dinheiro doado, um país com um protecionismo elevado, com favores fiscais do governo, uma repressão trabalhista violenta a indústria coreana prosperou.

O golpe militar de 1971, por Park Jun-Hee, estabeleceu uma ditadura que orientou uma política de industrialização para a exportação. Esta época foi conhecida como milagre no rio Ham. Foi a intervenção máxima do Estado na economia, além disso, o governo converteu todo o sistema financeiro privado em estatal.

O ditador sul-coreano sabia que, para tirar o país da pobreza, precisaria da ajuda de grandes conglomerados industriais. Park não seguiu os conselhos do Banco Mundial, e a cada década impulsionou um grupo de indústria.

O Estado favoreceu enormemente os “Chaebols”, que são grandes conglomerados industriais privados, escolhidos por Park para desenvolver o país. Quem eram as Chaebols? Era a Sansung, a Hyundai, a LG, a Kia entre outros que receberam doações de capital e isenção fiscal.

Não satisfeitos com os aportes de dinheiro estatal grátis, e isenções fiscais, as Chaebols também exigiram do governo o baixo custo de produção através de recortes nos ganhos dos trabalhadores. Para evitar a compra de suas companhias, por empresas estrangeiras, foi estabelecida a garantia patriarcal primogênito de domínio da empresa.

O arrocho sobre trabalhadores proporcionou que um trabalhador sul-coreano ganhasse 10% que um alemão, e 50% menos que um trabalhador mexicano. Além disso, eram as mais extensas horas trabalhadas do mundo. O massacre das classes trabalhadoras provocou uma revolta que culminou no assassinato do ditador Park Jun-Hee.

Muitos consideram que este assassinato foi um ataque de “falsa bandeira”. Na época as indústrias sul-coreanas estavam afetando as norte-americanas por sua qualidade melhor e seus preços mais reduzidos, ganhavam o mercado norte-americano. Por frear a indústria coreana, os EUA criaram embargos ao país e os obrigaram a seguir as indicações do Banco Mundial e do FMI.

Na Coreia do Sul há hoje as gigantes jornadas de estudo (16 horas por dia), que converteu o país no número 1 nos rankings de ensino. Esta jornada de estudo serve para o teste de seleção da Universidade Coreana SKY. Entrar nela é uma garantia de acesso em uma Chaebols e seus altos salários.

Quem falha em entrar nesta Universidade condena seu futuro a uma vida de miséria. A Coreia do Sul tem uma das maiores taxas de suicídios do mundo tanto de jovens que falham no teste da SKY como de idosos, que lá, não possuem previdência.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – O milagre econômico da Coreia do Sul, uma história não tão bela assim

  • 11 de agosto de 2020 em 23:38
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    Se o PIB da Coreia do Sul é 50 vezes maior que o da Coreia comunista, com alto padrão de vida de seus habitantes, isso deve-se ao liberalismo da economia de mercado que adotou, além de investir muito na educação do povo. Não ficou acreditando no falso milagre do marxismo, onde o estado é dono de todos e de tudo, o caminho mais rápido para a miséria e o desalento, pois é castrada a mola propulsora do ser humano, a ambição ! Agora só resta aos desiludidos norte coreanos ficar olhando pra exuberante irmã, com seus trens de alta velocidade, supermercados abarrotados de gêneros alimentícios, bem vestidos, podendo comprar automóveis importados e ainda sair em viagens pelo mundo. Tudo sem ter que prestar contas aos guardas-espiões do quarteirão e nem ficar fingindo chorar, quando passa o funeral do ditador !

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