Alberto: “Negociação entre entidades e Poder Público foi crucial na manutenção do emprego no comércio”
Representando cerca de 50% da Economia do nosso município, o Comércio foi um dos setores que mais foi atingido por consequência das medidas de enfrentamento à covid-19, por outro lado, também foi o setor onde houve o menor número de demissões. Como parte do esforço de manter o emprego e tentar reverter os impactos da crise, as entidades de classe fizeram inúmeras negociações com a gestão Municipal. Para falar mais sobre essa dinâmica imposta pelo estado de calamidade do qual passa o Brasil, o âncora da TV Impacto, o jornalista Osvaldo de Andrade, conversou com o Presidente do Sindicato do Comércio Lojista de Santarém, o empresário Alberto Batista de Oliveira.
Jornal O Impacto: A pandemia atrapalhou a vida de todo mundo e na questão do comércio tivemos alterações, inclusive com lockdown, redução de horário e jornadas de trabalho, sempre na tentativa de manter o emprego. A questão está praticamente normalizada se não total mais pelo menos 99% no que diz respeito ao horário de funcionamento do Comércio, mas o Sindlojas negociou para que em alguns feriados, o comércio também funcione; como fica essa questão?
Alberto Batista: Agradeço a oportunidade de mais uma vez voltar ao jornal O Impacto, e poder usar esse canal de comunicação para esclarecer à população a realidade do comércio local e da nossa economia, afinal de contas, o comércio responde por mais de 50% da economia do município de Santarém e durante a pandemia, no período de lockdown, foi a atividade que mais sofreu, porque tivemos o lockdown num período que ficou praticamente 14 dias com o comércio totalmente fechado e depois houve uma reabertura em horário reduzido e finalmente voltamos à normalidade, claro, ainda com todos os protocolos de segurança, todas as lojas usando proteção individual para seus funcionários e também dando condições para que os clientes possam acessar aos seus estabelecimentos com segurança.
Jornal O Impacto: Como se deu a negociação do Sindicato junto à Prefeitura para abertura nos feriados?
Alberto Batista: Desde o início, quando tivemos o horário reduzido e o comércio fechado, estabelecemos um canal de comunicação com a Prefeitura Municipal de Santarém, para que pudéssemos compensar todo este prejuízo que o comércio sofreu no período em que ficou em horário reduzido e no período que precisou fechar em razão da pandemia. Nós compensarmos essa perda através do funcionamento em horários alternativos, ou seja, em feriados, excluindo de fato alguns feriados que não vamos abrir de maneira alguma, e eu posso citar que são: 1º de maio, Festa de Nossa Senhora da Conceição em 08 de dezembro, 25 de dezembro, e 1º de janeiro. Então, nessas datas o comércio vai permanecer fechado, mas n estamos em tratativas e conversando direto com a PMS e o prefeito tem sido muito sensível neste sentido de ver que realmente precisamos manter empregos, precisamos que a economia continue funcionando. O comércio de Santarém foi um dos poucos que menos demitiram nesse período, justamente porque estamos acreditando que a gente vai poder se recuperar, com a volta das atividades normais, e também abrindo nos feriados.
Jornal O Impacto: Com relação à perda de empregos, existe algum número, aproximadamente, de quantos empregos foram perdidos e de quantos já foram retomados?
Alberto Batista: O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) não tem esses dados disponibilizados ainda, a última informação que tivemos é de abril, então, são dados que precisam ser consolidados agora em maio, junho e julho. Se pegássemos a crise de 2016, quando houve 2.700 postos de trabalho que foram negativados em Santarém, certamente, este ano e nesta pandemia vai ser menor no comércio, estou falando especificamente do comércio, em razão exatamente dessas negociações que a gente tem conseguido fazer com o Poder Público Municipal e também o Sindicato dos Empregados no sentido de manter os empregos , então, tão logo saírem esses dados vamos ter a garantia que os empregos estão sendo preservados por causa das ações que as entidades de classe, os empresários e setor público têm feito com o intuito de diminuir o impacto desta pandemia.
Osvaldo: Apesar da manutenção de empregos no comércio local, observamos o fechamento de vários estabelecimentos e de diferentes segmentos, como agora estamos observando a reabertura de alguns novos empreendimentos.
Alberto Batista: Existe uma rotatividade no comércio de Santarém que independe dessa situação de crise, normalmente empresas se fecham, se abrem. Então, todas as empresas que fecharam em 2015 e 2016 por conta da crise foram substituídas por novos empreendimentos, novos empresários vieram e abriram lojas nestes lugares que foram fechados, e agora , vamos observar o mesmo fenômeno; vários empresários não conseguiram resistir a esta crise principalmente pelo acesso ao crédito que lhes foi negado, apesar do Governo Federal ter criado uma linha de crédito específica para o pequeno empresário, dentro dessa linha de crédito, o governo não otimizou a facilitação para que aqueles empresários que já vinham com alguma dificuldade pudesse ter acesso ao crédito, então, quem tinha seu nome negativado no sistema de proteção ao crédito não conseguiu chegar até esse dinheiro, por isso, não deu para salvar o seu negócio, mas certamente esse lugares vão ser preenchidos com novos empreendimentos, pois Santarém é uma terra de empreendedores.
Jornal O Impacto: Parece que estamos vivendo a taxa de juros menor da história, chegando perto dos 2% da Selic; até que ponto isso atinge também o próprio consumidor em relação à queda de preços?
Alberto Batista: Para o consumidor existe sim uma facilidade em razão da taxa de juros estar menor, isso abre uma possibilidade de crédito maior, agora o problema é para o lojista, para o empresário que tinha contratado antes da Selic estar com o índice que está hoje, então, quem fechou negócio há dois, três anos e paga uma taxa de 6%, 7% ou 12% ao ano, está tendo dificuldade no banco em renegociar essa dívida. Se você considerar a queda de 2% hoje, ele está pagando de 100% a 200% a mais do que se ele fosse tomar esse empréstimo hoje, e os bancos estão resistentes em fazer essa negociação, aliás a razão pela qual temos procurado a Federação do Comércio, procurado a própria CNC é para que intermedie junto à Federação dos Bancos, para que haja facilidade de renegociação, inclusive protocolamos também na Câmara Federal um pedido para que a própria Câmara possa intermediar ou criar um Projeto de Lei onde haja essa possibilidade de renegociar e principalmente nos bancos públicos, o próprio Banco da Amazônia, Banco do Brasil, eles não estão renegociando essas dívidas com as taxas considerando o índice atual do INPC, normalmente é a taxa Selic, normalmente eles quando fazem renegociação, é com a mesma taxa que foi trabalhada lá atrás que era 100%, 200% maior do que está sendo praticada hoje.
Jornal O Impacto: A proposta de Reforma Tributária encaminhada pelo Governo; o senhor acredita que isso vai beneficiar o empresariado?
Alberto Batista: O sistema tributário brasileiro é perverso, gastamos muito tempo, muitas horas de trabalho apenas para administrar essa questão de tributos e impostos, sem dúvidas, carece de uma reforma tributária, carece de que haja a possibilidade de que o Custo Brasil saia da folha de pagamento, saia de quem produz e passe para quem tem maior renda, entretanto, com relação a esse pacote de medidas que o Ministro Paulo Guedes enviou ao Congresso Nacional, seria ideal que se montasse o pacote todo, porque quando você manda fatiado, como ele está fazendo, você não pode compreender o que virá depois, o que foi apresentado até agora aumenta o tributo para o setor de Serviços, aliás, é um dos que mais geram emprego neste país, especificamente em Santarém, onde se vai de 3,85% para 12%, então, você tem um aumento violento na carga tributária e isso vai ser mais perverso para nossa economia, principalmente naquelas cidades que vivem de Turismo e da prestação de serviços.
Jornal O Impacto: Foi dito que governo irá desonerar a folha, para compensar ?
Alberto Batista: Mas para isso ele precisa apresentar a proposta, a forma como está, você só sabe que vai pagar mais. É preciso que a proposta venha como um todo, e não fatiado. Precisamos analisar e ver de fato aquilo que vai ser benéfico, o que vai contribuir para o desenvolvimento da economia, pagar mais tributos, já estamos cansados disso, fartos disso e aí você tem a proposta de se recriar a CPMF, que é mais um imposto para a população pagar e isso termina incidindo no preço final de cada produto.
Jornal O Impacto: Voltando à nossa questão inicial, que é o funcionamento do comércio; hoje o comércio está funcionando normalmente, a pretensão é funcionar aos feriados, com exceção dos quatro feriados já citados?
Alberto Batista: Agora neste dia 15 de agosto, conseguimos negociar com a PMS e vamos abrir normalmente, é um sábado, com expediente das 8h às 18h. Como o Comércio está abrindo normalmente, a proposta é que a gente consiga manter a economia funcionando. ão podemos ceder, não podemos nos iludir achando que essa pandemia não nos afetou e ela vai afetar ainda mais, causando desemprego e estamos preocupados em continuar com as lojas abertas, com o comércio funcionando para manter empregos e voltarmos a crescer. De queda já tivemos aí em 2014 e 2015 e agora durante a pandemia precisamos retomar o crescimento, pois a cada ano, milhares de jovens entram no mercado de trabalho e precisa-se que haja espaço para que eles sejam absorvido. Então neste sábado o comércio vai funcionar normalmente e todas as lojas estarão abertas para esperar a população, todos aqueles que quiserem ir vão encontrar o comércio aberto e funcionando normalmente e fazer suas compras com tranquilidade. Sempre que há um feriado estendido, também acionamos a Polícia Militar, que envia mais contingente para dar segurança àqueles que transitam no centro comercial de Santarém.
Por Rafael Duarte
RG 15 / O Impacto