Artigo – “The Walking Dead” da vida real: as empresas zumbis estão chegando
Por Oswaldo Bezerra
O alarmante número crescente de empresas chamadas zumbis, definidas como empresas que são incapazes de cobrir dívidas, custos de manutenção de lucros atuais durante um período prolongado, tem atraído atenção crescente. As empresas zumbis pesam na economia porque são menos produtivos e porque sua presença diminui o investimento nos empregos de empresas mais produtivas.
O grande causador disso é o Federal Reserve (FED, banco central norte-americano particular) que faz todos os esforços para fortalecer os mercados de crédito Isso provoca que o Estado corporativo esteja se empanturrando de dívidas (no final cai no colo do povo). Desde a empresa Carnival, Marriot, Delta à Avis, cotaram bilhões de dólares em títulos e empréstimos nas últimas semanas.
Não importa que os lucros tenham sido eliminados e que suas operações comerciais sejam inviáveis. Contando que sejam apoiados pelo FED, os investidores estão dispostos a emprestar.
À medida que a expectativa de uma recuperação econômica em curto prazo desvaneça, os veteranos da indústria estão começando a expressar preocupação com a dinâmica da dívida. Alguns alertam que o FED está colocando os mercados de crédito em curso para uma onda de inadimplência.
Outros veem um resultado ainda mais terrível. Nesse cenário, as empresas moribundas simplesmente continuarão tomando empréstimos. Observadores do mercado temem que o tsunami de empresas zumbis traga terríveis consequências para trabalhadores até investidores.
O FED e o governo estão interferindo no processo de destruição econômica natural. Como resultado, a permanência deste processo começará a pesar no potencial de crescimento da economia e na produtividade.
Dada a extensão do colapso econômico e o aumento sem precedentes no desemprego que o acompanhou, a maioria dos analistas diz que o governo teve de lançar todas as cartas que pudessem para resolver o problema. Uma intervenção tão dramática traz riscos que cobrarão seu preço no futuro.
As empresas correm para vender novos títulos depois que o FED sinalizou o apoio. É precisamente essa intervenção que está encorajando, os gestores de dinheiro, a se arriscarem mais e buscar retornos mais gordos.
Muitos passaram a comprar títulos corporativos com grau de investimento, em vez de títulos do Tesouro. O motivo é que o FED protegeu o mercado. Caso os spreads (diferenças do preço de compra e venda de ações ou títulos) aumentarem, o FED certamente intervém. Esse é o nascedouro que está levando à proliferação de empresas zumbis.
A definição real do que torna uma empresa um zumbi varia dependendo de quem você pergunta. A maioria afirma que são as empresas que não podem cobrir seus custos de serviço da dívida com os lucros atuais. Um instantâneo do mercado revela que não faltam empresas que se enquadrem nessa descrição.
A emissão líquida de dívida corporativa disparou e pode chegar a US$ 1 trilhão este ano, de acordo com a Bloomberg. Claro, todas as empresas comunicam solidez de seu balanço patrimonial e a continuidade das reservas de clientes para o ano 2021. A grande questão para investidores e economistas é por quanto tempo o FED estará disposto a apoiar as empresas, por meio de sua promessa de comprar dívida corporativa se a recuperação for mais lenta do que o esperado.
Além de emprestar dinheiro, os credores estão abrindo mão ou afrouxando as cobranças sobre as dívidas existentes, permitindo que a empresa, que viu sua receita sumir, não crie um abalo financeiro. Em meio às renúncias, os credores estão obtendo taxas de juros mais altas ou outras concessões.
A Norwegian, a AMC e a Avis pagaram rendimentos de dois dígitos para tomar empréstimos. Isso diminuirá suas capacidades de fazer despesas de capital justamente no momento que precisam se adaptar às mudanças nos gastos dos consumidores.
Alguns dizem que, por mais bem-sucedido que o FED tenha aumentado a liquidez, o suporte é apenas temporário e resultará em uma onda angustiante quando acabar. Haverá uma abundância de inadimplência de dívidas e falências quando os tomadores de empréstimos corporativos começarem a ficar sem dinheiro.
Outros veem a intervenção do banco central mantendo as empresas vivas por mais tempo, eliminando investimentos e empregos em empresas saudáveis, semelhante ao que ocorreu durante a “década perdida do Japão” (década de 1990), onde o termo “empresa zumbi” foi criado.
A grande questão é a capacidade de ação econômica que será reduzida, que é preocupante para os EUA e EU. Por outro lado, países asiáticos, especialmente a China, com economias menos sobrecarregadas atrairão mais capitais. Portanto fica a pergunta, haverá outra crise que virá por causa dessa má alocação de capital?
RG 15 / O Impacto