Artigo – O Brasil pode ser o grande beneficiado da Rota da Seda na América Latina
Por Oswaldo Bezerra
Como membros do BRICS, China e Brasil precisam aprofundar a cooperação para aperfeiçoar as oportunidades que compartilham e enfrentar desafios comuns. Cabe aos dois países elevar a cooperação China-América Latina a um nível maior.
A cooperação entre a China e a América Latina tem se aprofundado por meio da “Rota da Seda” proposta pela China, que é uma abordagem em cinco frentes: coordenação de políticas, conectividade de infraestrutura, comércio desimpedido, integração financeira e aprimoramento de laços entre pessoas.
Assim, a China e a América Latina podem expandir mais a cooperação por meio deste mecanismo para ajudar o mundo a conter a pandemia COVID-19 e reiniciar a economia global, levando ao desenvolvimento econômico normal e sustentável.
Os países latino-americanos percebem a importância da “Rota da Seda” não apenas no desenvolvimento doméstico, mas também regional e global. O espírito do projeto é a cooperação no estilo ganho mútuo, pois visam beneficiar todos os participantes.
Em particular, o projeto ganhou elogios generalizados porque contribui para o crescimento econômico dos países em desenvolvimento, especialmente na construção de infraestrutura. Quem mais vai ganhar com isso é o Brasil, devido aos projetos bilionários no campo de Transporte e Energia, além de outros ativos de logísticos.
Dentre os 24 países latino-americanos com relações diplomáticas com a China, 19 já assinaram memorandos de cooperação no âmbito da “Rota da Seda”. Outros cinco países, incluindo o Brasil, a Argentina e a Colômbia, estão ainda em negociações sobre o projeto.
Chile e Panamá também estão tentando conectar os projetos da “Rota da Seda”, incluindo Rota da Seda Digital, Rota da Seda Verde e Rota da Seda Inovativa, ao seu mecanismo do planejamento nacional.
O aumento do investimento chinês na América Latina é a grande notícia para os projetos de energia e transporte, entre outros. Além disso, a comunicação política melhorou a cooperação China-América Latina em novas áreas, como comércio eletrônico e serviços, e os dois lados estão passando por uma mudança estrutural no comércio, especialmente nos níveis mais elevados da cadeia de valor.
Para a China, a América Latina está desempenhando um papel fundamental nas cadeias industriais e de abastecimento. Dados da alfândega chinesa mostram que as importações de alimentos e materiais da América Latina aumentaram durante o primeiro trimestre deste ano, quando a China estava lutando contra a pior fase da nova epidemia de coronavírus. Essas importações ajudaram a estabilizar o abastecimento de alimentos da China.
E para a América Latina, a China é uma grande fonte de renda estável. A pandemia causou uma queda acentuada nas exportações da América Latina para a União Europeia e os Estados Unidos, que tradicionalmente têm sido nossos principais parceiros comerciais, enquanto suas exportações para a China permaneceram estáveis, ou aumentando ligeiramente. Na verdade, as exportações de soja do Brasil para a China atingiram um recorde histórico em abril e maio.
A pandemia, ironicamente, fez com que a China e a América Latina percebessem a crescente importância uma para a outra, dados os riscos crescentes para a globalização. Os dois lados também perceberam que, a “Rota da Seda” inclusiva, os ajudarão a manter um desenvolvimento estável e sustentável.
A expansão da cooperação na era pós-pandemia é do interesse mútuo. Com a economia global enfrentando oportunidades e desafios, a política de desenvolvimento multidimensional do projeto pode ser usada para expandir ainda mais o comércio e como trocas economia entre às duas regiões. Por exemplo, uma Rota da Seda da Saúde e uma Rota da Seda Digital podem ajudar a desenvolver os setores que foram benéficos para as pessoas durante uma pandemia, incluindo alimentos, produtos farmacêuticos e aplicativos móveis e videogames.
A Iniciativa Rota da Seda também pode ajudar os dois lados a fortalecer sua comunicação e coordenação de políticas, com fim de lidar com os riscos de curto prazo em um momento no qual a pandemia deu origem a uma situação global sem precedentes. Por exemplo, o mecanismo pode ajudar a atualizar e expandir a cooperação China-América Latina e evitar riscos sistêmicos.
Além disso, se a China e a América Latina aprofundarem ainda mais a cooperação sob a estrutura em mercados de terceiros, e entre governos e capital social, o efeito de saída permitirá que os dois lados ganhem com mais partes.
A participação do presidente Xi Jinping nas próximas reuniões do BRICS e da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, e na cúpula do G20, deve impulsionar ainda mais a cooperação China-América Latina. Infelizmente, na última reunião do BRICS, o presidente Jair Bolsonaro em seu discurso contra a vacina na China provocou um distanciamento com o país asiático, inclusive dizendo que coopera com países europeus por “vacinas seguras”.
O Mandatário chinês retrucou o presidente brasileiro. Estas diferenças estão afastando Brasil e China. O Brasil, que tem a China como seu maior parceiro comercial, pode estar perdendo uma boa chance de pegar carona neste enorme crescimento que a China está tendo e que logo a colocará como a maior potência mundial.
RG 15 / O Impacto