Artigo – Mas será o Benedito?
Por Oswaldo Bezerra
O Brasil é um país racista? O racismo contra os negros é estrutural? Nosso país só aboliu a escravidão por causa dos navios de guerra ingleses, que nos ameaçaram após a Lei Aberdeen. Esta Lei, aprovada pelo parlamento britânico, dava direito aos navios de guerra ingleses capturar navios negreiros brasileiros.
A escravidão terminou, mas o racismo perdurou após a abolição. Um exemplo disso foi a repressão cultural da população negra atestada pelos registros de fontes históricas, documentais, mais antigas sobre o Carimbó. São justamente as leis proibitivas presentes nos Códigos de posturas da câmara municipal da capital paraense.
A primeira foi a Lei n° 1.208, de 5 de maio de 1880, do “Código de Posturas de Belém” (Coleção de Leis da Província do Grão-Pará, Tomo XLII, Parte I). Estas Leis foram atualizadas e proibiram o Carimbó por ser coisa de negro até a metade do século XX.
A repressão contra os negros e suas manifestações culturais também se refletiram na historiografia. Muitos heróis negros foram apagados de nossa história. Passamos a cultuar heróis errados o que fez emergir, e tomar forma contundente em 2018, a ética errada. O Brasil precisa de heróis mais verdadeiros e melhores para que possamos nos refletir neles.
Encontrar heróis brasileiros mais valorosos e reais é possível lendo o livro “Rastros de Resistência” de Alê Santos. O Livro nas suas primeiras páginas já nos indica que fará um resgate de nossos heróis. O embasamento do resgate é feito com a ferramenta da psicologia. O imaginário das pessoas delimita o que nós somos. Resgatar a nossa história nos faz resgatar a nós mesmos.
Como a historiografia brasileira esteve nas mãos das elites, e com a “curadoria” do período militar, negar fatos históricos se tornou uma tradição brasileira. Só em 2011 veio a Lei de inserção da cultura afro-brasileira, e em 2013 a inserção da cultura indígena. Então propagar a história afro-brasileira e indígena é algo recente no Brasil. Mesmo assim entre a Lei e a execução há uma demora. O atual governo paralisou esta execução.
A história do seu país é a sua própria história, caro leitor. Quando a história muda, consequentemente, sua história muda também. Esse é o grande presente que o Livro de Alê Santos traz para você.
É o Livro de História que, infelizmente, nem eu, nem você leitor pôde ler nas aulas da escola. Não pudemos conhecer, por exemplo, a história de Benedito Caravelas. Ele também era conhecido como Benedito Meia-Légua, por causa de suas longas caminhadas, sempre acompanhado com uma imagem de São Benedito.
A missão de vida de Benedito foi invadir fazendas, quebrar senzalas para libertar pessoas escravizadas. Benedito foi preso e dado como morto, mas seu corpo sumiu. Daí em diante, diferentes grupos atacavam fazendas, simultaneamente, e todos liderados por um homem vestido da mesma maneira que o Benedito Meia-Légua.
Os fazendeiros começaram a achar que Benedito poderia estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Começaram a achar que ele tinha se tornado imortal. Ele havia sido tão surrado que pensaram que estava morto, e o jogaram em uma igreja de São Benedito. Depois do corpo sumido, passaram a achar que o Santo o tinha ressuscitado e o deixado imortal.
A estratégia militar de se dividir em vários grupos, sempre com o líder se vestindo como Benedito, fez com que surgisse uma expressão muito usada no Brasil: “Mas será o Benedito?”. A expressão resume a vida deste líder quilombola e sua estratégia militar para confundir os fazendeiros. Benedito precisou ser um gênio da estratégia militar para poder sobreviver.
Essa história muda o seu conceito. Afinal de contas mudará sua história também. Você deve ter aprendido na escola que o herói, estrategista militar, foi alguém que sufocou uma revolta popular, que provavelmente era legítima. Você passa a perceber que houve um herói estrategista militar, que viveu 80 anos, lutando contra a escravidão e a morte em sua volta.
Nos 20 capítulos de “Rastro de Resistência” você conhecerá histórias importantes e impressionantes, que nunca fizeram parte das suas aulas na escola. Além de Benedito, você conhecerá outros como, por exemplo, a princesa guerreira angolana Zacimba.
A princesa que não se deixou escravizar por muito tempo. Logo quando foi escravizada envenenou o Barão José Trancoso, que a escravizara. Em seguida libertou seu povo que estava na fazenda. Ela fundou o primeiro quilombo do Espírito Santo.
Zacimba fundou uma tropa de guerreiros que durante a noite ataca os navios negreiros. A princesa guerreia teve muitas vitórias até morrer lutando. A vida desta mulher escravizada foi dura, triste, mas um bonito exemplo de dignidade e coragem.
Todas as histórias do livro são um mapa em direção a um tesouro, que nos foi usurpado logo após a colonização. Muitas histórias nos foram roubadas, elas ainda podem ser resgatadas, afinal de contas é um direito seu!
Maravilhoso poder conhecer nossa história verdadeira.
Pronto, já que Zumbi também tinha escravos negros, algo já muito comum nas guerras entre tribos africanas, assim como nas lutas entre povos brancos, em que o vencedor escravizava o vencido, agora a esquerda conflituosa cria outros personagens pseudo heróicos, uma vez que nunca ouvimos falar deles ! Doravante teremos que aguentar o nhenhenhém sobre Benedito Meia légua e Zacimba, haja conversa mole, o vitimismo marxista, preparem-se !!!
Prove….
Minha opinião esse tipo racisno esta gravado na memoria dos negros, poucos conseguem se libertar de fato, outros, na grande maiproa usa como desculpa.