Ao contrário do Brasil, EUA prolonga “Auxilio Emergencial”, mas vozes se levantam aqui e lá sobre a baixa remuneração
Por Oswaldo Bezerra
Hoje ao vivo pela TV, Joe Biden, o presidente eleito dos EUA tomou a vacina contra o coronavírus. A vacinação em massa começou na América, mas todos sabem que as dificuldades continuarão por lá. Por isso, os líderes do Congresso norte-americano anunciaram um acordo sobre um novo projeto de estímulo de US$ 900 bilhões que aumentará os auxílios emergenciais com cheques de 600 dólares para algumas famílias.
Os líderes democratas comemorarem o fato como uma grande vitória. Prometem que esse tipo de ação terá aprovação “muito mais fácil” em um novo Congresso sob o comando de Joe Biden. Argumentos não são tão verídicos assim.
Na verdade, os democratas perderam foi uma rara oportunidade de vencer em uma proposta extremamente popular para sobrevivência das pessoas, mas eles escolheram perder. Os cheques de US$ 600 não são uma grande vitória, e nem mesmo o mínimo que deveria ser considerado aceitável durante um colapso econômico pontuado por fome em massa e aumento da pobreza.
Os cheques são considerados magros em comparação ao projeto de Lei que dará mais benefícios fiscais a executivos e isenções fiscais para empresas. Para comparação, apenas três anos atrás, os republicanos aprovaram um corte de impostos de US$ 1,5 trilhão que favoreceu o 1% mais rico das famílias americanas. Desta vez, uma coalizão bipartidária para uma tábua de salvação muito maior para os americanos foi desperdiçada.
Vozes já se levantaram para dizer que 600 dólares não são suficientes. Pouca ajuda ao povo e total ajuda as empresas de Wall Street são a marca dos governos tanto democrata quanto republicanos nos EUA.
No Brasil, que é um país que tão cedo não verá uma vacinação em massa, contra o coronavírus, a extensão do “Auxílio Emergencial” está fora de questão. O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), descartou a renovação do auxílio emergencial, pois o governo não vai prorrogar o “orçamento de guerra”.
O auxílio emergencial ou renda básica emergencial tem impactos positivos não apenas para quem recebe, ele ajuda na economia de uma forma geral. Além do impacto no consumo, na produção, na arrecadação de impostos existe também impacto na questão do emprego. Estima-se que a retirada do “Auxílio” no Brasil derrubará o PIB em 9%.
O fim do “Auxílio” trará mais dor e sofrimento financeiro ao país. Haverá redução de receita tributária muito pior para estados e municípios, muitos deles endividados e sem poder contar com os instrumentos que o governo federal possui. Por exemplo, a possibilidade de emitir moeda. Os ricos também ganham com o “Auxílio”, mas no Brasil já é um tabu aventar a possibilidade de renda básica emergencial, ou políticas de transferência de renda por parte das elites.
Eis que surge uma voz desafiadora no Brasil reclamando de rendimentos. Veio do judiciário, mas a reclamação não é do pouco valor, ou do fim do “Auxílio Emergencial”. Foi um procurador de Minas Gerais que afirmou, em reunião da sua classe, sobre o salário deles. Disse ele: “Um salário baixo, sobretudo para quem tem filhos. Como o cara vai viver com 24 mil reais?”.
RG 15 / O Impacto