FEBRABAN e IFC se unem para incentivar finanças sustentáveis
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e a International Finance Corporation (IFC), membro do grupo Banco Mundial, vão trabalhar conjuntamente para acelerar o incentivo às finanças sustentáveis e o aumento do alinhamento do setor bancário com os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris. Esses são alguns dos pilares do memorando de entendimento assinado pelas duas entidades para o desenvolvimento de um Programa de Finanças Sustentáveis.
A parceria prevê ainda a disseminação de boas práticas de gestão dos riscos climáticos nas carteiras dos bancos, além de atividades de capacitação e promoção de novos negócios nas áreas de eficiência energética, agricultura sustentável, energia solar distribuída, construções sustentáveis e mobilidade, entre outras.
Estudo da IFC aponta que, para cumprir os compromissos assumidos pelos países de combate às mudanças climáticas, os negócios verdes movimentarão mais de US$ 23 trilhões globalmente até 2030. Na América Latina, estima-se que o volume será de US$ 2,6 trilhões, com base em um estudo com as quatro economias principais da região (Argentina, Brasil, Colômbia e México). Os setores mais importantes serão os transportes, edifícios sustentáveis, energias renováveis e eficiência energética. No Brasil, os investimentos estimados são de US$ 1,3 trilhão até 2030.
A FEBRABAN integra a Sustainable Banking Network (SBN) e tem liderado a implementação na região de medidas voluntarias e compulsórias para promover a sustentabilidade no setor. SBN é uma comunidade voluntária composta por reguladores e associações bancárias de países emergentes interessados em promover as melhores práticas internacionais em finanças sustentáveis, de acordo com suas particularidades, interesses e prioridades nacionais. O Brasil está no estágio ‘Implementação Avançada’ da Matriz de Progresso Global da SBN, sendo precedido somente pela China e Indonésia.
A colaboração entre as duas entidades prevê ainda a elaboração conjunta de pesquisas e implementação de projetos com potencial de alto impacto e replicabilidade no mercado brasileiro. Estes projetos terão foco no avanço das finanças sustentáveis e na harmonização das práticas dos bancos com tendências internacionais, como aquelas referentes às metodologias de taxonomia verde.
O ecossistema das finanças verdes também será fortalecido pela promoção de eventos, seminários e apresentações sobre o tema em fóruns internos e externos. Os próximos passos da parceria envolvem a criação de um plano de trabalho, com detalhamento das ações e cronograma de atividades.
Green Banking Academy
No relatório Finanças Verdes na América Latina, publicado em 2017, a IFC analisou o estado das finanças verdes no setor bancário e apontou que a falta de conhecimento e da consciência do mercado está entre as principais barreiras para promover e impulsionar as finanças sustentáveis. Para responder a esses desafios, a IFC lançou, na Reunião Anual da FELABAN em 2018, o programa Green Banking Academy, uma iniciativa que visa acelerar a transformação para a economia verde, fortalecer esse negócio nos bancos e contribuir para um mundo mais sustentável. Nesse programa, a IFC apoia entidades financeiras a desenvolver, entre outras coisas, sua visão de economia verde, estratégia de médio e longo prazo e seus produtos e serviços verdes, para fortalecer seus compromissos de luta contra a mudança climática.
A equipe trabalha com acadêmicos locais e internacionais para oferecer conhecimento e formação que apoiem a transformação para um sistema financeiro alinhado com a economia verde. O programa atende os diferentes níveis e perfis de funcionários de uma instituição financeira, desde o mais alto nível estratégico até níveis de implementação.
Agenda de sustentabilidade dos bancos
O acordo se soma aos esforços que o setor bancário brasileiro vem desenvolvendo nos últimos anos para sustentabilidade. Em dezembro passado, o Conselho de Autorregulação da Febraban aprovou a revisão dos compromissos de autorregulação voltados à gestão dos riscos socioambientais nas instituições financeiras.
A atualização incorporou temas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança, na sigla em inglês) relevantes para a atuação dos bancos, a partir da evolução da agenda de sustentabilidade desde a data da publicação do Normativo, em 2014. Um dos destaques é o novo requisito para gerenciamento e reporte dos riscos e oportunidades das mudanças climáticas nos negócios das instituições.
Há mais de cinco anos, a Febraban já desenvolve um trabalho para mensurar os saldos dos financiamentos por atividades econômicas. A metodologia foi revisada em 2020 e implementadas três camadas de caracterização de análise dos fluxos de crédito, aqueles da Economia Verde, os que têm Exposição ao Risco Ambiental e os com maior Exposição às Mudanças Climáticas. Outros projetos, publicações e iniciativas da Febraban em sustentabilidade podem ser encontrados em: https://portal.febraban.org.br/pagina/3059/37/pt-br/responsabilidade-socioambiental.
Fonte: Febraban