Artigo – O que não te contaram sobre o Japão

A Netflix andou criando versões da história. Foi por causa da pressão do pentágono. Um exemplo foi o documentário “Capacetes Brancos”. O documentário mostra um “grupo de socorristas” ajudando a população civil na Síria. Foram desmascarados com a descoberta de que eles eram membros do Estado Islâmico que simulavam ataques químicos. Tudo com orientação da CIA para justificar o bombardeamento da Síria pelos EUA e União Europeia.

Quando não pressionado pela política, a Netflix consegue fazer excelentes documentários. Recentemente lançou “A Guerra dos Samurais”. Documentário onde um grupo de historiadores conta a incrível história da unificação do Japão, por um simples agricultor que se tornou o maior dos generais, Toyotomi Hideyoshi.

A cultura de guerra contínua japonesa, demonstrado no documentário, criou o desejo do país do sol nascente em conquistar a Coreia e a China. Esse desejo de conquista atribuiu aos japoneses a se tornarem um povo odiado pelo resto dos asiáticos na época.

Hoje o Japão é visto por todos como um país pacífico, tecnológico, sem riquezas naturais, mas uma potência econômica. O Japão foi um país quebrado após a Segunda Guerra Mundial. Perdeu mais de 40% de suas riquezas e a metade de sua indústria. Daí surge uma pergunta. Como eles se tornaram uma potência econômica, já que países com riquezas naturais não conseguiram?

Então, o Japão parece um exemplo a ser seguido. Seria um país modelo de como sair da pobreza e se desenvolver. Não é bem assim. Existem muitos dados impactantes sobre o Japão que não são contados.

Desde os anos 90 o Japão é o país que mais se endividou no mundo. Possui uma dívida de 238% do seu PIB. É o país com maior PIB, depois dos EUA e China. Na outra lista, a negra, o Japão está em primeiro lugar superando Zimbabue, Antígua e Barbuda.

Mesmo assim, o Japão se mostra como um país ideal onde todos gostariam de viver. Possui excelentes meios de transporte, um baixo nível de criminalidade, organização e ordem. É de se destacar a reforma agrária e educacional do pós-guerra que ajudaram o Japão a se re-erguer.

O milagre japonês ocorreu entre 1945 e 1991. O crescimento médio neste período foi de 7% ao ano. Um período onde o Japão foi a China de hoje. O Japão acabou com o monopólio dos “Zaibatsus” que dominavam a economia japonesa até antes da guerra. Era o grupo das famílias poderosas japonesas, detentora das empresas Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo e Yasuda. Elas controlavam todo o Japão, mas depois da guerra seus domínios terminaram. Os EUA ajudaram esta quebra por receio do Japão se armar novamente.

Muita mão-de-obra de baixo custo salarial proporcionou que empresas japonesas competissem internacionalmente. Durante a guerra das Coréias, os EUA passaram a usar o Japão como forma de propaganda do modo de vida capitalista. Muitos recursos financeiros foram doados ao governo do Japão.

Com a entrada de capital abundante, o Japão passou por uma rápida industrialização. Um conglomerado de empresas foi criado, são as “Keiretsus”. São exemplos destas empresas a Toyota e a Toshiba. As Keiretsus ganharam uma fortaleza financeira e influência norte-americana para que elas ganhassem o mundo.

O Japão também manteve uma estratégia de ganhar o mercado de alto valor como a dos automóveis e eletrônicos. Protecionismo, controle de qualidade total e produção ajustada são os méritos japoneses no ganho do mercado internacional.

Toda moeda tem duas faces. Depois de 1991, com o fim da guerra fria, o fluxo de dinheiro dos EUA ao Japão em forma de doação chegou ao fim. Contudo, o Japão manteve seu crescimento motivado pela crescente aquisição de produtos pelo mercado Chinês, que os distribuía para o resto do mundo.

Uma mudança no panorama se iniciou com desequilíbrios econômicos. Sem a fonte incessante de dinheiro norte-americano, a dívida pública do Japão não parou mais de crescer. Shinzo Abe assumiu o governo do país do sol nascente prometendo resolver este problema. Não está conseguindo.

O Japão ainda é a terceira economia do mundo, contudo enfrenta problemas sociais graves além da dívida pública. Lá ocorre uma contração demográfica e um envelhecimento da população, além de uma baixa oportunidade de trabalho para mulheres.

O consumo privado do Japão que representa 50% da economia do país caiu 7%. Pela primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, o Japão entrou em recessão.

Para piorar, um fenômeno chamado “Karoshi” começou a tomar corpo no Japão. Karoshi significa morte por excesso de trabalho. Nenhum trabalhador no mundo é mais dedicado as empresas que os japoneses. Eles trocam hora de descanso pelo sucesso das empresas.

Por isso, Shinzo Abe abriu uma batalha contra as longas jornadas de trabalho. Os trabalhadores japoneses trabalham cerca de 50 horas por semana e registram mais de 40 horas extras por mês, alguns até 80 horas extras. Poucos trabalhadores japoneses usufruem os 10 dias de férias anuais as quais têm direito. É considerado deslealdade com a empresa.

A maioria da população japonesa é composta por mulheres e estas encaram um empobrecimento desde a década de 90. O Japão é onde as pessoas têm maior longevidade. Por outro lado, a taxa de natalidade é hoje a menor de toda sua história. O país foi forçado a reformar sua previdência, o que está elevando a taxa de pobreza no país.

No Japão a pobreza atinge 10 milhões de pessoas. Um em cada seis japoneses vive em pobreza relativa. Lá, pai e mãe precisam trabalhar. Mais da metade dos lares com família monoparental estão por debaixo da linha de pobreza.

O número de trabalhadores que sobrevivem fazendo bico está superando os 40%. As pessoas são extremamente orgulhosas no Japão e se negam a procurar assistências sociais, por isso chamam o fenômeno de pobreza oculta.

O país possui outro número estatístico muito triste. É o segundo maior índice de suicídios do mundo. Entre 1988 e 1997, o país registrou 22 mil suicídios por ano. Desde então, o país registra até hoje uma taxa anual de suicídio de 30 mil pessoas.

A crise econômica dos anos 90 levou ao suicídio a faixa etária mais produtiva, que é entre 40 e 50 anos. Recentemente, a taxa de suicídio também cresce entre as crianças devido à pressão escolar.

A realidade da terceira economia do mundo deixa a muitos confusos. A poderosa terra da Nintendo, Panasonic, Sony, Casio, Mitsubishi, Honda, Toyota e Canon tem uma triste realidade social. E deve piorar, o país está cometendo Seppuku (suicídio) econômico ao endividar-se até os ossos.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – O que não te contaram sobre o Japão

  • 1 de março de 2021 em 09:39
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    Adotou a iniciativa privada, se livrou das estatais cabides de empregos dos políticos, possui alto nível de poupança da população, enfim tá muito mal; bem mesmo estão Cuba e Venezuela ! KKKKKKKK…

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