Artigo – O Crime e o delito: como as empresas unicórnio multinacionais estão quebrando as microempresas brasileiras [Vídeo]
Por Oswaldo Bezerra
Empresas unicórnios são muito romantizadas na imprensa corporativa. Na verdade, são empresas que não dão lucro, mas valem bilhões na bolsa simplesmente por golpes do mercado financeiro. Um dos exemplos mais clássicos é a empresa UBER.
A Uber anunciou seus resultados financeiros do último trimestre, bem como o balanço do ano completo de 2020. A empresa teve um prejuízo de US$ 6,7 bilhões no ano passado. Alguém pode apontar que foi por culpa da pandemia. É um engano. Sem pandemia, em 2019, a UBER teve prejuízo de US$ 8,5 bilhões.
A UBER começou a se estabelecer no Brasil através de guerra jurídica, com várias liminares. Depois, consolidou sua permanência com uma reunião a portas fechadas entre o CEO da UBER e o então presidente Michel Temer. Era um serviço totalmente ilegal que através de muito lobby político acabou sendo oficializado.
Como sobrevive uma empresa que nunca deu lucro? Ela sobrevive graças aos golpes do sistema financeiro internacional. A UBER pertencia a Goldman Sachs, um banco privado norte-americano.
Os bancos privados norte-americanos controlam o Banco Central dos EUA, conhecido como Reserva Federal. Como a empresa só dá prejuízo, as ações são vendidas. A Reserva Federal Americana (FED) recompra estas ações gerando dívida pública ao país deles, mas os preços das ações sobem. Os grandes acionistas da empresa têm lucros com o aumento dos valores das ações.
Ter prejuízo indefinidamente não é um bom marketing para a empresa. Por isso, a UBER está investindo muito dinheiro para que seus lobistas derrotem de vez seus concorrentes, os táxis. A UBER só apresentará lucro quando dominar o mercado através do monopólio.
Muitas ações de seus lobistas e campanhas na imprensa tomam forma. Um exemplo foi uma campanha na mídia corporativa tentando tirar os táxis das faixas rápidas de transporte público, as famosas faixas de ônibus.
Cada táxi é uma microempresa de transporte que está sendo paulatinamente destruída pela grande unicórnio multinacional. Havia um mercado de compra e vendas de licenças. Ontem, o STF proibiu a transferência da Licença de Táxi. Esta proibição é um desejo antigo da UBER, pois, vai evitar que o mercado de táxi se renove com entrada de capital.
Em Fortaleza tivemos a ação mais descarada de ataque dos lobistas da UBER contra os taxistas. Em conluio com o poder executivo municipal e funcionários da Autarquia Municipal de Trânsito, políticos lobistas da UBER aramaram a inviabilização do serviço de táxis no aeroporto de Fortaleza.
A ação criou uma barreira de multas para o táxi atuar no aeroporto. Os taxistas já entraram com denúncia no Ministério Público. Houve também protestos dos taxistas dentro do aeroporto.
Foram aplicadas milhares de multas. Teve taxista que levou até 5 mil reais de multas. Os taxistas sofreram uma diminuição dos ganhos em 90%, por conta da pandemia. Eles também não puderam receber Auxílio Emergencial por determinação do Presidente da República. Com a quantidade enorme de multas os taxistas vão falir.
Por isso o vereador Márcio Martins, do PROS, comemorou em plenário da câmara municipal o feito. Também teceu elogios ao Secretário Ferrúcio Feitosa, por ter acatado prontamente o pedido de multa aos taxistas. Segundo relato do vereador, a ordem foi dada pelo secretário através de mensagens de WhatsApp para a superintendente da AMC, Juliana Coelho, que prontamente o atendeu.
O vereador disse que foi um ganho para os 40 mil motoristas da UBER. Contudo, o vereador nunca fez nenhuma ação para proteger estes mesmos motoristas que são assassinados como moscas na capital cearense. Mário Martins também nunca cobrou da UBER qualquer tipo de ajuda para as famílias enlutadas pela perda dos motoristas assassinados.
A preocupação de lobistas da UBER não é com os motoristas de aplicativos. Tudo está relacionado aos interesses da multinacional que nunca deu lucro.
Assim é como esta empresa unicórnio está levando milhões de microempresários de táxis e suas famílias à falência. Por outro lado, ela também está criando uma multidão de trabalhadores em serviços precarizados, sem nenhum direito trabalhista.
RG 15 / O Impacto