Artigo – Enquanto muitas nações rumam as estrelas, nós rumamos a fazenda
Por Oswaldo Bezerra
Nós estamos ficando tão para trás quando o assunto é tecnologia que, daqui a alguns anos, as outras nações nos parecerão extraterrestres. Voltaremos a ser os índios lutando com flechas contra um invasor nuclear?
Claro que a luta é tanto interna como externa. Países já desenvolvidos nos boicotam. Os três poderes que governam o Brasil são retrógrados. Deste modo só nos resta assistir a guerra tecnológica que segue fora do Brasil e em direção ao espaço.
A previsão do presidente americano, Joe Biden, de uma guerra tecnológica com Pequim será jogada no espaço sideral se concretizou. A criação de uma nova estação espacial e outra missão bem-sucedida demonstra, a China segue firme para vencer a batalha estratégica.
Há dois dias a China enviou o módulo central de sua primeira estação espacial, a Tianhe ou ‘Harmonia dos Céus’, para a órbita. Está em desenvolvimento há muito tempo e marca o grande avanço no programa espacial do país.
Uma série de missões deverão montar a nova estação, que pode se tornar a única da Terra, já que a Estação Espacial Internacional provavelmente será aposentada nos próximos anos. Ironicamente, o lançamento de Tianhe ocorre uma década depois que o governo de Barack Obama excluiu Pequim de participar da ISS, um evento que sem dúvida estimulou seu desenvolvimento.
A missão é um sinal de que, apesar de ter começado tarde, a China está rapidamente alcançando os EUA no espaço sideral, com seu programa Chang’e-5 tendo recuperado com sucesso amostras de rochas da Lua no final de 2020.
Joe Biden colocou a situação entre Washington e Pequim como a “competição do século XXI”. A guerra tecnológica será uma grande parte disso, o presidente também prometeu manter o domínio dos Estados Unidos nesta área. É claro que isso envolverá o espaço sideral.
As ambições espaciais da China estão apenas começando. Pequim só enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003. Em contraste, a próxima semana marcará 60 anos desde que os Estados Unidos enviaram Alan Shepard ao espaço.
Apesar dessa enorme lacuna, o programa espacial de Pequim está se movendo a uma velocidade acelerada. No próximo mês a China pousará um rover em Marte. Estará se igualando ao feito dos Estados Unidos.
Em 2019, eles se tornaram o primeiro país a pousar do outro lado da lua. Agora está planejando outra missão lunar, Chang’e-6, para 2024, na qual pretende pousar no Pólo Sul Lunar. Isso foi projetado para preparar o caminho para uma futura base lunar, conforme Memorando de Entendimento com a Rússia.
Pequim está competindo por orgulho e prestígio ideológico, mas será se há algo estratégico e mais grandioso? A primeira corrida espacial representou a luta entre os EUA e a União Soviética.
A intenção sobre bases lunares é algo que a NASA também está planejando. Isso indica que a via armamentista com uma dinâmica militar. As apostas são mais altas, o que explica as recentes decisões dos EUA e do Reino Unido de estabelecer ‘Comandos Espaciais’.
O site do governo do Reino Unido explica que o espaço é fundamental para as operações militares. A perda do domínio espacial, segundo o governo do Reino Unido, afetará a capacidade da Defesa.
Diante disso, o estabelecimento da estação espacial Tianhe é a grande carta na manga. Será um bem científico para a China, mas também estratégico, e é por isso mesmo que os EUA nunca quiseram que Pequim fizesse parte da ISS.
A decisão de Obama em 2011 marcou que a China é um competidor e que seu desenvolvimento deve ser contido. Donald Trump e Joe Biden seguiram agressivamente esse caminho, como foi visto no tratamento que deram à Huawei. E ainda assim a decisão da ISS pode ter saído pela culatra, com a China criando sua própria estação espacial e a nova corrida espacial.
A China é pioneira em um programa espacial que avança, mas com sucesso. Isso colocará a NASA à prova, e é uma competição que, ampliará enormemente a perspectiva e a compreensão do universo.
RG 15 / O Impacto