Artigo – Das fantasias da energia verde, da maximização dos lucros para as realidades do desemprego e da destruição do planeta
Por Oswaldo Bezerra
Em 1991, fui pela primeira vez para um garimpo na Reserva Garimpeira do Tapajós. Entrei em rio afluente do Tapajós em direção ao garimpo Bom jardim. Foram horas de “voadeiras”. Era um rio de águas transparentes que junto com uma paisagem deslumbrante fazia da viagem muito prazerosa.
Dias depois já estava recolhendo dados da pesquisa e entrei no que seria um dos afluentes deste rio. Em vez de um belo rio de águas transparentes com paisagens deslumbrantes se via quilômetros e quilômetros de um pântano com areia movediça por toda sua extensão, que na verdade era um material “pelítico” muito fino que era apelidado de “melechete”.
Era a visão da total destruição de fauna, flora e de toda uma bacia hidrográfica. Recuperar aquilo já seria impossível. A perda ambiental, se calculada, não cobriria o valor obtido com o ouro recolhido, muito menos pelo valor do imposto obtido.
Nós, os humanos somos programados para retirar da árvore todos os frutos maduros e dar uma festa, ter mais filhos e usar o excedente de comida para alimentar mais conquistas. O uso eficiente de recursos simplesmente não faz parte do que denomino de nosso modo de sobreviver. Vivemos ainda sob a visão de 200.000 anos, quando éramos poucos exploradores que vagávamos por um mundo aparentemente infinito.
Esbanjamos também os excedentes gerados pelos hidrocarbonetos para maximizar a produção (consumo) de energia, em vez de obter eficiência. Finalmente começamos a enxergar que não é possível que haja um crescimento infinito em um planeta finito.
Criou-se agora uma narrativa de que podemos continuar consumindo e desperdiçando recursos em grande escala, eletrificando tudo o que atualmente é movido a hidrocarbonetos. Essa fantasia tem muitos problemas. Uma é que a humanidade não substitui os hidrocarbonetos pelo vento-solar, ela também consome toda a energia alternativa adicionada. Adicionar energia apenas aumenta o consumo.
Outra é que a quantidade de minerais e recursos escassos necessários para substituir os hidrocarbonetos pela chamada energia renovável é tão vasta que não é realista. O que chamamos de “renováveis” são na verdade “substituíveis”, pois os painéis solares e as turbinas eólicas se desgastam e precisam ser substituídos a cada 20 anos, se não antes.
A escala de consumo de energia que necessitamos é muito vasta e a porcentagem fornecida pela energia solar e eólica é insignificante. As energias eólicas e solares fornecem no máximo 3% da energia global. Isso depois de todas as dezenas de bilhões de dólares que foram investidos.
Para fornecer a maior parte do consumo global de energia, precisaríamos aumentar a energia eólica/solar em 20 vezes, de 3% para 60%. O problema é que a Terra não tem minerais suficientes para construir esse sistema global monstruoso e, em seguida, substituí-lo a cada 20-25 anos: Você ainda está comprando isso essa fantasia?
O dióxido de carbono líquido zero até 2050 exigiria a implantação de 1.500 turbinas eólicas (2,5 MW) em cerca de 300 milhas quadradas, todos os dias começando amanhã e continuando até 2050.
Os Desafios de usar “energia verde” para alimentar carros elétricos: se os parques eólicos forem escolhidos para gerar energia para os dois bilhões de carros projetados com uso médio no Brasil, isso requer o equivalente a anos de suprimento total de cobre global e 10 anos de produção global de neodímio e disprósio para construir os parques eólicos.
Para substituir todos os veículos baseados no Brasil por veículos elétricos, supondo que eles usem as baterias NMC 811 de próxima geração mais econômicas em recursos, seriam necessários 208 mil toneladas de cobalto, 265 mil toneladas de carbonato de lítio (LCE), pelo menos 7 mil toneladas de neodímio e disprósio, além de 2,5 milhões de toneladas de cobre. Isso representa, pouco menos de duas vezes a produção mundial anual total de cobalto, quase toda a produção mundial de neodímio, três quartos da produção mundial de lítio e pelo menos metade da produção mundial de cobre em 2018.
O problema com a energia eólica e solar é a intermitência. Lembra quando a Dilma falou que não se pode estocar vento? Era isso que ela queria dizer: as economias industriais modernas exigem energia elétrica constante 24 horas por dia, 7 dias por semana, ou vão falham. Eólica e solar geram energia de forma intermitente, o que significa que não podem gerar um fornecimento estável 24 horas por dia, 7 dias por semana, nem gerar eletricidade quando os consumidores desejam usá-la mais, quando faz frio por exemplo.
O problema de intermitência torna-se um problema de armazenamento: como podemos armazenar eletricidade excedente em quantidades grandes o suficiente para abastecer nosso vasto consumo quando o vento morre e o sol se põe?
Não há soluções fáceis e baratas para o armazenamento, e ideias como converter tudo em hidrogênio não são realistas devido a questões de custo e segurança. Não há lítio e outros minerais raros suficientes para construir baterias para 2 bilhões de veículos do mundo e armazenamento para todas as redes elétricas da Terra.
Além disso, lembre de uma coisa. As baterias de lítio têm vida útil muito, mas muito limitada e precisam ser substituídas a cada década, na maioria das vezes antes. Muito poucas baterias são recicladas, então reciclar bilhões de baterias também é uma fantasia que está enganando muita gente ingênua.
Os chamados combustíveis renováveis tendem a ser muito prejudiciais ao meio ambiente de outras maneiras que não as emissões de CO2. Isto é bem esclarecido no novo livro Bright Green Lies: How the Environmental Movement Lost Its Way and What We Can Do About It.
Ele afirma que os combustíveis renováveis não são uma tentativa de salvar o meio ambiente. Em vez disso, eles estão tentando salvar nossa civilização industrial atual usando abordagens que tendem a destruir o meio ambiente. Derrubando florestas, até mesmo se novas árvores são plantadas em seu lugar, é especialmente prejudicial. Alice Friedemann, em seu novo livro, Life after Fossil Fuels: A Reality Check on Alternative Fuels, aponta o alto custo dessas alternativas e a nossa eterna dependência de energia de combustível fóssil.
Alguns cientistas acham que nossa única salvação são os reatores nucleares de tório. Contudo, como todas as outras propostas para substituir o consumo incrivelmente grande alimentado por hidrocarbonetos por alguma outra fonte, não é tão fácil no mundo real como é conceitualmente.
A Índia tem reservas de tório e tem um plano ambicioso para construir reatores de tório. Mas o ciclo do combustível nuclear de tório é extremamente não trivial e, apesar dos bilhões investidos, a Índia ainda não concluiu um único reator de tório em grande escala. Nem eles nem ninguém. Existem sete reatores de pesquisa espalhados pelo mundo, mas nenhuma usina real.
Nosso problema é que baseamos toda a nossa economia global na maximização do consumo, não na eficiência. Sempre pensamos no crescimento como maximização dos lucros.
Todo o nosso sistema financeiro presume que dinheiro-finanças é o sistema mestre que controla tudo no mundo real, quando na verdade o sistema financeiro é uma sobreposição do sistema de energia. Em essência, todo o sistema financeiro nada mais é do que reivindicações abstratas de energia que, mas ao contrário da energia, podem ser infinitamente multiplicadas. Os créditos (moeda e dívida) podem ser criados do nada, mas os sistemas de energia não.
A resposta não é tentar substituir um sistema desastrosamente ineficiente e esbanjador por fontes de energia substituíveis que é uma fantasia delirante que está enganando a muitos. A resposta é deixar de lado nossa programação de 200 mil anos atrás e pensar em maximizar a eficiência e a conservação de energia.
Imposto – Tributando a Mudança Climática:
O preço pago pelos combustíveis fósseis, e a maioria dos outros recursos não renováveis, é muito baixo, porque não pagamos por sua criação, que levou centenas de milhões de anos. Mais de 90% de todos os impostos são pagos sobre o trabalho, o que desencoraja o emprego e força a “automação” em todas as partes da economia.
Isso foi uma confusão em que nos metemos. Isso é um subproduto da revolução industrial, leva à poluição, às emissões de gases de efeito estufa, à produção de resíduos e ao uso desnecessário da automação, o que prejudica nossos ecossistemas e ao mesmo tempo priva as gerações futuras de seu direito de acesso aos escassos Recursos e principalmente ao emprego.
Vimos uma manifestação dos moradores de Jacareacanga contra o fechamento de garimpos ilegais. Em todas as partes do mundo vemos manifestação para voltarmos ao “Normal” com o fim dos fechamentos do comércio.
O que ainda não entendemos é que o nosso “normal” é igual ao desperdício, que é igual ao crescimento, que é igual a maximização dos lucros. Ainda não tivemos a capacidade de compreender é que este nosso “normal” está destruindo o planeta e os empregos.
RG 15 / O Impacto
Pois é, “esqueceu” que o principal poluidor é a comunista China, exemplo de regime político para a turminha festiva da clorofila !