Para o Centro e avante: Pragmatismo político de Bolsonaro finalmente atende clamores das bases e acerta o passo para estabilizar o governo, evita impeachment e prepara reeleição
Por Edward M. Luz. Antropólogo
A indicação do senador Ciro Nogueira para dirigir frente da Casa Civil, reafirma natureza política e democrática deste Governo,assegura importantes vitórias parlamentares demonstrando aguçada maturidade política. Despesperada, a Extrema Esquerda agora corre para denunciar a aliança de Bolsonaro quando na verdade, sabe que é uma das mais acertadas decisões que garantirá vitórias na aprovação de projetos, a rejeição de pedidos de Impeachment e quiçá, a reeleição de Bolsonaro em 2022.
O governo do presidente Jair Bolsonaro ficou conhecido, entre outras particularidades, por ser estruturado em diferentes alas “ideológicas”, que após diversos “testes” abre agora espaço para o Centrão, com seus profissionais da política e assegura vitórias e continuísmo. Cada grupo desses, seja ideológico, seja econômico ou militar, teve seus dias de “teste”, até ser devidamente trocados, junto com outros fardados, que estavam sendo ejetados da articulação política. A partir de agora, a relação com o Congresso estará nas mãos dos caciques dos partidos que compõem o tão importante e tão mal-falado Centrão, a mais nova e a mais importante e esperada ala nas negociações desta gestão.
A acertada saída do General Eduardo Ramos da Casa Civil, inaugura um momento de maior pragmatismo político impar desta gestão. O militar será substituído no cargo pelo presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI), uma das principais lideranças do Centrão, que, finalmente em troca de cargos e outras benesses da máquina pública, deu também sustentação a governos anteriores, como os dos então presidentes Michel Temer (MDB), Dilma Rousseff (PT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). É a sagração final de Bolsonaro como um bom político disposto a se comportar como Presidente da República e a jogar o jogo político, que muitos esperavam.
Senão, vejamos, ao longo de todo esse tempo, o Centrão vem atuando como o fiel da balança na relação do Congresso com o Executivo. Sua atuação foi determinante, por exemplo, para manter ou tirar presidentes do cargo, aprovar ou rejeitar reformas e estabelecer o ritmo da pauta de votações, principalmente quando o governo tem dificuldades em construir uma base parlamentar.
O general Ramos foi o último entre os militares abatidos pelas pressões do Centrão para assumir o controle da articulação com o Congresso, às quais Bolsonaro — desgastado com as investigações da CPI da Covid, com baixos índices de popularidade e alvo de mais de 130 pedidos de impeachment na Câmara — foi obrigado a se curvar. Nessas voltas que a política dá, hoje a sobrevivência do mandato do presidente depende diretamente da “velha política” e do “toma lá dá cá” que ele havia prometido extinguir e que são o principal modus operandi do Centrão.
À frente da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira irá reforçar a presença do bloco partidário no seleto grupo de ministros que despacham direto do Palácio do Planalto assegurando assim importantes vitórias parlamentares. Antes dele, já havia tomado posse, como ministra da Secretaria de Governo, a deputada Flávia Arruda (PL-DF), levada ao cargo pelas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem demonstrado fidelidade a Bolsonaro. Um dos principais caciques do Centrão, o deputado é responsável, entre outras competências, por determinar o início da tramitação dos pedidos de impeachment contra o presidente da República.
A partir da minirreforma ministerial, Ciro Nogueira — que até antes do recesso parlamentar vinha apresentando um desempenho discreto na base governista da CPI da Covid — comandará negociações importantes com o Legislativo, como a indicação de nomes para cargos no Executivo e a liberação de verbas de emendas parlamentares. Também caberá ao líder do Centrão encontrar uma solução para o impasse criado após a decisão do Congresso que triplicou os recursos do Fundo Eleitoral, de R$ 1,8 bilhão para R$ 5,7 bilhões.O Centrão foi levado para o governo pelo próprio Luiz Eduardo Ramos, no auge do prestígio da ala militar e em meio ao avanço de investigações incômodas para Bolsonaro, como a do caso Queiroz. Muito provavelmente pela falta de traquejo político, o general acabou abrindo um atalho para o bloco tomar de vez o comando do Executivo. Desta forma o Centrão mostra que é político profissional e acabou dando um nó na ala militar. Se este governo retomar a musculatura política e a popularidade, e conseguir superar o desemprego e outros desafios da economia, avançar na vacinação para que o povo possa voltar a circular com segurança, o suporte do Centrão aumentará.
Ciro Nogueira e o Centrão chegam em boa hora quando outros nomes de peso como Gilberto Kassab e Rodrigo Pacheco pareciam estar se distanciando. Kassab, presidente nacional do PSD, uma das siglas do Centrão. O político paulista tem se afastado do governo e trabalhado na articulação de uma terceira via para concorrer às eleições do ano que vem. Tudo indica que o nome do candidato será o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que parecia estar se distanciando de Bolsonaro, pode agora retornar ao posto.O fato comprovado é que: o Centrão nunca perdeu, nunca perde e não vai ser agora que vai perder. São profissionais da política em todos os bons sentidos. O Centrão não carrega caixão, pois sabe da importância que tem. Ganhe quem ganhar, não importa. Não se governa sem o Centro, já que o sistema do presidencialismo de coalizão, estabelece as regras do jogo que se tem para jogar.
A aproximação de vez com o Centrão é uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro de estancar as crises pelas quais passa o governo. Se, na campanha eleitoral de 2018, o então candidato ao Planalto levantou a bandeira da rejeição à “velha política” e ao “toma lá, dá cá”, agora se rende às práticas que ele demonizou, porque é ameaçado por pedidos de impeachment, está em queda na popularidade e enfrenta denúncias de corrupção dentro do Executivo.
Erram os analistas que interpretam a decisão de Bolsonaro de se unir ao Centrão como uma fragilidade da base do governo ou muito menos uma derrota para a ala militar. A articulação feita pelo Ramos não estava funcionando a contento. E Ponto Final. A entrada de Ciro indica um acerto político der Bolsonaro. A probabilidade da opinião pública, interpretar a troca como uma traição do compromisso de campanha de governar de forma diferente é absolutamente NULA. Esta escolha de Bolsonaro só ampliará a percepção de que este finalmente caminha para o Centro e Avante.
Ciro Nogueira no comando da Casa Civil aumentará a influência do Centrão nas decisões do governo. O bloco não decidiu sobre o apoio a Bolsonaro em 2022 porque ainda avalia o cenário. O Centrão não vai caminhar para o abismo se Bolsonaro não for competitivo,mas com cargos e emendas, ainda vê o presidente com grandes chances de vitória. O governo depende desesperadamente deste apoio no Congresso. É um acordo para sobrevivência política, que estabilizará o governo. O mandatário não terá sequer desgaste nesta aliança. Ouso afirmar que a decisão não terá reflexo negativo NENHUM junto ao eleitorado bolsonarista raiz. Pois o Centrão é a única alternativa para apoiar propostas do governo como a reforma tributária e tornar tanto o governo quanto a reeleição viável em 2022.
A aproximação de Bolsonaro encontrará mais facilidade de aprovação das pautas no Congresso e é possível deduzir que os projetos de interesse institucional da Presidência da República terão maior suporte nas duas Casas Legislativas e poderão ser agilizados, uma vez que o Centrão detém um número significativo de partidos políticos. Erram aqueles que apostam que do ponto de vista eleitoral haverá mudanças. Este arranjo jamais causará enfraquecimento do mandatário. Quem votou em Bolsonaro para não votar no PT certamente não mudará o voto, porque simplesmente não há uma terceira via, que até agora única dúvida é se haverá uma alternativa viável.
Bolsonaro atacou fisiologismo durante a campanha, mas sabia que não viveria sem o Centrão. Agora, está na hora de fazer as pazes e trazer o Centrão para o núcleo duro do governo como estratégia de pragmatismo e sobrevivência política. Bolsonaro sairá ganhando, pois manterá uma base que poderá ajudá-lo a aprovar projetos no Congresso, a rejeição de pedidos de Impeachment e quiçá, a reeleição de Bolsonaro em 2022.
RG15/O Impacto