Disputa por passageiros: taxistas x aplicativos de transporte

Prós e contras de ambos os serviços têm gerado uma “guerra” que parece longe de acabar

Por Thays Cunha

Em Santarém, no início da semana, uma senhora de nome Sônia Santos, que é motorista de transporte por aplicativo, foi até a delegacia de polícia para registrar um B.O contra um taxista devido a uma confusão que ocorrera entre os dois. A briga teria sido motivada por uma disputa por passageiros em um ponto localizado na orla, próximo a Igreja da Matriz.

Em entrevista, a motorista afirmou que o taxista teria discutido e gritado com ela, além de ter filmado toda a ação, a fazendo passar vergonha. Revoltada, a mulher se defendeu dizendo ser uma trabalhadora que estava dentro da legalidade, e que estava apenas passando pelo local para pegar um passageiro que a tinha chamado.

“Ele disse que meu lugar não era lá. […] Ele me filmou, filmou meu carro e fez a maior baixaria. […] Eu sou toda legalizada, não sou clandestina, gosto das minhas coisas organizadas. Não bati boca com ele, mas ele foi mal-educado comigo. Acordo 3 horas da manhã para trabalhar. Eu trabalho e vivo do meu trabalho. Não sou de fazer ponto lá, eu passei por um acaso, e no aplicativo chamou um passageiro e eu ia atender, não ia ficar lá”.

Após a divulgação da matéria houve bastante repercussão. Por conta disso o motorista de táxi envolvido no caso veio até o nosso estúdio e pediu o direito de resposta. Em conversa com a repórter Lorena Morenna, o senhor Edifran Menezes deu a sua versão e disse que a situação foi diferente da contada pela mulher.

Segundo Edifran, a motorista de aplicativo estaria trabalhando de forma ilegal, oferecendo os seus serviços para várias pessoas na mesma área onde está localizado o ponto de táxi no qual ficam taxistas credenciados, tendo oferecido até mesmo para o cliente do taxista que ele estava prestes a atender. Por conta disso ele apenas teria chamado a atenção de Sônia Santos, dizendo que ela deveria esperar ser chamada através plataforma de aplicativo para poder pegar um passageiro, e não daquele jeito, na rua, como se fosse taxista. A mulher então teria se revoltado e se alterado.

“Vi a situação e quem trabalha com aplicativo deve trabalhar apenas pela plataforma. Há leis que arrumam isso. Eu filmei, mas não espalhei o vídeo, só queria ter um respaldo. A Secretaria de Trânsito tem que saber sobre essas situações que acontecem na cidade. Ela costuma fazer isso, pegar passageiros assim, e estaria com o seu carro de aplicativo no ponto dos taxistas, do outro lado”, relatou.

DISPUTA POR PASSAGEIROS

O presidente do sindicado dos taxistas também se pronunciou sobre a confusão. Segundo Flávio Sérgio, em Santarém há a Lei Nº 20.309, sancionada em 2017 pelo prefeito Nélio Aguiar, na qual o Artigo 5º veda o motorista de aplicativo de fazer o trabalho fora da plataforma. “Não pode fazer igual táxi, apenas parar e pegar. A abordagem estava dentro da lei. Foi um mal entendido”, explicou.

Flávio também informou que no município há 672 táxis credenciados ao sindicato e à prefeitura. Há também o aplicativo Táxi Santarém, com o qual é possível chamar um táxi no aplicativo dentro da plataforma, e nem mesmo esses podem pegar passageiros fora, na rua.

“A classe taxista não tem nada contra o motorista de aplicativo, desde que ele faça o serviço da maneira correta, que é dentro da plataforma. Há espaço pra todo mundo. Por isso tem uma lei regulamentada, para que todo mundo trabalhe no seu devido lugar”, concluiu o presidente do sindicado dos taxistas.

APLICATIVOS X TÁXIS

O UBER foi criado em 2009 e vem crescendo de tal forma que o seu nome já se tornou sinônimo desse tipo de serviço. É comum dizer: “vou chamar um uber”, mesmo quando utilizamos outro aplicativo para nos locomover, novos aplicativos tais que obviamente surgiram após a implementação e sucesso do primeiro.

Esse tipo de serviço oferece ao cliente um serviço semelhante ao táxi, com a diferença de que não é mais necessário se dirigir até um ponto ou esperar que um passe em sua rua. Basta entrar no App, acessar e chamar por um carro, que irá até você. E tudo isso por um preço igual ou menor do que o de um táxi convencional. Críticas surgem devido ao fato de muitos acreditarem ser esse um serviço perigoso, uma vez que “qualquer um” poderia, em tese, pegar um carro e começar a dirigir.

Já o taxista convencional necessita passar por uma série de processos antes de ser autorizado a transportar passageiros, o que traria mais segurança para o usuário. A profissão foi regulamentada em 2011, através da Lei nº 12.468, que define que além de habilitação o motorista de táxi deve “fazer cursos de relações humanas, direção defensiva, primeiros socorros, mecânica e elétrica básica de veículos e ter certificação específica para exercer a profissão, emitida pelo órgão competente da localidade da prestação do serviço” (Portal Trânsito Ideal). Porém, também recebe críticas por conta de diversos relatos de motoristas mal educados e que não tratam bem os seus passageiros.

Com os seus prós e contras, logicamente as duas formas de serviço estão em constante discussão. Os motoristas de aplicativo se dizem perseguidos, e os taxistas falam que essa é uma concorrência desleal.

O que ocorre é que há muitas controvérsias. Taxistas reclamam que “é só baixar o aplicativo e começar a dirigir, sem pagar imposto ou qualquer outra obrigação”. Já os motoristas de aplicativo se defendem, pois dizem pagar IPVA normalmente e não ter desconto na compra de um carro, benefícios que seriam proporcionados aos taxistas.

Por conta da diferença entre ambos os serviços é visível que essa “guerra” ainda está longe de acabar. A saída seria, talvez, mesclar os dois tipos de serviço, garantindo qualidade e segurança para todos os passageiros, assim como garantias e melhoras para todos os motoristas. Algo que possa, tornar o “uber” muito mais seguro, assim como fazer com o que o serviço de táxi se torne mais barato, sem causar prejuízos para os dois lados.

RG 15 /O Impacto

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