Artigo – O canto da sereia ideológica que leva a ruína
Por Oswaldo Bezerra
O imperialismo de países, de grupos econômicos, e de bilionários busca sempre testas de ferro na América Latina. Estes que são atraídos por um canto enganador de sereia do capital. O problema para as pessoas encantadas é que quando são descartadas sofrem um destino cruel.
Estas pessoas usadas como testa de ferro têm a missão de levar a bandeira da ideologia capitalista de direita. Como defender banqueiros e monopólios sem receber o desprezo do povo trabalhador que corresponde a 90% da população? A estratégia é levantar o argumento de que são representantes da religião, da justiça e da moral. Isso engana muita gente.
Exemplos temos aos montes na América Latina. Um dos mais didáticos que vem logo a nossa lembrança é a da figura do promotor Nisman da Argentina. Ele foi um tipo de “Sérgio Moro” portenho. Acusou o presidente Menen de explodir a embaixada de Israel para poder fazer negócios com o Irã. Como se fosse algo muito difícil fazer negócio com o país persa. Depois, Nisman requentou o caso acusando a presidente Cristina Kirchner por acobertar o caso. Claro, isso ocorreu convenientemente bem na época de eleição presidencial.
Como não teve muito sucesso apareceu morto com uma bala na cabeça. No dossiê de Stella Calloni foram apontadas as participações da CIA e do Mossad no assassinato do promotor argentino. Foi mais um que se encantou com o canto da sereia capitalista e teve um fim trágico.
Nos dias de hoje tempos outro exemplo clássico de mais uma que se deixou encantar e já está maus lençóis, além de outros que ainda não perceberam que estão indo no mesmo caminho. O exemplo mais aparente hoje é o da boliviana Jeanini Añes, a ex-auto proclamada presidente da Bolívia. Essa coisa de presidente autoproclamado é uma invenção norte-americana tentando legitimar o ilegitimável, como Guaidó na Venezuela, por exemplo.
Jeanini Añes está vivendo hoje o pior momento da sua vida. E olha que a bem pouco tempo estava vivendo o melhor. A sua prisão foi no último mês de março, e quatro meses antes despachava no palácio do governo boliviano. Hoje os médicos da prisão a diagnosticaram com hipertensão, ansiedade, depressão e perda de peso.No cárcere a ex-auto proclamada presidente afirmou que já não quer mais viver.
O seu sofrimento de hoje é visto por alguns como encenação e um preparo para um plano de fuga. Não seria a primeira vez. Ela havia planejado fugir ao Brasil com o apoio do governo Bolsonaro. Sua fuga foi descoberta, e em uma busca foi encontrada escondida debaixo da cama.
Nem nos seus maiores sonhos Jeanine sonhou em chegar tão alto como chegou. Foram as circunstâncias de um golpe de estado com participação estrangeira que a empurraram para uma pauta que não estava preparada.
Ela se revestiu de legalidade, que de fato não havia. Não foi uma atitude desculpável por que se deixou levar mesmo sabendo que as circunstâncias na política não ocorrem sem motivação. Ela se fez crer que além de presidente legítima seria uma grande presidenta.
Depois de alguns meses no comando do Palácio Quemado é bem provável que Añes tenha se dado conta que tinha caído no canto da sereia. Ao despertar deste encanto ela deve ter tido uma visão cristalina do que realmente sucedeu.
Percebeu que a Bolívia não vivia uma ditadura com o presidente Evo Morales. Percebeu que a maioria dos bolivianos não estavam dispostos a substituir a wiphala pela bíblia. Descobriu que não houve fraude eleitoral como bem tentou enganar o chefe da OEA Luis Almagro, em outubro de 2019. Descobriu por ela mesma que não havia assumido a presidência constitucionalmente.
Evo Morales não renunciou por vontade própria. Renunciou pela pressão de milicianos da polícia, das forças armadas e de movimentos evangélicos. Ele renunciou para evitar uma escalada armada e um banho de sangue.
Ela poderia ter assumido tudo isso em público, mas não fez e nunca fará. Ela deu continuidade ao golpe e quis prender Evo Morales para que ele se calasse. Ela ainda se candidatou a presidente, mas observou que o regresso do partido “MAS” era impossível de evitar.
Seus últimos atos políticos a condenaram. Hoje ela enfrenta processos de terrorismo, sedição, conspiração e genocídio. Sua situação jurídica se comprometeu ainda mais com os massacres de Sakaba e Senkata. A justiça determinará a punição pelos seus atos.
Hoje, a culpa do atual estado de Jeanine Añes com intensos problemas anêmicos e psicológicos recai sobre todos aqueles que a fizeram crer que seus atos não eram nem delitos nem crimes, além dela mesma.
Junto com Añes, o ex-presidente Macri da Argentina, ex-testa de ferro de banqueiros e de potências estrangeiras, tem sua situação complicada devido envio de armas para os massacres de Sekaba e Senkata. Evo Morales também denunciou o governo Bolsonaro por participação no golpe de estado e massacres na Bolívia. É mais um que está ouvindo o belo canto do capital.
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RG15/O Impacto