Animais soltos nas vias públicas preocupam motoristas santarenos
Por Thays Cunha
Na tarde da quarta-feira, 06, mais um acidente envolvendo um veículo e um animal solto aconteceu em uma via da cidade. O incidente ocorreu na Avenida Marajoara, bairro do Aeroporto Velho, quando um senhor idoso e com deficiência física, que conduzia uma motocicleta adaptada, acabou atropelando sem querer um cachorro que passava pela rua.
O Samu 192 foi acionado para prestar ajuda ao idoso. Após o atendimento, a equipe de socorro constatou que apesar de estar assustado e passando mal, felizmente, o homem não apresentou qualquer ferimento.
No entanto o cão ficou gravemente ferido, pois uma de suas patas traseiras se prendeu à corrente/catraca do veículo. Os socorristas do Samu, ao verem que o idoso, apesar das circunstâncias, estava bem, se sensibilizaram e então retiraram o animal de entre os ferros, cuidaram dos seus ferimentos, e posteriormente solicitaram apoio do Corpo de Bombeiros, que encaminhou o cachorro para uma clínica veterinária particular.
CASOS COMUNS
Infelizmente casos como esses têm se tornado cada vez mais comuns, não somente no interior como na zona urbana. São diversos animais, como cavalos, bois, cães e gatos, que por estarem abandonados ou viverem sem supervisão de seus tutores acabam transitando pelas ruas e, como seres irracionais que são, acabam atravessando as vias em meio ao tráfego, causando acidentes que por vezes são até fatais. Um exemplo foi o que ocorreu no dia 03 de setembro, na cidade de Prainha, quando Luiz Carlos Amorim da Silva, 53 anos, juntamente com o seu filho colidiram contra um cavalo que abruptamente correu para a pista. O homem acabou vindo a óbito e o adolescente fraturou a perna, tendo que ser encaminhado para receber atendimento em Santarém.
Em Santarém a sensação que temos é a de que o número de animais soltos está cada vez maior e isso preocupa por ser não somente um caso de saúde pública, por conta das doenças que os bichos podem transmitir, mas pelo fato de perturbarem o trânsito que já é caótico.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) é o responsável pela verificação dos animais soltos em via pública, no entanto Santarém é uma cidade bastante grande e com uma alta demanda, assim muitos animais acabam não tendo como receber atendimento. Além disso, a nossa cidade não possui um lugar especial para tratar e cuidar dos bichos de rua, que soltos dividem espaço com os animais que até possuem tutores, mas estes infelizmente não cuidam do bem estar de seus animais.
SOLUÇÕES
Para que haja a diminuição de abandono e soltura de animais nas ruas é necessário um trabalho conjunto entre o governo municipal e a população, pois todos nós temos nossa parcela de responsabilidade.
O papel do município seria então oferecer um atendimento de fácil acesso para os casos de animais abandonados. O Centro de Controle de Zoonoses de Santarém é difícil de contatar, pois ao ligarmos para o número vinculado ao seu contato em buscas na internet ouvimos a mensagem de que “o número não pode receber chamadas ou não existe”. No ano passado também foi anunciado que a cidade passaria a contar com um “castramóvel”, um veículo equipado com uma unidade de castração gratuita de cães e gatos a ser oferecido à população, o que levaria a diminuição da reprodução desenfreada desses bichos e posterior abandono nas ruas. No entanto, não foi possível saber como se dá o funcionamento do castramóvel e se ele ainda atua, pois também não foi possível encontrar nenhum contato para verificação.
Sendo assim, no momento o único atendimento que animais de rua recebem se dá através de ONGs que atuam no município. E para elas essa é uma tarefa solitária e desgastante. Para se ter uma ideia, uma dessas ONGs recentemente encerrou as suas atividades por conta da alta demanda, pois os voluntários sozinhos e sobrecarregados acabaram não tendo mais condições de realizar o trabalho.
Por fim, a população também tem que fazer a sua parte cuidando e zelando pelos animais que “pegam para criar”, como popularmente é falado. Adotar é um ato de amor, e o cuidador deve oferecer vacinação, alimento e abrigo ao animal, não permitindo o acesso dele à rua, pois esses passeios são perigosos não só por conta de doenças que podem afetar a eles e aos seres humanos como também por conta de acidentes, como inicialmente discutido.
Por fim, sabendo dessa situação caótica, é interessante alertar os motoristas para que tomem cuidado e façam a sua parte prestando atenção total ao trajeto, para evitarem imprevistos; respeitem os limites de velocidades estabelecidos, reduzindo em áreas populosas e redobrando os cuidados ao passar por estradas próximas de matas fechadas.
PROPOSTA DETERMINA O RECOLHIMENTO DE ANIMAIS SOLTOS EM VIAS TERRESTRES
O Projeto de Lei 1211/21 prevê multas e penalidades, como o recolhimento, no caso de animais soltos em vias terrestres. O texto em análise na Câmara dos Deputados altera o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
“A presença de animais soltos nas vias terrestres abertas à circulação, ou então conduzidos em desacordo com a norma, é fator de risco para a segurança do trânsito e causa de acidentes”, afirmou o autor da proposta, deputado João Maia (PL-RN).
Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que, do início de 2017 até junho de 2019, 5.216 acidentes nas rodovias federais envolveram o atropelamento de animais, com 263 mortos e 3.222 feridos. “No mesmo período, 105.110 animais foram recolhidos, média de aproximadamente 115 por dia”, reforçou Maia.
A proposta prevê tipos de infração e penalidades conforme o porte do animal, com multas e agravantes em caso de reincidência. As penalidades serão arcadas pelo responsável pelo episódio, ainda que não seja proprietário ou tutor.
Quando for determinado o recolhimento do animal, caberá obrigatoriamente ao município oferecer as condições adequadas para abrigo e coibir maus-tratos. Para isso será possível a formalização de convênio com entidades credenciadas.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Viação e Transportes; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. (Com informações da Câmara)
RG 15 / O Impacto