Lado obscuro da beleza: Padrão estético que até mata

“Taxa da mortalidade para lipoaspiração é de 19 mortes a cada 100 mil cirurgias”

Por Diene Moura

O lado obscuro da beleza está relacionado a busca incansável de milhares de pessoas por um padrão estético que trás conseqüências ainda mais graves, principalmente quando deixam seqüelas físicas, mentais ou ate de forma letal, causando  a morte. Atualmente é notório que as redes sociais influenciam e idealizam normas estéticas que transformam o  modo de pensar e agir desencadeando um conceito de beleza considerado aceitável na sociedade.  Tais imposições expostas por “influenciadoras” que vendem a ideia de corpo escultural e rosto perfeito contribuem na disseminação de um método drástico de alterações que pode gerar insatisfação, dor, angústia, transtornos alimentares e problemas de saúde mental.

O termo que define o que é belo de acordo com os parâmetros e ideais da cultura de uma sociedade,  ganha mais ainda a popularização de jovens e adolescentes  que levam a custearem cirurgias plásticas. O Brasil é o segundo país que mais realiza número de cirurgias plásticas no mundo, segundo a Sociedade Internacional  de Cirurgia Estética (ISAPS), só em 2019 foram realizados mais de um milhão de cirurgias  plásticas e 969 mil procedimentos estéticos não cirúrgicos. Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP), no ano de 2016 cerca de 97 mil adolescentes entraram em uma sala de cirurgia.

A indústria da beleza formada também por academias, salões de beleza e até farmácias emprega direta e indiretamente 2,5 milhões de pessoas.  O estilo de vida determinado como “saudável” serve como apreciação coletiva a ponto de reprimir sentimentos e identidades do indivíduo que são naturalizadas no cotidiano. Nesse contexto pelo alcance da perfeição é que problemas em nome da aparência começam a surgir, além de erros médicos em cirurgias plásticas, existem também doenças como bulimia, anorexia nervosa, vigorexia e ortorexia que vão em acordo “ilusório” com o sucesso social, profissional, afetivo e não rejeição da sociedade, construídos por um marketing de pressão estética.

Os danos causadas por resultados de cirurgias não alcançados são registradas como causas “externas”, ou seja, não há dados oficiais sobre mortes por cirurgias estéticas no país.  Na lista, são denominadas como acidente, agressões e até mesmo complicações de assistência médica e cirúrgica, além de que muitos casos não são notificados e outros passam despercebidos pela mídia, que é a principal fonte para contabilizar nas pesquisas.  Embora, exista um projeto de lei (P.L 9.602/ 2018)  que pretende regulamentar a notificação compulsória de mortes ou complicações não fatais em cirurgias estéticas, as certidões de óbitos de pessoas que faleceram em decorrência de procedimentos estéticos ainda apresentam falhas em informações, que servem para mascarar possíveis erros médicos e bloqueiam soluções que poderiam ser essenciais para salvar outras vidas.

Vaidade pode matar

Os números trágicos que vitimizam desde cidadãos comuns até celebridades, esbarram em porcentagens imprecisas e apontam as mulheres como as mais vulneráveis. De acordo com o pesquisador  Di Santis, entre as vítimas estão incluídas 98% de mulheres  casadas das faixas etárias de 21 a 50 anos de idade.  De 54% dos procedimentos realizados em hospitais, cerca de 45% ocorrem mortes após o procedimento da cirurgia e um dado ainda mais alarmante , é que 83% das mortes acontecem na primeira semana pós- operatório.

O procedimento que mais causa óbitos é a lipoaspiração – cirurgia plástica indicada para retirar o excesso de gordura localizada numa determinada área do corpo como barriga, coxas, flancos, costas ou braços a fim de melhorar o contorno do corpo, está associado a 62% do total de morte. Estudo indicam que a taxa da mortalidade para lipoaspiração é de 19 mortes a cada 100.000 cirurgias realizadas, mas isso não significa que  todo procedimento dará errado, contudo, há riscos de complicações, como  em qualquer outra cirurgia médica.

Portanto, algumas questões devem ser levadas em consideração antes de qualquer medida que possa alterar a forma física de qualquer indivíduo. Os especialistas informam que a precaução ainda é a melhor forma de evitar possíveis erros fatais.

Algumas recomendações são importantes, bem como realizar exames (cardíacos, imagem, urina, sangue) para verificar se o cidadão goza de boa saúde, alimente-se bem, prepare seu psicológico, busque informações sobre a cirurgia,  evite automedicação e procure um profissional de confiança; verifique se é registrado; qual especialidade; titulação e local onde opera. A busca por médicos através da internet se torna perigosa, é possível encontrar o nome de todos os cirurgiões plásticos cadastrados no Brasil, através do site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (site da SBCP).

RG15/O Impacto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *