Pandemia da covid-19 causou diminuição na expectativa de vida do brasileiro

Por Thays Cunha

Quando, ainda no final do ano de 2019, começaram os primeiros rumores sobre um novo vírus capaz de contaminar seres humanos a notícia gerou pânico em alguns, assim como foi minimizada por outros, uma vez que as informações ainda eram escassas e pouco se sabia sobre a covid-19 e quais os seus efeitos no corpo de uma pessoa. Em março de 2020 o vírus começou a fazer estragos no país e agora, que já estamos no final outubro de 2021, somente em nosso território já foram contabilizadas 600.000 mortes.

O coronavírus levou o mundo a sofrer não somente por conta da pandemia, que ceifou inúmeras vidas, mas também por conta de toda a recessão econômica e social que ela vem causando. E além de todos os óbitos e o aumento exponencial do desemprego, muitos avanços foram também perdidos, como na área da saúde, por exemplo.

Assim até mesmo a longevidade da população foi afetada. Avaliando demograficamente a taxa de mortos em 2020, uma pesquisa chamada “Reduction in the 2020 Life Expectancy in Brasil after Covid-19”, realizada por universidades norte-americanas juntamente com Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chegou à conclusão de que a expectativa de vida do brasileiro foi reduzida em quase dois anos, voltando ao mesmo nível do ano 2013.

Os dados apontam que a maior queda na expectativa de vida se deu entre os brasileiros da região norte, com a redução chegando em estados como o Amapá e Amazonas a quase 4 anos. Em relação ao gênero, os homens apresentaram maior queda em sua expectativa de vida.

Isso mostra que o Brasil perdeu com a pandemia da covid-19 todo o ganho em expectativa de vida que havia conseguido alcançar durante as últimas décadas.

POSSÍVEIS MOTIVOS

Os possíveis motivos apontados para essa redução de expectativa de vida estão atrelados à pandemia e suas consequências. Primeiramente, muitas pessoas adoeceram por conta da covid-19 e mesmo após a infecção ficaram com sequelas que diminuíram a sua qualidade de vida. Depois, por conta dos hospitais lotados e do distanciamento social houve redução na prevenção, tratamento e diagnóstico de outras doenças. A questão econômica também é um fator, pois o aumento da pobreza aumenta a desigualdade da população, que mais frágil não tem acesso a tratamentos quando adoece.

MALES PÓS-COVID

Apesar de estarmos “finalizando” o segundo ano em que enfrentamos essa pandemia ainda há muitas dúvidas sobre o novo coronavírus. Ainda não se sabe por que há pessoas que ficam gravemente doentes, vindo a óbito, há pessoas que ficam levemente doentes, sentindo apenas mal estar, e há até mesmo pessoas que não sentem absolutamente nada, mesmo contaminadas. E embora haja a tentativa de se criar um perfil sobre os mais vulneráveis ao vírus ainda vemos muitas pessoas com doenças crônicas se recuperarem enquanto indivíduos saudáveis e sem histórico de doenças acabam morrendo.

Outro fator intrigante sobre o novo coronavírus é relacionado aos rastros que ele deixa quando vai embora, ou seja, alguns indivíduos, apesar de curados da infecção, acabam apresentando sequelas e problemas que, dependendo do caso, podem ser graves. Não são raras as histórias de pessoas super ativas que meses após serem contaminadas pela covid-19, seja de forma grave ou não, relatam queixas com as quais antes não lidavam, como, por exemplo, raciocínio lento, fadiga, perda de memória, ansiedade, etc. Além disso, novas pesquisas apontam que o vírus da covid pode até mesmo acordar ou provocar respostas parecidas com doenças autoimunes.

EXPECTATIVA DE VIDA

Para modificar esse quadro é necessário que sejam aplicadas medidas por parte do poder público que possam aumentar a qualidade de vida dos brasileiros, consequentemente aumentando também a sua expectativa de vida.

A melhora nas condições de saúde é um grande fator para alcançar esse objetivo,  detectando e tratando doenças antes que se agravem. Para isso é importante realizar campanhas de conscientização para que as pessoas não só possam procurar ajuda médica ao apresentarem sintomas como serem prontamente atendidas de acordo com a necessidade. Melhorar o saneamento básico, coleta de lixo, tratamento de esgoto também é uma importante ferramenta no combate a doenças que afligem a população. A vacinação, não só contra a covid-19, mas contra outras doenças, também deve ser fomentada. São medidas aparentemente simples, mas com impactos enormes, principalmente entre os mais pobres, que são os que mais necessitam utilizar o sistema público de saúde.

RG 15 / O Impacto

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