Nota de Falecimento – Radialista Gerson Gregório
Com pesar comunicamos a morte do ícone do rádio santareno, Gerson Gregório, ocorrida nesta quarta-feira(27). “Cumpadi Gérson”, como era popularmente conhecido, estava internado na Upa 24h.
Durante décadas integrou o quadro da Rádio Rural de Santarém.
A Direção e colaboradores do O Impacto se solidarizam com familiares e amigos.
Nossas condolências.
Em 2017, Gerson concedeu entrevista ao O Impacto. Acompanhe:
Gerson Gregório – A voz marcante da madrugada santarena
“Cumpadre Gerson” marcou seu nome no rádio com o programa “Alvorada Rural”
Quem conheceu o trabalho do Gerson Gregório através do Rádio, primeiro na Rádio Clube de Santarém e depois na Rádio Rural, onde apresentou por muitos anos o programa “Alvorada Rural”, das 4 às 6 da manhã, de segunda a sábado, por mais de 30 anos, hoje sente saudade do “Cumpadre Gerson”, como era conhecido, já que está aposentado. Uma lenda viva do rádio santareno, Gérson Gregório, que é natural de Juruti, é uma pessoa carismática, do bem e de grande coração, recebeu nossa reportagem em sua residência e concedeu entrevista à TV Impacto e Jornal O Impacto. Veja a entrevista:
Jornal O Impacto: Fale para nós um pouco de sua vida profissional.
Gerson Gregório: Eu comecei minha vida profissional como funcionário público, depois que eu voltei da “Terra da Garoa”. Primeiramente eu estive em São Paulo, depois vim para Juruti, e ali passei a ser funcionário da Prefeitura. Quando apareceu outra oportunidade, onde foi criado o serviço autônomo de água e esgoto, tornei-me diretor do órgão, após realizar um concurso. Um tempo depois eu pedi demissão. Vim para Santarém a convite do amigo Sampaio Brelaz, para participar de uma entrevista na Rádio Clube, que ele trabalhava lá, para ver se dava para eu ficar. Quando eu cheguei, o dono da Rádio Clube me ouviu, e disse: “Você tem 15 dias para fazer um teste, caso não dê certo, vou lhe dispensá-lo”. Eu falei: “Tudo bem!”. Então, ficou certo assim. Quando foi no outro dia, que eu cheguei lá, comecei fazendo uns comerciais. Já no outro dia que eu cheguei novamente, outro colega dono do programa falou: “Cadê o rapaz?”. Ai o técnico de som disse: “É para você assumir a partir de hoje”. “Num pode, ontem o homem me deu 15 dias de teste”, eu disse. “Não, a partir de hoje você assume”, retrucou. Depois eu saí da Rádio Clube, aí foi o tempo do professor Manuel Dutra, que era o diretor da Rádio Rural, me convidou e eu aceitei o convite, onde fiquei lá por mais de 30 anos.
Jornal O Impacto: A Rádio Clube naquela época, quando ele foi contratado, era de propriedade do advogado Armando Fonseca. Ele comprou esta emissora, e tentou reorganizar inclusive, e dentre outros profissionais, o Gerson passou por ali, como eu também passei (Osvaldo de Andrade). Quando o Gerson chegou na Rádio Clube, eu já estava lá também, trabalhando desde 1969, depois fiz uma pausa, e voltei em 1972. Voltando aqui para o Gerson, na rádio rural você tem muita história, conquistou muitos títulos, diplomas e fez muitas amizades.
Gerson Gregório: É verdade. Hoje estou aposentado, mas é isso que você falou, conquistei, inclusive o titulo de Cidadão Santareno, através da Câmara Municipal.
Jornal O Impacto: Além de radialista, você, também, se dedicou à fotografia?
Gerson Gregório: Eu estava em São Paulo, um amigo que estudava comigo, me convidou para ir na sua casa. Chegando lá, tinha um estúdio fotográfico bonito que ele tinha, aí me perguntou se eu queria ser fotógrafo. Mandou-me pegar uma máquina, me ensinou. Nas primeiras fotos que fiz, ele disse que eu tinha jeito para coisa. A partir daí ele ficou me incentivando, e quando eu saí de lá, tinha um edifício de 12 andares, que eu cansei de bater foto, que ele mandava. Quando cheguei em Santarém, continuei nesse ofício. Trabalhava na rádio, mas nas horas vagas fazia os bicos com a fotografia. Podia ter 10 fotógrafos ali na Garapeira Ypiranga, mas quem me conhecia, me via por ali, perguntava: “-Cadê o Gerson?”, pois gostavam do meu trabalho.
Jornal O Impacto: Como chegou a forma carinhosa de lhe chamar “Cumpadre Gerson”?
Gerson Gregório: Porque quando eu trabalhei na Rádio Clube, no programa eu dizia: – Bom dia fulano de tal! Bom dia minha amiga fulana de tal! Mas quando eu passei para a Rádio Rural, eu mudei. Passei a falar compadre. Tanto que o Dom Tiago, quando chegou lá, falou para o Manuel Dutra, que a rádio agora tinha compadre de todo mundo. Aí o professor disse: “É uma aquisição nova”. No mesmo momento eu cheguei. E ele disse, olha, é este aqui. Então, Dom Tiago disse: “Oh! jovem, mas rapaz, mas você tem muito compadre”. Eu disse: “É verdade!”. Então, eu passei a tratar as pessoas como compadre. Mas aí virou zorra. Passaram a também me chamar de compadre. Quando eu terminava o programa, eu dizia: “Benção minha mãe, benção meu pai. Diga aos amigos que procuraram saber de mim, que eu estou bem. Aos inimigos, que quiseram saber da minha vida, diga que estou muito melhor”. No dia que eu não falava isso, as pessoas telefonavam, dizendo que eu não havia me despedido naquele dia.
Jornal O Impacto: O Gerson tem uma história muito bonita no rádio. Uma história de vida, com uma família maravilhosa. Eu me lembro que tem um detalhe, que ele vai falar agora para a gente. É que ele também citava no programa dele, a família, se dirigindo aos filhos dele.
Gerson Gregório: Falava o nome de cada um dos meus filhos, e no final dizia: “Esses são os meninos mais bonitos do mundo”.