Alerta – casos de AIDS na região norte avançam entre os homens heterossexuais
Por Thays Cunha
De vez em quando o mundo é surpreendido por alguma nova doença capaz de atacar humanos. Infelizmente isso faz parte do ciclo natural das coisas, desse modo a ciência está sempre tentando ficar um passo a frente de qualquer possível moléstia antes que ela possa causar grandes estragos. Porém, há casos desafiadores que apesar de serem estudados há décadas ainda não possuem uma cura definitiva.
Nesse rol de doenças incuráveis está a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), causada pelo vírus HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana), que ataca o nosso sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Os primeiros casos foram observados no início dos anos 80 quando um grande número de pacientes adultos, homens e homossexuais, moradores de São Francisco e Nova York, nos Estados Unidos, apresentaram problemas de saúde envolvendo o comprometimento do seu sistema imune, o que acendeu o alerta para o surgimento de uma nova doença. Identificado nos anos seguintes, o vírus infeccioso e transmissível logo começou a fazer suas vítimas.
GRUPOS DE RISCO
Embora ainda não se saiba qual a sua origem, por conta do perfil relacionado aos primeiros casos a serem relatados criou-se um chamado grupo de risco, ou seja, acreditava-se que somente determinadas pessoas que apresentavam certo tipo de comportamento poderiam se infectar e serem infectadas. E por causa dessa ideia inicial, ainda difundida nos dias hoje, muitos ainda se contaminam e contaminam outras pessoas, por vezes levando anos até perceberem.
Eram descritos como mais suscetíveis as pessoas que trabalhavam com a prostituição, por conta do sexo desprotegido e rotatividade de parceiros sexuais, assim como os homossexuais do sexo masculino. Na realidade, por muito tempo os gays foram os que mais sofreram não só com a doença como também com os estigmas causados por ela tanto física, emocional e socialmente.
No entanto, agora sabemos que o HIV pode adentrar no organismo de qualquer pessoa, independente de cor, gênero, idade e orientação sexual, pois é possível se infectar durante qualquer prática sexual realizada sem o uso de preservativos, através do compartilhamento de seringa, transfusão de sangue contaminado, da mãe infectada para o bebê durante a gravidez, parto ou amamentação, e o uso de objetos que furam ou cortam que não foram devidamente esterilizados.
HOMENS HETEROSSEXUAIS
Uma pesquisa realizada em 2020 pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde mostra uma mudança do que antes era tipo como perfil de propensos a se infectar com o vírus HIV, pois os dados apontam que na maioria das regiões o segmento que mais se contamina são os homens heterossexuais, o que é bem diferente da ideia de que apenas a população LGBTQIA+ seria a mais contaminada.
Além disso, essa maior exposição de homens héteros ao vírus se deu nas Regiões Norte e Nordeste. Segundo a pesquisa, “As regiões Norte e Nordeste apresentaram tendência de crescimento na detecção: em 2009, as taxas registradas dessas regiões foram de 20,9 (Norte) e 14,1 (Nordeste) casos por 100 mil habitantes, enquanto em 2019 foram de 26,0 (Norte) e 15,7 (Nordeste), representando aumentos de 24,4% (Norte) e 11,3% (Nordeste)”.
POR QUÊ?
A ideia de que não fazem parte de um grupo de risco faz com que muitos homens heterossexuais não utilizem nenhum tipo de preservativo durante as suas relações sexuais. Assim, acreditam que não possuem chance de se contaminar com o vírus. Muitos homens héteros associam o HIV à ausência de masculinidade, então não comentam e nem se informam sobre os métodos de prevenção. Outros, mesmo sabendo que estão contaminados não se tratam e acabam por contaminar também as suas parceiras. Segundo a Unaids, 80% das mulheres adquirem o vírus do HIV anualmente através de seus maridos e namorados.
O uso da camisinha também é uma carga por vezes cobrada somente da mulher, e com a única função de se evitar uma gravidez. Assim, muitos homens mantém relações sexuais com inúmeras parceiras sem preservativo desde que elas utilizem algum método anticoncepcional.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
É imprescindível o uso de camisinha em toda e qualquer relação sexual, mesmo que estável. Em relação às outras formas de contágio, deve-se evitar compartilhar seringas, e as mulheres grávidas devem realizar o pré-natal para acompanhamento.
Para quem quiser saber como anda a sua saúde, a rede estadual de saúde dispõe de testes rápidos nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). A pessoa tira uma gota de sangue apenas e em 30 minutos recebe o resultado de forma gratuita e sigilosa. Para tratamento, desde o ano de 1996 o Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente todos os medicamentos necessários às pessoas com AIDS, e desde 2013 garante o tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente da carga viral.
CENTRO DE REFERÊNCIA
O Centro de Referência CTA/SAE de Santarém atua na promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamentos de infecção por IST/HIV/AIDS/Hepatites Virais B e C, de referência ao bloco aos 19 municípios da região, como: Alenquer, Almeirim, Aveiro, Belterra, Curuá, Faro, Itaituba, Juruti, Jacareacanga, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Novo Progresso, Óbidos, Oriximiná, Prainha, Placas, Rurópolis, Terra Santa e Trairão.
O CTA/SAE de Santarém conta com equipe multiprofissional, composta por: médicos infectologistas, assistentes sociais, bioquímicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, biólogo, biomédicos, técnico de enfermagem, auxiliar administrativo, técnicos em biodiagnósticos, serviços gerais, vigilante e motorista.
RG 15 / O Impacto