Empreendedor denuncia poluição no Rio Tapajós
Na manhã desta sexta-feira (7), chegou até a nossa redação uma carta dirigida aos nossos governantes, onde destaca negativamente as ações do homem sobre o Rio Tapajós. O apoio e legalização das autoridades para a prática garimpeira na região tem contribuído para consequências irreparáveis no ecossistema. Este é um dos fatos levantados pelo empreendedor instalado em Alter do Chão, identificado pelo prenome de Vicente, acompanhe o texto a seguir:
“Eu sou Vicente, eu trabalho no ramo do turismo há vários anos, na região do famoso “Polo Tapajós” incluindo Santarém – Alter do Chão – Belterra. Eu decidi me instalar aqui para praticar um Ecoturismo sustentável por várias razões. Primeiramente, o potencial de desenvolvimento turístico estava e ainda está gigante, tanto que a região é quase desconhecida no Brasil inteiro, sem falar no mundo, mesmo que Alter do Chão tenha acabado de receber o título do melhor destino turístico Nacional em 2021!
Será que existe melhor região do mundo para oferecer um Turismo Ecológico do que a Amazônia?!
Que melhor povo Brasileiro que esse daqui precisa se beneficiar da sustentabilidade do nossos projetos empresariais? E assim, foi pra mim uma evidência, quando tudo se encaixou naturalmente… minhas convicções ambientais, meu encanto com as riquezas dessa terra, meu empreendedorismo – tudo isto interligado pra compartilhar nossas Belezas Naturais, Culturais e Culinárias com visitantes de um lado, e do outro permitir o desenvolvimento social das Comunidades humildes locais, que vivem tão longe das áreas desenvolvidas do país! Isto causa uma satisfação enorme no meu coração.
Mas agora aparecem “ nuvens” sobre um projeto que é uma realidade em ação! Enquanto Alter do Chão recebia seu prêmio, enquanto turistas nacionais e internacionais elegiam a gastronomia paraense como a melhor do país, enquanto as reservas foram aumentando e potencializando nosso turismo receptivo, enquanto muitos novos projetos hoteleiros e também restaurantes, museus com foco na valorização da biodiversidade do polo Tapajós, enfim, quando todo este desenvolvimento está “ borbulhando”, aparece esta “nuvem” que não é vista no céu, mas sim do céu!
Se os turistas que passam não percebem, nós, amantes do Tapajós, já tínhamos visto que nosso cônjuge estava mudando de cor. Nos últimos dias, o respeitável Dr. Jennings trouxe-nos definitivamente a triste prova de que as ações do homem sobre o Rio Tapajós têm consequências irreparáveis no ecossistema. As imagens aéreas são definitivas!
Quando avistamos os tons intactos do Rio Arapiuns, Lago Verde e Jurucuí ou dos igarapés do Aramanai e agora o novo tom ocre do Tapajós, podemos somente nos perguntar: Onde está seu azul profundo? Aqui esta nosso querido rio perdendo sua cor além de perder seus peixes. Irreparavelmente, chegará o tempo em que ela perderá o turismo e perderemos nossos investimentos!
Não adianta apontar o dedo para os ilegais garimpeiros, eles obviamente são culpados disso, mas tanto quanto os garimpeiros legais e as autoridades que os legalizam e apoiam. O que estamos recebendo aqui são apenas as consequências dessas gigantescas operações de mineração e extrações. O mercúrio mata a biodiversidade e vai matar nosso turismo, nossos negócios, nossos empregos e a sustentabilidade que foi implementada.
Já foram anos de diferença na qualidade de vida entre os brasileiros do Norte e do Sul, vamos somar a isso uma fração entre o Norte do Pará onde a flora e a fauna sempre sofrerão mais, onde não será possível se alimentar de peixe, nem de se banhar ali, perdendo todo atrativo turístico. Em contra partida, no Sul do Pará os garimpeiros estarão felizes e sempre mais ricos em ouro – festejarão entre eles e convidando estrelas da canção, se vangloriando de ser os maiores produtores de ouro no Brasil.
Nossos governantes devem fazer a pergunta e levar o assunto em consideração agora!
Prefeito Macedo e Aguiar, Governado Helder, Ministro do Turismo Machado e do meio ambiente Leite vieram recentemente na região, por que vocês querem hoje estimular um turismo “verde” que logo morrerá se esta imponente questão ambiental de Itaituba não for rapidamente considerada e dominada? As ações legais ou ilegais de um pequeno grupo terão enormes repercussões ambientais, econômicas e de saúde pública para toda a região!
Não é o pequeno empresário que sou que o diz, mas a história, basta ver o que já aconteceu em outros lugares do mundo, onde quer que tenha ocorrido a exploração mineira e o uso de seus produtos químicos no circuito de limpeza do material extraído, a vida desapareceu por toda parte! Esta é uma carta dirigida a vocês, nossos dirigentes citados, e como qualquer carta, ela aguarda sua resposta, antes que nosso Tapajós, nosso Turismo e nossos empreendimentos morram.
Cordialmente,Vicente”.
O Impacto
Fotos: Erik Jennings