Revendo Belterra
Por José Ronaldo Dias Campos*
Repassando por Belterra veio à mente a primeira vez que lá estive, há mais de 50 anos, quando ainda era criança.
Colada a Santarém, a poucos minutos de carro, avistava-se a bela terra, de vegetação espessa, sombreada pela copa das árvores, destacadamente a seringueira, objeto de cobiça mundial no passado remoto.
Projetada funcionalmente, com arruamento alinhado, casas modeladas em série, diferia de tudo o que já havia visto: era como se não estivesse no Pará.
Embora se apresentasse como um bairro distante de Santarém, era administrada pela União, com horário diferenciado e clima do sul, que me fazia tiritar de frio nas poucas noites que lá passei quando criança.
Tudo lá era de primeiro mundo: ótimas residências, luz elétrica, água potável encanada, hidrantes, serviço hospitalar de qualidade, emprego público bem remunerado etc.
Hoje, a Belterra emancipada é uma cidade triste, desmatada, calorenta, empobrecida, com suas casas em ruínas, a exemplo de Fordlândia, longe do idealizado por Henry Ford, que nos legou tão grandiosa e bela estrutura.
Se olharmos do alto, sobrevoando a cidade, a conclusão é ainda pior, em razão do desmatamento desenfreado pelo plantio da soja.
Fiquei reflexivo com o que vi.
O Impacto