Uso indiscriminado de energético aumenta risco de infarto entre adolescentes
“Consumo exagerado gera efeitos nocivos, como arritmias cardíacas e hipertensão”
Por Diene Moura*
O consumo indiscriminado de energéticos entre adolescentes no dia a dia ou nas baladas, se tornou motivo de preocupação para os especialistas. O fácil acesso em supermercados e a perigosa mistura com bebidas alcoólicas representa riscos à saúde, que podem ser fatais, isso porque a presença de sustâncias como a cafeína, açúcar e o guaraná, aliado a outros ingredientes em grandes quantidades ultrapassam o recomendado pelos órgãos de saúde.
O problema não está em sua utilização para repor as energias, mas sim no consumo exagerado que gera efeitos nocivos, como arritmias cardíacas, hipertensão, estimulação do sistema nervoso central, vômitos, acidose metabólica, convulsão, parada cardíaca e até mesmo a morte entre jovens e adolescentes. Já nos adultos, aumenta a possibilidade de hipertensão e diabetes, já que a cafeína reduz a sensibilidade à insulina.
As principais complicações cardiovasculares decorrentes do uso excessivo dos energéticos são os picos hipertensivos, irritação do músculo do coração (miocárdio) e as arritmias, como citado anteriormente. Após os primeiros 45 minutos de ingestão, de modo geral, ocorre um pico da substância na circulação sanguínea, deixando o indivíduo mais alerta, atento e concentrado. O produto ainda causa o efeito de redução do cansaço, sono e fadiga mental. Contudo, a cafeína começa a diminuir seu efeito e com o passar do tempo o organismo sente a necessidade de repetir a dose.
De acordo com especialistas, as consequências da cafeína presente no energético é duas vezes mais arriscada do que o próprio café, haja vista que é ingerida quente e portanto sua ingestão é demorada, diferente do energético que é gelada. A arritmia pode ser desencadeada até mesmo em pessoas sem nenhuma doença cardíaca conhecida. Isso acontece porque os energéticos são estimulantes neuropsíquicos e podem ser muito deletérios para o corpo, principalmente se tomados juntamente com bebidas alcoólicas.
Grupos de Estudos direcionados à cardiologia afirmam que campanhas e propagandas das mais de 500 marcas de energéticos difundidas no país, comparadas a de cigarros, estimularam o uso entre os mais jovens no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes no mundo e portanto orienta o consumo moderado, principalmente nas faixas etárias, e que envolvem, crianças, gestantes, nutrizes, idosos e pessoas com doenças, o uso deve ser feito após consultas médicas.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém a segurança e controle de qualidade para o consumo. Conforme a resolução específica, é regulamentada uma quantidade de cafeína no energético. “Com base nessa resolução, bebidas energéticas brasileiras não poderão conter mais do que 350 mg/l de cafeína, o que significa dizer que uma lata de bebida energética de 250 ml contém, no máximo, 87,5 mg de cafeína. Segundo dados da consultoria Kantar, do volume de energéticos consumidos em 2019, 1% ficou na faixa dos 11 a 17 anos; 26% de 18 a 29 anos; 18% de 30 a 39 anos; 28% de 40 a 49 anos; e 28% na parcela de pessoas com mais de 50 anos.
Não existe restrição para o consumo, no entanto, o uso moderado e outras recomendações evitam problemas de saúde e mortes súbitas por arritmias. Para ter mais disposição, os médicos orientam manter a qualidade de vida através de uma rotina saudável, bem como alimentação rica em vitaminas e proteínas, organizar horários para equilibrar o organismo ao ritmo do dia-a-dia, tome banho de sol, além das práticas de atividades físicas para proporcionar bem-estar, foco, animação e não ter que recorrer ao consumo de energético em excesso.
O Impacto