Associação de Empreendedores rebate afirmações de Pixica sobre problemas em Alter
Por Thays Cunha
No início da semana, durante entrevista, O Impacto conversou com o Secretário de Cultura Luís Alberto Pixica sobre diversas reclamações recebidas em relação à infraestrutura da vila balneária de Alter do Chão, que estaria precária e não de acordo com as propagandas que a definem como o “melhor destino turístico do mundo”.
Segundo moradores da vila, estaria havendo um inconveniente gerado pela abertura de um buraco para manutenção da tubulação de água, e cujo problema já perduraria há cerca de um ano. Além disso, há queixas sobre entulho nas ruas, lixo indo parar nas águas do Tapajós e outros.
Sobre o buraco, aberto para concerto da tubulação, o secretário Pixica afirmou que não seriam os moradores que estariam reclamando, mas uma pessoa em particular. “É uma pessoa só, a qual eu sei quem é, que reclama da tubulação. Não é verdade, porque não perdura um ano. Eu estou lá como agente distrital há seis meses, entrei em julho acumulando o cargo de agente distrital e secretário de cultura, e então nos deparamos com esse problema e imediatamente mandamos fazer o serviço, que foi um serviço feito pela COSANPA que deixou a tubulação naquele estado. Nós refizemos e novamente parece-me que a COSANPA foi e fez um outro serviço e deixou pela metade, e nós já refizemos também. Portanto não é nenhum motivo de alarde, na verdade é uma pessoa que reclama pelo interesse da sua pousada e por conta disso a gente até entende qual é o posicionamento dela, mas eu quero dizer de que não é verdade que isto perdura por um ano, porque eu estou lá há seis meses apenas e desde que eu cheguei lá a gente tem resolvido os problemas que têm nos aparecido”, disse.
Com relação ao lago Cauarí, que está passando por processo de assoreamento devido à presença de entulhos que para lá são escoados com a água das chuvas, o secretário também se manifestou. Segundo ele, “essa areia, terra, que pode sim ocorrer de escoar ao lago, é oriunda da colocação nas ruas de Alter do Chão. O que precisamos é fazer um serviço de infraestrutura muito grande e isso já está programado, inclusive. Temos um investimento que será feito ainda esse ano, em torno de 6 milhões de reais, uma emenda oriunda do deputado federal Priante, para o asfaltamento, e lógico teremos que fazer toda a drenagem. E consequentemente a gente vai eliminar muito desse problema de escoar a terra, o entulho, que é colocado nas ruas para não seguirem aos lagos. É uma situação peculiar que a gente tem enfrentado, mas infelizmente ainda não temos condições de solucionar todo esse problema, até por falta de estrutura administrativa. Estamos trabalhando de forma séria e estudando a possibilidade de criarmos em Alter do Chão uma sub-prefeitura para lá termos alguns funcionários e orçamento que possa dar o tratamento especial que a vila merece”.
Ao ser questionado sobre a questão da coleta de lixo, Pixica falou que essa é uma responsabilidade que cabe não somente ao poder público, mas também à população. “Alter tem hoje um serviço de coleta de lixo melhor do que em Santarém: a coleta é diária e no período de final e início de ano temos duas coletas por dia. O que realmente acontece é um problema de educação. A maioria do nosso povo ainda é mal-educado, joga lixo após o horário determinado. A gente já pediu, mostrou o horário que os carros passam e o horário que é pra colocar o lixo no local destinado, mas infelizmente as pessoas ainda não estão educadas o suficiente para fazer isso. O que peço é que as pessoas possam nos ajudar a deixar Santarém limpa. Isso é responsabilidade de todos nós”, solicitou.
Entre outras melhorias que estariam sendo realizadas pela prefeitura o secretário falou sobre a instalação de banheiros químicos no balneário, a proibição de estacionamento de carros na orla e o futuro aumento da frota de ônibus que faz linha para o local. “Hoje Alter tem 10 bairros, e que foram criados de forma desordenada. Estamos atentos para tomar providências. Iremos fazer esse levantamento de bairros para que a população viva com tranquilidade. Não podemos pensar só nos turistas”. Além disso, “Ano passado foi feita uma reforma no posto de saúde. Alter está tendo atenção especial. Estamos com ambulância e com dois locais que podem atender à população. Não estamos 100%, mas estamos melhorando e isso é um grande passo”.
ASSOCIAÇÃO DE EMPREENDEDORES
Após a veiculação da entrevista do Secretário Luís Pixica na plataforma online do O Impacto, a Associação dos Empreendedores de Turismo em Meios de Hospedagem de Alter do Chão (AETHA) também concedeu entrevista ao jornal, na qual rebate as afirmações feitas pelo secretário sobre a resolução dos problemas da vila. Segundo Ivo Oliveira, presidente da associação, há algumas demandas históricas que tem a ver com o meio ambiente, e há ações de caráter comportamental, que dependem da coletividade.
“No que concerne ao meio ambiente temos a concentração de dejetos jogados na frente do cartão postal maior, a Ilha do Amor. Temos vários pontos escancaradamente vistos pelos turistas e moradores, principalmente na baixa dos rios, nos quais você vê nas praias pontos de esgoto. Outro se trata do lixo. Onde o poder público não consegue alcançar a coleta, aquilo ali vai acumular e no momento de chuva o destino acaba sendo o rio em diversos pontos”, disse.
Em relação à coleta de lixo no balneário, Ivo elogiou esse aspecto, mas acredita que não seja o suficiente. “Temos o pensamento de que o poder público não precisa vir com o tom punitivo, de cobrança, mas há de se fazer algum esforço em caráter educacional, com fiscalizações. Não existem fiscalizações nem provisoriamente e nem de forma permanente. Impor uma certa limitação à população. E essas questões comportamentais, como lixo, excesso de barulho, podem ser resolvidas de forma em definitivo com ações educativas”.
O presidente da AETHA também criticou a fala do secretário sobre a implantação dos banheiros químicos na vila como uma alternativa bem sucedida. “Ter banheiro químico na Ilha do Amor nunca foi a solução. Chega a beira do ridículo ouvir o ente público falar de ter banheiro químico lá como sendo solução. Tem momentos que a gente está com milhares de turistas na praia. Não tem condição, é até vergonhoso para o escolhido como melhor destino turístico do Brasil, você ir na Ilha do Amor, principal cartão-postal, e ter dois banheiros químicos. Isso é complexo, um projeto que tem que ser feito com maior grau de complexidade, e nunca foi feito nada nem próximo do que realmente precisaríamos”.
Ivo Oliveira terminou a sua fala citando a questão dos buracos nas vias públicas. “A gente não tem [apenas] uma rua, um trabalho da COSANPA, não é [somente] uma pousada que sofre com isso, um cidadão ou um bairro dos dez que temos. É uma questão social cada governante coibir e cuidar das pessoas que ali residem, passam e deixam o seu dinheiro. Não temos só um buraco em alter, temos uma completa amostra de abandono, de descaso, em que parece que o poder público nunca foi ver o que está acontecendo. Parece que não conhecem, é outra Alter do Chão que se fala. Tememos que daqui a pouco a comunidade fique completamente descolada do rótulo de melhor destino turístico do Brasil. Parece que aquilo é uma coisa e a realidade é outra”, desabafou.
Tal fala foi corroborada pela vice-presidente da AETHA, Eliana Barreto, que acredita que ainda há muitos problemas pontuais que precisam ser urgentemente resolvidos para que o turismo possa acontecer da forma como é vendido para fora, e as pessoas se sintam bem recebidas em um espaço estruturado. “A gente tá observando um certo abandono das ruas, está visível a situação em que se encontra, não há escoamento e há erosões nas ruas não asfaltadas. Estamos lá, não só como moradores, mas a gente empreende, é necessário discutir pra gente ver uma melhoria. As ruas que não são asfaltadas estão levando detritos pros lagos, pra frente da ilha, e a areia branca não se tem mais. Tem pessoas que não voltam mais para Alter, ou que voltam e ficam tristes ao ver como está. Alter do chão pede socorro e a gente precisa ouvir”, lamentou Eliana Barreto.
RG 15 / O Impacto
Como morador e empreendedor de Alter do Chão à mais de 30 anos, venho acompanhando a negligência total dos gestores para com a Vila e seus moradores.
Espanção apitacional desordenado, os problemas só aumentando em todos os lados e, o poder público só dando as caras em épocas próximas de eventos, período de férias ou em anos de campanhas eleitorais (políticos).
As colocações do presidente AETHA, Sr. Ivo representa a voz e sentimento de todo povo de Alter do chão; se alguém dever dúvidas, que venha conferir de perto.
Muito triste mas, é a realidade.