Trânsito no Pará tem média de quatro mortes por dia
Estatísticas do Departamento de Trânsito do Estado (Detran) mostram que, em 2020, foram registrados 10.555 acidentes de trânsito em todo o Pará, com 1.438 envolvendo vítimas fatais, o que dá 3,9 mortes a cada dia. Em 2021 os registros somaram 9.626, resultando em 1.204 óbitos, equivalente a 3,3 vítimas fatais a cada 24 horas. A falta de atenção dos condutores foi a principal causa nos dois anos.
Os dados do departamento apontam ainda que em 2020 e 2021, 865 e 701 motociclistas perderam a vida no trânsito, respectivamente. Quanto aos condutores, em 2020 e 2021 foram 100 óbitos na categoria em cada ano. Apesar da redução no número de registros, tanto de acidentes como de óbitos, os números continuam elevados e preocupam.
E a quantidade alta de acidentes graves acaba se refletindo nos atendimentos do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), referência em traumas e queimados no Norte do Brasil. Segundo a unidade, 4.562 pessoas foram atendidas em decorrência de acidentes de trânsito em 2020, dos quais 2.716 precisaram de internação e 173 morreram. Em 2021, foram 4.397 pacientes, com 2.690 internados e 186 óbitos relacionados a acidentes de trânsito, resultando num aumento de 13 mortes de um ano para o outro.
Já nos três primeiros meses deste ano (janeiro a março), foram 1.035 atendimentos a pessoas acidentadas no trânsito, com 603 internações e 45 óbitos. Os pacientes atendidos no HMUE são oriundos principalmente dos municípios de Belém, Ananindeua e Marituba.
Renata Coutinho, diretora técnica do HMUE, diz que a redução nos atendimentos e nas internações foi pequena. Mas por outro lado, segundo a médica, a gravidade das ocorrências pode ter aumentado. “Não há como afirmar com toda a certeza, mas esse crescimento na gravidade dos registros pode ter ocorrido em decorrência do aumento do número de mortes de 2020 para 2021”, calcula.
Segundo a diretora, os acidentes mais graves que chegam ao hospital e que terminam em óbito decorrem de atropelamentos com motocicletas, já que grande parte das ocorrências envolve traumatismo crânio-encefálico, principalmente pelo não uso do capacete que, quando não causam a morte, deixam sequelas graves como invalidez temporária e muitas vezes definitiva. “Como as mortes cresceram podemos deduzir que houve aumento no número de motos em circulação, até por causa dos reajustes crescentes dos combustíveis verificados nos últimos meses, forçando muitas pessoas a deixarem e andar de carro”, opina.
A especialista diz que o principal remédio para reduzir o número de mortes no trânsito é a direção segura, evitando dirigir após a ingestão de bebida alcoólica e usar moto sem capacete. “Paralelo a isso, o poder público precisa desencadear não apenas campanhas educativas, mas também de vigilância relacionadas a essas práticas seguras no trânsito. O Hospital Metropolitano já faz esse trabalho de educação tanto com seu corpo funcional, como com os pacientes e acompanhantes tanto dentro na unidade, como nas ruas”, destaca.
Fiscalização procura inibir irregularidades
Nas rodovias estaduais, de jurisdição do Detran, o órgão afirma que realiza operações de fiscalização de rotina e em feriados prolongados, com o objetivo de coibir infrações que possam levar a acidentes graves.
As operações, segundo o departamento, têm como foco o combate à alcoolemia, excesso de velocidade, falta do uso do capacete e outros fatores de risco. Além disso, o Detran realiza ações educativas durante todo o ano para conscientizar os condutores sobre comportamento seguro no trânsito.
Rafael Cristo, advogado e consultor na área de trânsito, diz que a redução do número de acidentes pode estar ligado diretamente à redução da quantidade deslocamentos ocorridos nos dois últimos anos em razão da pandemia e das medidas sanitárias decretadas.
“No aspecto quantitativo os números caíram, mas no qualitativo os volumes de ocorrências e óbitos continuam altos. Os responsáveis pela condução do trânsito nas cidades e no Estado precisam entender a morfologia dessas ocorrências e diagnosticar os motivos dos acidentes e trabalhar ações educativas para sensibilizar os usuários da via”, coloca.
Fonte: DOL
Foto: Ilustrativa
De fato, são muitos os motivos para tantos sinistros de trânsito.
✓ Falar de trânsito de forma transversal no ensino infantil, fundamental e ensino médio, este último inclusive, NUNCA foi pra frente, uma vez que já existe essa previsão até na Resolução do Contran.
✓Criar um software que colete os dados estatísticos em tempo real, ou seja, no momento que chega o paciente, o setor administrativo daquela unidade de saúde já informa o sistema. Com isso, teríamos um mapa da acidentalidade muito mais preciso.
∆ Quer um exemplo?…Basta investigar os municípios com 50mil habitantes – Estes apresentam em média de 10 a 15 óbitos com quase 100% envolvendo motociclista. Com 100mil habitantes, basta dobrar esse valor. O interessante, é que para 10 óbitos, temos uma média proporcional de 1000 a 2000 Sinistros com lesão corporal (essa variação é muito grande pq depende muito da geográfica, estrutura viária e dos polos geradores)
∆Para que se tenha uma noção da leitura que podemos ter da consonância entre geografia e estrutura da via, bem como a relação destes com os polos geradores, basta tomarmos como referência o município de Paragominas como eixo:
✓ de paragominas a Dom Eliseu, os sinistros tem como causa a saída da pista e capotamento, esses dados, registrados pelo DNIT, indica o problema com falta de acostamento e muitos barrancos.
✓de Paragominas a Santa Maria, os sinistros tem como causa, colisões frontais, isso se dá pelos poucos pontos de ultrapassagem, em função da existência de aclives muito próximos do outro.
✓ de Belém a Santa Maria, os sinistros tem como causa em maior quantidade, colisões laterais (em função da existência de diversos municípios ao longo da Br-316) e colisão traseira (em função de intenso fluxo de veículos atraídos pelos mimos polos geradores, que promovem muito engarrafamentos e portanto, os motoristas descumprem fatores como deixar de guardar distância frontal e descumprem os limites de velocidade para a condição da via naquela ocasião.
Para todas essas causas, existem soluções imediatas preventivas, de médio e longo prazo, ou seja, as coisas tem que acontecerem, e condições não faltam. Ora, o Estado possui condições para instalar medidores e redutores de velocidade, além de câmeras com sistema OCR em diversos municípios, porque não criar um software para coleta de balizadores, e com eles, criarem planos de trabalho eficazes em prevenção de sinistros de trânsito.
Ainda hoje, os órgãos ficam dependentes de dados enviados através das unidades de saúde, no entanto, esperar que ocorra o envio desses dados com 30, 45, 180 ou 1ano, muitas pessoas já terão morrido, já terão deixado famílias destruídas e gerado um dano social para todo o nosso Estado e País. Esperar por esses dados por todo esse tempo é perca de tempo, pois, ao obtê-los, provavelmente construirão um plano de trabalho e ação para situações defasadas e sem a eficácia necessária, uma vez que quando falamos em sinistros de trânsito, deveríamos saber que existem causas em função de uma sinalização, da condição da via (adversas), da falta de fiscalização, da falta de ações educativas (em todas as esferas, que transcende apenas a distribuição de folhetos), as vezes se trata de um ou alguns condutores em específico, podendo ser em função de um polo gerador ou de um horário de pico, de um ou alguns dias da semana ou fim de semana…enfim.
∆ Sabiam que nos municípios, e quando falo isso, estou excluindo as Rodovias Estaduais e Federais, pq nelas as causas são outras. Estou destacando que em dias de semana (segunda a sexta) os sinistro são em média 55% de todos os eventos que geram óbitos e lesão corporal, enquanto que nos fins de semana (só dois dias – Sábado e Domingo) apresentam dados percentuais de 45% em média de todos os sinistros de trânsito?…
Dito isso, pois não dá para falar tudo, os dados estatísticos registrados, ainda são muito maiores por falta da coleta de dados correta. Portanto, ao meu ver, o Estado já caiu de maduro, pois já deveríamos ter um software criado e distribuido para os hospitais, órgãos de trânsito e de segurança pública, bem como, publicado em seu próprio site para acesso de todo a sociedade.