Câncer de cólon: entenda os sintomas e como prevenir a doença que causou a morte de Pelé
Rei do futebol, Pelé, morreu na última quinta-feira (29), com 82 anos, após ficar cerca de um mês internado. O ex-jogador foi diagnosticado com câncer de cólon em setembro de 2021 e passou por internações recorrentes em decorrência da doença.
Nessa última ida ao hospital, o craque teve uma progressão do câncer e precisou permanecer sob cuidados relacionados à disfunção renal e cardíaca. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos, que pode ter sido desencadeada pelo câncer.
“Normalmente, o câncer de intestino evolui com metástases em outros órgãos. Ele [Pelé] deve ter evoluído para a disseminação da doença em outros órgãos, principalmente o fígado, e quando o órgão é muito comprometido pela doença, ele passa a funcionar de uma forma errada, entra no quadro de falência”, explica o médico oncologista Ricardo Carvalho.
E acrescenta: “À medida que a doença vai progredindo, piorando, vai aumentando a porcentagem de, [por exemplo], fígado comprometido pelo tumor. Chega um ponto que você tem tanto fígado doente que não consegue mais ter função normal, e é quando ele entra em falência. Quando um órgão entra em falência, isso resulta em uma cascata de órgãos em falência, até que vários órgãos, em conjunto, em falência, resultam na morte da pessoa.”
O câncer que acometia Pelé é o terceiro mais frequente em homens, atrás do câncer de próstata e de pele não melanoma, e também o terceiro mais comum em mulheres, após o câncer de mama, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A previsão é de 41 mil novos casos este ano no Brasil.
“O câncer de cólon é o tumor maligno que acomete essa região do corpo chamada intestino grosso e reto. O nosso intestino é composto por algumas regiões, a região inicial – o intestino fino –, o intestino grosso e a região mais final, que é a do reto. Então, o tumor maligno que envolve o intestino grosso e o reto chamamos de forma genérica como câncer de cólon”, diz Carvalho.
Sintomas
Os principais sintomas da condição, são sangramentos nas fezes, alteração do hábito intestinal – ele passa a ficar mais preso ou solto – e alteração na forma das fezes (elas ficam mais pastosas ou menores).
“Associado a esses sintomas podemos ter alguns que denotam uma doença mais avançada, como a perda do apetite e o emagrecimento sem nenhum fator sabido, por exemplo, uma dieta”, complementa Carvalho.
Diagnóstico
Porém, há ainda a possibilidade de obter o diagnóstico de câncer de cólon sem apresentar esses sintomas, durante um exame de rotina, por exemplo, como ocorreu com Pelé. Portanto, é essencial estar atento às características do grupo de risco da doença.
A idade avançada está entre os principais fatores de risco do câncer de intestino, segundo o geriatra Natan Chehter, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria. “O câncer de cólon é uma doença que acomete adultos mais velhos e idosos”, diz.
Chehter explica que o chamado câncer esporádico, que não tem base genética, é o mais incidente. Além da idade, outros fatores de risco são obesidade, tabagismo, consumo de sal, de carne vermelha processada e de embutidos.
Apesar de a doença ser mais comum na população idosa (acima de 60 anos), também pode atingir a faixa etária mais jovem.
“Temos visto cada vez mais o diagnóstico na população mais jovem, e isso se deve a alguns fatores. O mais provável são os hábitos de alimentação e hábitos de vida, e o segundo é a realização cada vez mais disseminada da colonoscopia [equipamento com câmera que capta imagens do intestino]. Então, as pessoas têm tido um acesso maior a ela e, com isso, os diagnósticos têm sido feito de uma forma mais frequente”, conta Carvalho.
Tratamento
O tratamento, por sua vez, muda de acordo com o estágio da doença. A fase inicial, normalmente, exige uma remoção do tumor (parte acometida do intestino) via colonoscopia. Em alguns casos pode haver a necessidade de realizar uma quimioterapia preventiva.
Quando o diagnóstico acontece em um fase mais avançada, por exemplo, com metástase, o tratamento envolve quimioterapia ou imunoterapia contra proteínas específicas do tumor.
“Na grande maioria das vezes conseguimos curar [o paciente]. É claro que a chance de cura é maior quanto mais precoce for o diagnóstico, entretanto, com a tecnologia que temos hoje, com as drogas disponíveis, os tratamentos de cirurgia, de radioterapia, podemos curar até mesmo pacientes com a doença já disseminada”, diz Carvalho.
Prevenção
Entretanto, o melhor remédio sempre será a prevenção. Chehter pontua como positivo aumentar a ingestão de fibras e de líquidos, para estimular o trânsito intestinal, e manter o controle do peso, além da realização de exames de rastreamento a partir dos 50 anos, já que o problema, quando inicial, não causa sintomas.
“A recomendação é que pessoas acima de 50 anos façam o exame de rastreamento. Não sente sintomas quaisquer, mas pode fazer o exame para detectar eventualmente uma lesão que possa se desenvolver como câncer”, afirma.
Os exames são a colonoscopia, retossigmoidoscopia (visualiza somente segmento específico do intestino) e pesquisa de sangue oculto nas fezes, conforme explicação do médico. “Qualquer um desses exames podem ser feitos porque têm periodicidade diferente”, diz.
A colonoscopia é a principal forma de prevenção de câncer colorretal. Isso porque ela identifica pólipos, formações parecidas com verrugas na parede do intestino, que podem se tornar tumores malignos ao longo do tempo.
Estima-se que um pólipo leve de 5 a 10 anos para se tornar maligno. Os pólipos de até 2 cm podem ser retirados durante o próprio exame, segundo o gastroenterologista e endoscopista Rodrigo Rodrigues, em entrevista ao R7.
Pessoas que possuem parentes de primeiro ou segundo grau diagnosticadas com o câncer devem fazer o exame a depender da idade em que o tumor foi diagnosticado no parente. “São 10 anos antes. Se o pai descobriu o câncer com 45 anos, o filho deve fazer a colonoscopia com 35 anos”, explica o endoscopista.
Fonte: Portal R7
Foto: Reprodução