Editora responsável por reeditar todas as obras de Dalcídio Jurandir fechará as portas
Após seis anos e meio de atividade com o lançamento das obras completas de Dalcídio Jurandir, de autores clássicos da literatura paraense, como Jaques Flores e Inglês de Souza, e nomes da produção contemporânea, a Pará.grafo Editora, de Bragança, fechará as portas. O anúncio foi feito pelo proprietário Dênis Girotto na última quinta-feira (11), pelo perfil da editora nas redes sociais.
“Foram 6 anos e meio de muito trabalho e dezenas de projetos literários desenvolvidos: 78 livros publicados, grandes clássicos da literatura nortista e também autores estreantes. Todo esse tempo me empenhei ao máximo para levar aos leitores grandes histórias, textos sensíveis com a diversidade humana e socialmente engajados”, disse.
No texto, Dênis agradeceu aos parceiros e aos leitores que contribuíram com a Pará.grafo, mas disse ser inviável a continuidade do projeto diante das dificuldades de logística, da falta de retorno financeiro e dos sacrifícios pessoais.
“Sacrifiquei muitas vezes momentos com a família, horas de sono e lazer, com o intuito de realizar os projetos que tomavam forma em minha cabeça. Editei, revisei, diagramei e criei capas para a maior parte das nossas publicações. Fiz tudo com muito prazer. No entanto, a tarefa de gerir sozinho uma micro editora numa cidadezinha no interior da Amazônia não é fácil. Tudo é mais difícil, mais longe, mais custoso e, no fim das contas, percebi que o retorno que tenho com a empresa (quando há retorno) não vale o tempo que deixo de estar com minha família ou comigo mesmo”, explicou.
Dênis agradeceu nominalmente André Fernandes, responsável pelas reedições dos romances de Dalcídio Jurandir, Franciorlyz Viana que ajudou a organizar a Antologia da Poesia Paraense, e o professor Abílio Pacheco, pessoa responsável por inserir Dênis no mundo editorial, além de parceiro no livro Jaçanã. “Só tenho a agradecer”, enfatizou.
“Agradeço também a todos os leitores que fizeram parte dessa história, que compraram nossos livros, que ajudaram nas campanhas de financiamento coletivo e deixaram suas mensagens de apoio e crítica”, apontou.
O escritor Alfredo Garcia, que teve livros publicados pela Pará.Grafo, escreveu o texto “Réquiem para uma editora”, em que exalta o trabalho realizado. “Quando uma editora morre, morre um pouco da gente. Tudo bem, dirão os idiotas do ceticismo capitalista: deve ter sido má gestão, equívocos administrativos etc. Acontece que uma editora de livros não é uma empresa qualquer; ela é um armazém de sonhos, um arsenal de utopias, uma trincheira de ideias. Quando ela se vai, tudo que enumerei se esboroa, desmorona”, dedicou.
O site da Pará.grafo Editora continuará online até setembro deste ano com a venda de todos os livros em promoção por R$ 20 para liquidar o estoque. A partir de setembro, os livros que restarem serão doados para bibliotecas públicas e projetos sociais.
Fonte: O Liberal
Imagem: Redes Sociais/Instagram