Após se mudar para Coréia, santarena é agredida e expulsa de casa pelo marido

A santarena, Jackeliny Costa Bastos, de 34 anos, que casou com um coreano identificado como Jinyong Lee e em pouco tempo foi agredida e expulsa de casa, teve um vídeo que repercutiu no sábado (2). Na gravação, visivelmente abalada e aos prantos relatou, do outro lado do mundo, o desespero por estar em um país estrangeiro sem falar a língua originária e com uma cultura totalmente diferente do Brasil.

O que parecia um romance de dorama teve uma reviravolta inesperada, até porque o casal que se conheceu em março de 2022 por um aplicativo de relacionamento, registrava fotos e vídeos dos momentos juntos em um perfil no instagram identificado como jinjacky43, que foi desativado recentemente. A paixão avassaladora fez com que tivessem o primeiro contato pessoal em novembro, período que o coreano veio ao Brasil e os dois se conheceram, o local escolhido pelo casal foi Fortaleza, pois ela é neta de cearenses.

Logo foi pedida em casamento e viajou para o outro lado do mundo, e lá ela conheceu o lado sombrio do companheiro que até então parecia ser ideal. Apresentando comportamento controlador, implacável e violento, Jinyong Lee restringia o uso do celular da brasileira e limitava a sua alimentação, como destacou no vídeo.

“Gente, eu fui enganada, eu vivi um casamento maravilhoso, um relacionamento maravilhoso, tudo era tão bom gente, mas ele se transformou em duas semanas. E ele não deixava eu ter acesso ao celular, eu nem comia gente, porque tudo era jogado na minha cara, que só ele comprava. Eu não almoçava, eu não jantava, as vezes eu jantava, ele comprava alguma coisa”, revelou Jackeliny, dentro do abrigo onde foi acolhida por outras mulheres que também foram vítimas de violência.

Ainda no local, ela ressaltou que tentou contato com o ex-marido para ficar na residência até conseguir outro lugar, mas ele foi incisivo nas palavras. “Eu liguei pra pedir, pra ficar pelo menos mais um dia na casa dele, porque aqui eu não consigo respirar, aqui é muito fechado (abrigo), ele disse pra mim me virar, pra mim resolver meus problemas. Ele me largou, gente. Ao léu, à minha própria sorte! Eu não acredito ainda, gente. É muito difícil pra mim acreditar numa situação dessa! Você não sabe o quanto é difícil, eu não consigo aceitar!  E eu tô acabada, tô destruída!”, lamentou chorando.

Os últimos relatos de Jackeliny sensibilizaram um grupo de influenciadores que se mobilizaram para fazer uma vaquinha virtual e comprar as passagens áreas para trazê-la ao Brasil. O pedido viralizou e o valor arrecadado, que chegava a cerca de 10 mil reais, permitiu a sua ida até São Paulo.

Acompanhe o último trecho do relato por vídeo: “Eu não consigo dormir, eu não consigo comer. Nada, gente. Nada! Eu tô aqui e ninguém fala a minha língua. As meninas são muito legais. Tem uma moça aqui que entrou hoje, muito legal, mas ninguém fala a minha língua. Eu tô sozinha e tô desesperada! Realmente, eu tô desesperada! Eu não sei nem se eu consigo chegar no Brasil. Tá sendo muito difícil tudo isso. Nunca pensei nisso gente, nunca pensei tá passando por isso, nessa situação, minha família pede pra eu ficar calma, mas é difícil. É muito difícil”, desabafou.

O que diz a família?

Na manhã de segunda-feira (4), quando nossa equipe de reportagem foi a primeira a publicar na região sobre o caso baseada na reportagem de O Globo, tentamos entrar em contato com a mãe da paraense. Mas por respeitar o momento delicado, nos limitamos a falar apenas da tentativa de retorno para Santarém.

Contudo, tomamos conhecimento que dona Rubenita Bastos está recém-operada e por saber da situação de vulnerabilidade da filha na Coréia do Sul, chorou bastante e mencionou pôr em risco a própria vida, pois com a repercussão do caso, milhares de mensagens desde acolhedoras, até ofensivas chegaram à família da Jackeliny.

O que muitas pessoas não sabem é que na Coréia do Sul são comuns casamentos arranjados e a violência contra a mulher é crescente. A desigualdade de gênero é uma problemática que inclusive, já houve tentativa de mudança através de lei, mas os costumes tradicionais enraizados são umas das principais barreiras e assim, casos como esse, infelizmente são recorrentes naquele país.

Alerta de perigo

O pai de Jackeliny, em contato com a imprensa local, alegou que tentou alertar a filha sobre os possíveis riscos de se relacionar tão rapidamente com um coreano.

“A gente como pai, como mãe, a gente não sabe o que nossos filhos fazem através da internet. Então, ela casou com essa pessoa e foi embora assim de repente, criou um trauma na gente, a gente orientou, conversou, mas não quis escutar, sabe como é filho, quando bota na cabeça, uma mulher bota na cabeça que alguém engana ela, ela fica apaixonada, fica desse jeito, não consegue escutar ninguém. As pessoas são assim, são enganadas, o mal tá livre no mundo, ele tá pra isso, causar dor, destruição nas famílias, nas pessoas”, afirmou.

Por fim, o pai detalhou as dificuldades enfrentadas durante esse período.

“A gente não tem apoio de Interpol, não tem apoio psicológico, apoio nem de lá, porque eles são praticamente fechados! Eles tem uma cultura diferente, as autoridades deles são diferentes, as leis são diferentes, não tem como a gente acessar daqui pra lá, a gente não tem apoio de ninguém, distante, a gente não tá lá pra ver, como se fosse aqui na nossa cidade, a gente tá vendo na delegacia, na polícia, a gente consegue ver, mas lá é só ela contra uma população que não é igual a gente! A gente é solidário, a gente apóia as pessoas, eles não, eles não acolhem, eles não querem saber das brasileiras! Poucos que encontram alguém de bem, mas quando encontra alguém do mal, eles são assim, manipulam tudo, não dão voz a essas mulheres, a gente não pode fazer nada, só quando ela chegar aqui”, concluiu.

Retorno ao Brasil

Com o valor arrecadado, a santarena ficou hospedada na residência de uma influenciadora em São Paulo e chegará nos próximos dias no Brasil. Até o fechamento desta reportagem a família não detalhou sobre o retorno da filha a Santarém.

Veja o vídeo completo na íntegra: 

Última atualização dia 7/12/23 às 15h08*

Por Diene Moura

O Impacto

Foto: Reprodução Twitter

2 comentários em “Após se mudar para Coréia, santarena é agredida e expulsa de casa pelo marido

  • 7 de dezembro de 2023 em 06:47
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    Tem que se usar as forças armadas para combater os destruidores da Amazônia ! E muita destruição aí nesta parte do Brasil !

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  • 6 de dezembro de 2023 em 09:09
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    O amor virtual é lindo. O Lee só esqueceu de avisá-la que na Coréia assim como em outros países, NÃO existe Lei Maria da Penha.

    Resposta

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