Mundo – Julian Assange evita temporariamente extradição aos EUA
A justiça britânica, através da Suprema Corte de Londres, cobrou dos Estados Unidos garantias a respeito dos processos judiciais em torno do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, no caso de uma decisão favorável a sua extradição. Diante dessa decisão, Assange, um cidadão australiano, não será extraditado imediatamente.
A corte britânica deu três semanas para que o governo americano forneça elementos que garantam que sua nacionalidade australiana não seja um fator prejudicial ao julgamento, que seu direito a proteção oferecida pela Primeira Emenda da Constituição seja respeitado e que a pena de morte não lhe seja concedida. Mas o tribunal refutou a tese de que suas acusações possuem teor político.
Se a justiça britânica considerar que as garantias não estão presentes, então será organizada uma nova audiência, em maio, para debater novamente a legitimidade do pedido de recurso de Julian Assange. Se as garantias forem efetivas, será realizada a audiência de recurso e será proferida decisão sobre o mérito.
Dessa forma, Julian Assange ganha algumas semanas para montar uma nova estratégia de defesa tanto na defesa britãnica quanto junto ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Autoridades americanas processam Assange por ter publicado, em parceria com diversos meios de comunicação internacionais, desde 2010 mais de 700.000 documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas americanas, que revelaram nomeadamente o pesado custo da guerra no Iraque. Entre eles, um vídeo que mostra civis, incluindo dois jornalistas da Reuters, mortos pelo fogo de um helicóptero de combate americano no Iraque, em Julho de 2007.
Vários pedidos foram feitos ao presidente dos Estados Unidos Joe Biden para que os mais de dezoito processos abertos contra Julian Assange durante o governo de Donald Trump fossem retirados sob a alegação de uma lei antiespionagem datada de 1917.
Nas últimas semanas, pessoas próximas de Julian Assange, detido durante cinco anos na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, e antes disso escondido como refugiado político na embaixada do Equador na capital do Reino Unido por sete anos, alertaram para a deterioração do seu estado de saúde. Sua defesa também destaca o risco de suicídio em caso de extradição.
Na tentativa de tranquilizá-lo sobre o tratamento que lhe seria infligido, os Estados Unidos afirmaram que ele não seria encarcerado na prisão de altíssima segurança no Colorado e que receberia os cuidados clínicos e psicológicos necessários. Os americanos também levantaram a possibilidade de ele pedir para cumprir a pena na Austrália.
Por Rodrigo Neves
Imagem: Reprodução/Twitter