Pinduca completa 87 anos com novo álbum em produção

Conhecido pelos clássicos “Sinhá Pureza”, “Carimbó do Pará” e a famosa “Marcha do Vestibular”, Aurino Quirino Gonçalves, o Pinduca, completa 87 anos nesta terça-feira (4). Com uma discografia que chega a 40 álbuns, sendo 20 lançados em vinil e 20 em CD, o Rei do Carimbó comemora o aniversário este ano com muitas novidades na carreira, entre elas, um novo álbum que será apresentado na Cop 30, em 2025.

Em meio às comemorações de aniversário, Pinduca conversou com o Grupo Liberal e apresentou seus lançamentos. Animado com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, o artista afirmou que em breve surgirá com um trabalho totalmente distinto de tudo já realizado ao longo da carreira.

“A minha expectativa é muito grande. Eu já iniciei com o que eu posso apresentar na Cop 30. Vou gravar um CD diferente. Vamos nos preparar para mostrar ao pessoal lá de fora o melhor do nosso estado, como o carimbó. Não só eu, mas todos nós artistas temos que fazer um trabalho bonito. As pessoas gostam muito do nosso trabalho daqui, apreciam a música da Amazônia, então eu acho que tem muita coisa para explorar”, adianta.

Músico desde os 14 anos, Pinduca iniciou a carreira cantando carimbó e tocando pandeiro nas celebrações de Nossa Senhora do Rosário, na vila de Maiauatá, em Igarapé-Miri. Desde que começou a se apresentar, o carimbó, ritmo tradicional paraense, acompanha a vida do cantor e embalou inúmeros sucessos. Com suas músicas, ele foi indicado, em 2017, ao 18ª edição do Grammy Latino pelo disco “No embalo do Pinduca”, que reúne vários clássicos.

Observando a natureza diariamente, o compositor afirma que seu processo criativo parte de tudo o que compõe sua rotina, como os elementos culturais do Pará ou, até mesmo, um fenômeno meteorológico. “O compositor se inspira no ambiente, por onde passa. Você olha na janela, você sente inspiração para fazer uma música. Por exemplo, agora está chovendo, e eu poderia fazer uma canção sobre isso”, explica.

“Passei uns dois dias ouvindo minhas músicas e fiquei admirado com a minha inspiração para fazer essas canções. Desde 1973, eu venho gravando e falando da natureza, dos rios, a mata, as águas para apresentar o melhor possível que temos para mostrar no nosso estado”, relembra.

Preconceito

Mesmo tendo o carimbó como um ritmo forte na sua vida, no início, o cantor sofreu com respostas negativas ao incluir este tipo de música no repertório. No início da carreira, em uma apresentação para estudantes em um clube paraense, Pinduca relembra ter sido vaiado ao anunciar que iria cantar carimbó.

“Eu levei vaia dos estudantes, era muita gente. Isso foi nos anos 70. Anos depois, já tinha gravado alguns discos e estava tocando em um local no período do carnaval. Eu estava com a ‘Marcha do Vestibular’ pronta, parei no meio do show, e pedi atenção falando que iria apresentar essa música e que, se achassem que era boa, era para me dizer. Quando terminou, correu a multidão pedindo para eu gravar. Fico pensando que, com certeza, alguns eram aqueles que me vaiaram no passado”, conta.

Inspiração para Zeca Baleiro

Nascido no Maranhão, Zeca Baleiro tem o artista paraense como uma de suas maiores referências musicais da infância, conforme contou em mensagem enviada com exclusividade ao Grupo Liberal. Quando morava em Arari, o compositor e intérprete de “Telegrama” tinha uma vizinha chamada Raimunda, que ouvia com bastante frequência as músicas dos seus três ídolos: Pinduca, Martinho da Vila e Evaldo Braga.

Por conta da voz presente do rei do carimbó em sua vida, Baleiro diz que sabe todo o repertório dos primeiros discos de Pinduca, desde a letra à melodia. “Já falei com ele uma vez no aeroporto de Brasília e até o convidei para um baile, que é um projeto que eu faço de revisitação da música brasileira, ele falou que toparia e foi super simpático comigo, super afável”, relembra o maranhense.

Zeca conta que, durante as festas em família, os discos do Rei do Carimbó têm presença marcada como forma de relembrar o tempo feliz da infância. Além de fazer parte da sua memória afetiva, Baleiro também acredita que o intérprete de “Sinhá Pureza” é alguém muito importante para música popular.

“O Pinduca trouxe aquela música de terreiro para um lugar popular, radiofônico, que as pessoas cantavam junto. E com uma orquestração rica, com metais, uma coisa forte. E tem a figura dele também, que é incrível, com aquele chapéu ali do paraense, aquela coisa típica ali do norte. É um personagem muito importante, é uma pena que a ignorância dos sudestinos o ignore, porque ele era para ser um ícone nacional, mas não é assim que as coisas são, não é? Para mim, ele é um rei”, diz Zeca.

Fonte: O Liberal
Imagem: Arllen Keuffer/Divulgação

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