Lenda do Carimbó, Mestre Dikinho morre aos 83 anos no Marajó
O Mestre Damasceno usou as suas redes sociais na manhã desta quarta-feira (17), para se despedir de Mestre Dikinho, aos 83 anos. Ele faleceu em Souré, no Marajó. A causa da morte não foi informada, mas nos últimos dias ele precisou lidar com o avanço da diabetes e com a pressão instável. Inclusive ele precisou amputar um dos dedos do pé.
Ele estava internado no Hospital Menino Deus, desde a sua cirurgia. Viúvo, ele deixa sete filhos.
O velório está sendo no barracão da casa dele, local que ele confeccionava bois, recebia amigos e parceiros de música.
No batismo ele era Raimundo Miranda Amaral, mas como Mestre Diquinho ele assumia as funções de vaqueiro, pescador, poeta e músico. Assinando diversas composições de carimbó, toadas de boi, sambas enredo, além de bossas, lundus e xotes, Mestre Dikinho também se destacava como artesão e na construção de bois-bumbás, cavalinhos e outras alegorias e instrumentos de percussão.
“É uma perda que nem conseguimos mensurar. Mestre Dikinho deixa um legado imenso, para que a gente possa continuar aprendendo e passando adiante os conhecimentos da essência do que é ser marajoara. Mestre Dikinho seguirá sempre presente por meio de suas canções, que retratam os modos de vida, os contos, os costumes e tradições do Marajó”, escreveu Mestre Damasceno.
O artista ainda mostrou sua solidariedade aos Grupos de Carimbó Tambores do Pacoval e Cruzeirinho, e com toda a comunidade carimbozeira e de boi-bumbá do Estado do Pará, que tinha Mestre Diquinho no comando.
De acordo com Mestre Damasceno, o cortejo para o sepultamento sairá da frente da casa de Mestre Dikinho, localizada na Nona Rua, esquina com a Travessa Seis, Bairro Matinha, Soure, na Associação do Jô, nesta quinta-feira (18), às 10h.
TRAJETÓRIA MUSICAL
Há mais de 10 anos no Conjunto Tambores do Pacoval, Mestre Dikinho liderava as rodas de carimbó na Associação de Moradores do Pacoval. Mesmo aos 83 anos, ele continuava tocando com Mestre César e os Mansos.
O artista marajoara se dedicava à confecção de instrumentos percussivos como: tambores, maracas e xeque xeque, instrumentos que dão ritmo e vida ao carimbó. Ele também pintou e esculpiu e suas obras estão expostas no seu barracão.
Nos anos 1990, ele criou e colocou nas ruas de Soure o boi bumbá Sete Estrelas, a manifestação cultural chegou a vencer vários concursos e ganhou destaque na região. Sua trajetória artística foi baseada em declarações de amor para o Marajó. Além disso, ele cantava e escrevia sobre as suas vivências.
Fonte: O Liberal
Imagem: Reprodução/Redes Sociais