Avião da Voepass que caiu em Vinhedo operava sem gravar 8 informações da caixa-preta
O avião da Voepass que caiu em Vinhedo, na última sexta-feira (9), operava com autorização para deixar gravar oito informações de voo na caixa-preta da aeronave.
A companhia aérea era autorizada por uma licença temporária de 18 meses concedida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), deferida em 1° de março de 2023.
A medida foi determinada a partir de um pedido da Voepass.
A determinação isenta a empresa de registrar importantes parâmetros operacionais exigidos pelo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC n° 121) nos gravadores digitais do voo, apenas para o modelo ATR 72-500.
Entre eles estão dados sobre a funcionalidade dos freios (pressão e aplicação dos pedais direito e esquerdo), sistemas de pressão hidráulica e todas as forças de comando dos controles de voo (volante, coluna e pedais).
Segundo o piloto e engenheiro aeronáutico Jorge Leal Medeiros, isso pode comprometer a investigação do acidente em Vinhedo e outros voos futuros da Voepass, já que possíveis erros não poderiam ser corrigidos.
A queda do voo 2883 que deixou 62 vítimas no interior de São Paulo aconteceu dentro do período de vigência da isenção, que vale até setembro de 2024.
O parágrafo 121.344 do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil cita 91 informações que devem ser registradas pelas companhias aéreas no voo. Veja todos os parâmetros que o avião da Voepass não registrava ao operar:
- frequências selecionadas em Nav 1 e Nav 2
- pressão do freio (sistema selecionado)
- aplicação do pedal do freio (direito e esquerdo)
- pressão hidráulica (cada sistema)
- posição do comando do compensador de arfagem na cabine
- posição do comando do compensador de rolamento na cabine
- posição do comando do compensador de direção na cabine
- todas as forças de comando dos controles de voo da cabine (volante, coluna e pedais)
A reportagem entrou em contato com a Anac e com a Voepass para um posicionamento.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que conduz a investigação e análise das caixas-pretas, também foi procurado para informar a relevância das informações para o caso.
Fonte: CNN
Imagem: Reprodução/Cenipa