Pará registra 117 acidentes aéreos em 9 anos; 29 foram fatais

Nos últimos dias, acidentes e contratempos aéreos causaram susto e comoção no Brasil. O que deixou maior número de vítimas ocorreu na sexta-feira (9), quando um avião da Voepass caiu em Vinhedo (SP), matando 62 pessoas. No Pará, nos últimos 9 anos, foram registrados 117 acidentes aéreos, como apontam dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Deste total, de 2014 a 2023, em todo o estado, 29 ocorrências envolvendo aeronaves foram fatais. Já em 2024, até o momento, 12 acidentes foram contabilizados no território paraense, sendo 3 fatais.

Apesar desse histórico, o piloto de avião e especialista em aviação civil, Igor Benzecry, pontua que, para garantir a segurança aérea, fiscalizações são realizadas por órgãos competentes, como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ele também evidencia que, para poder conduzir qualquer aeronave, os pilotos passam por uma formação específica. Esse processo envolve uma série de cursos teóricos e práticos, além de uma prova feita pela Anac e treinamentos adicionais para que se possa pilotar.

Outra condição para que as aeronaves trafeguem com segurança, segundo Benzecry, é o Certificado de Aeronavegabilidade (CA), um documento obrigatório, emitido pela Anac, que comprova que o avião está em condições de operar e que cumpre o que é regulamentado pelo órgão. “É um cadastro dentro do sistema da Anac em que a aeronave tem que estar com as homologações corretas e que certifiquem que está apta ao voo. Isso é um conjunto de documentos que são checados pelas autoridades aeronáuticas, mais especificamente pela Anac, em todo o processo de homologação”, diz.

Além disso, entre outros fatores importantes para a autorização de um voo, como observa o especialista, estão: estar em dia com a manutenção da aeronave, além de portar os documentos comprobatórios da última manutenção anual dentro da aeronave. Também portar manuais e listas de verificações a bordo e tripulação devidamente habilitada. E ainda é obrigatório portar “todos os documentos obrigatórios, como seguros, licença de estação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), manifesto de peso e balanceamento e caderneta de registro de voo a bordo. E, quando aplicável, kits de primeiros socorros e salvamento”, acrescenta Igor.

O especialista enfatiza, também, que fiscalizações são realizadas nos aeroportos para garantir a segurança aérea: “Quem é responsável por fazer a averiguação se uma aeronave que está no aeroporto tem esses documentos e está com tudo em dia, inclusive a manutenção e as documentações que comprovam que ela está apta para voo, são os INSPACs [Inspetor de Aviação Civil] da Anac. Eles fazem verificações de rotina nos aeroportos, esporadicamente. Belém está longe do centro, mas, semanalmente, a gente tem fiscalizações ativas”, afirma.
Protocolos de prevenção de acidentes ajudam a evitar desastres

A fim de garantir um voo seguro, o especialista também lembra que existem alguns protocolos de prevenção de acidentes, que sempre são adotados pelos pilotos: “Tudo o que a gente faz na aviação é, literalmente, para se evitar um acidente. Por exemplo, uma inspeção visual, que é uma obrigatoriedade do piloto para saber se todos os componentes externos da aeronave estão ‘ok’. O checklist de operacionalidade de cabine. O piloto lê o checklist para não esquecer nenhuma ação, nenhuma função a bordo que é importante”.

“No Pará, a gente tem muita água. O tempo está sempre chuvoso. A nossa maior preocupação é com a meteorologia. E o que a gente faz para prevenir qualquer problema relacionado à meteorologia? Nós temos prognósticos meteorológicos. Esses prognósticos, como METAR, TAF e imagens de satélite, são vários produtos que se têm para a comunidade aeronáutica. E isso é usado para fazer o planejamento de voo. Um bom planejamento de voo leva em consideração todas as condições meteorológicas que estão previstas nesses prognósticos”, relata Igor.
Anac atua junto ao Cenipa para evitar acidentes

Em nota, a Anac detalhou que a atuação na investigação de incidentes e acidentes aeronáuticos em território brasileiro é uma competência do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado ao Comando da Aeronáutica (Comaer). “A Anac trabalha em contínua parceria com o Cenipa para garantir os elevados níveis de segurança da aviação brasileira. Todas as informações necessárias para a realização do trabalho da autoridade de investigação aeronáutica estão sendo prontamente disponibilizadas pela Anac”, detalha a nota da agência.

Fonte: O Liberal

Foto: Reprodução

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