Governo do Pará anuncia nova área de preservação para árvores gigantes em Almeirim
Foi anunciada a criação do Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia (PAGAM) no município de Almeirim, no oeste do estado Pará. O anúncio foi feito pelo governador do estado, Helder barbalho, em Nova Iorque, durante o festival Global Citizen.
O Festival, que reúne no Central Park cidadãos globais, artistas, ativistas, líderes mundiais e líderes empresariais, tem como objetivo a conscientização pela preservação de ecossistemas naturais de relevância que possibilitem o desenvolvimento de pesquisas e atividades voltadas à educação ambiental e turismo sustentável, foi o local escolhido pelo governador Helder Barbalho para assinar o decreto que amplia o compromisso assumido pelo governo do estado de criar um milhão e meio de hectares de áreas protegidas. O Pará já cumpriu metade dessa meta.
“Daqui a um ano, o mundo se reunirá no Pará para a COP30. Este é o nosso momento de exigir compromissos ousados dos líderes globais – pela natureza, pelo clima e pela Amazônia. Mas a liderança começa com ação. No ano passado, neste palco, prometi criar 1 milhão de hectares de novas áreas protegidas até 2025. Hoje, tenho orgulho de anunciar 500 mil hectares de novas terras protegidas, nos aproximando desse objetivo”, anunciou Barbalho.
De acordo com o decreto, parte da Floresta Estadual (Flota) será requalificada como Unidade de Preservação (UC) Integral totalmente destinada à preservação das Árvores Gigantes da Amazônia. A área, em formato poligonal, terá 560 mil hectares.
O principal destaque desta área é a presença de árvores gigantes, incluindo um exemplar de angelim-vermelho com 88,5 metros de altura, considerada a maior árvore do Brasil e da América Latina, e uma das dez maiores do mundo. Em maio deste ano, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, FAS e do Instituto Federal do Amapá (IFAP) percorreu rios e trilhas da então Flota do Paru, para aprofundar análises físicas e biológicas na região, o que levou à descoberta de um novo santuário de árvores gigantes. Esse levantamento forneceu subsídios para transformar parte da antiga UC de Uso Sustentável em uma nova área de Proteção Integral. A UC foi estabelecida com o propósito de proteger essas espécies e preservar populações de flora e fauna ameaçadas de extinção, além de espécies raras e endêmicas que habitam a região.
Além de garantir a preservação das árvores, a área transformada em UC também trará benefícios para a população do distrito de Monte Dourado e para o município de Almeirim como um todo pois impulsionará o ecoturismo, o que gerará mais espaço e oportunidades para empreendedores locais (hotéis, agências de turismo, pousadas e restaurantes). Também se espera que a UC beneficie e atraia instituições de ensino e pesquisa.
O Parque terá um papel importante na proteção da biodiversidade e na compatibilização das atividades das populações tradicionais que vivem no entorno. A coleta de produtos como castanha-do-pará e camu-camu, bem como a pesca esportiva nos ecossistemas aquáticos, será permitida, respeitando a legislação vigente e as regras estabelecidas pelo futuro Plano de Gestão do Parque.
Ainda de acordo com o decreto, as atividades desenvolvidas pelas comunidades tradicionais e povos indígenas que habitam a região, como o acesso ao rio Jari, não sofrerão restrições. As ações e o modo de vida dessas populações serão respeitados, desde que em harmonia com os objetivos de preservação da UC.
O compromisso
Em 2023, o governo do estado assumiu publicamente o compromisso de ampliar as áreas protegidas no estado para mais de um milhão de hectares com o intuito de aumentar a proteção de terras indígenas, territórios quilombolas e reservas extrativistas. O prazo para cumprir esse compromisso é até a COP30 que acontece em novembro de 2025.
Este ano, o chefe do Executivo estadual anunciou a criação de mais 500 mil hectares de áreas protegidas, cumprindo metade da meta anunciada e ampliou em mais 500 mil o compromisso com a preservação da floresta. Além disso, se comprometeu a reflorestar 200 mil hectares de terras indígenas que já foram retomadas
“Duzentos mil hectares de terras indígenas recuperadas serão reflorestadas e devolvidas aos seus guardiões legítimos. Estamos cumprindo nossos compromissos, e é hora do mundo fazer o mesmo”, prometeu o governador.
O parque
Com uma área de 560 mil hectares, o Parque será gerenciado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio). Esta é a 29ª UC sob a gestão do órgão, que busca equilibrar a proteção da biodiversidade com o uso sustentável dos recursos naturais. A criação da nova área protegida deriva de uma porção da Floresta Estadual (Flota) do Paru, que teve sua área reduzida de 3.612.914 hectares para 3.052.914 hectares com o decreto.
“O Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia é um marco na preservação da nossa biodiversidade, garantindo que espécies únicas e de grande relevância ecológica continuem existindo para as futuras gerações”, afirmou o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, que considera a iniciativa é um passo fundamental para o fortalecimento da proteção ambiental no Pará, associando a conservação à geração de conhecimento científico.
Por Rodrigo Neves
Imagem: Agência Pará
O Impacto