PC resgata idosa de 83 anos mantida em cárcere privado no nordeste do Pará
Uma idosa de 83 anos foi resgatada pela Polícia Civil após ser mantida em cárcere privado, na capital paraense. A ação foi realizada na última terça-feira (15) pela equipe da Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa de Belém (Dpid), em cumprimento a um mandado de busca e apreensão. As investigações iniciaram após denúncias que relatavam o crime e apontavam o companheiro da vítima, um homem de 51 anos, como principal suspeito. O investigado foi preso em flagrante.
O mandado de busca e apreensão foi emitido pelo Poder Judiciário diante de inúmeras denúncias sobre o caso. Conforme a PC, quando a equipe chegou na residência da idosa, os agentes precisaram romper o cadeado para ter acesso ao local, pois a entrada não foi autorizada. No interior da casa, os policiais constataram uma série de irregularidades graves que confirmaram o estado de vulnerabilidade da idosa.
No início de setembro, os policiais começaram a receber denúncias de maus tratos contra a idosa no bairro da Pedreira. Testemunhas relataram que a idosa gritava pedindo socorro, denunciava que estava presa, e que morava com um bandido que queria lhe matar.
A vítima não possuía acesso aos próprios rendimentos, que eram completamente controlados pelo suspeito. De acordo com as investigações, os cartões bancários estavam escondidos no alto de uma parede, que só podiam ser alcançados ao subir numa cadeira, totalmente fora do alcance da idosa. Segundo a PC, a residência apresentava condições precárias.
“Não havia qualquer tipo de alimento disponível, o ambiente estava em estado avançado de deterioração, sem higiene, ventilação adequada ou manutenção mínima. A idosa, que já apresentava sinais de demência, também não recebia cuidados médicos, intensificando sua situação de abandono e negligência”, explica a delegada Vanessa Macedo, titular da Dpid.
Diante das evidências, o homem foi preso em flagrante por cárcere privado, apropriação indébita dos rendimentos da vítima e maus-tratos. Ele foi conduzido ao sistema penitenciário, onde permanecerá à disposição da Justiça enquanto o caso segue para novas investigações.
“A Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa continuará acompanhando o estado de saúde e as condições da vítima, que deve receber os cuidados necessários. O caso chama a atenção para a crescente necessidade de atenção e proteção às pessoas idosas, muitas vezes vítimas de abusos e negligência, mesmo no seio familiar”, conclui a delegada Vanessa.
A idosa recebia recursos no montante de R$ 6.500 por mês, mas a casa não possuía nenhuma comida e estava deteriorada e suja. A vítima aparentava sinais claro de desorientação de tempo e espaço em uma situação degradante. O suspeito foi indiciado pelos crimes de exposição de pessoa idosa ao perigo (conhecido popularmente como maus-tratos) e por apropriação de proventos da pessoa idosa.
O suspeito, que tem uma relação de união estável com a idosa há 20 anos, se defendeu em depoimento, mas não soube responder algumas indagações da polícia. “A todo momento ele dava respostas contraditórias sobre o que era feito com os recursos da idosa, que era completamente controlado por ele”, disse.
A polícia conseguiu contato com uma irmã da idosa que já está vindo para Belém ficar responsável pela vítima. A idosa de 83 anos continuará na mesma casa sob a responsabilidade de outro familiar. A casa foi limpa e alimentos foram comprados.
O delegado ressaltou que denúncias de crimes contra pessoas idosas podem ser feita presencialmente na Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa (Dpid), localizada na travessa Domingos Marreiros, nº 2019, próximo à avenida José Bonifácio, no bairro de Fátima. Gravação de vídeos e fotos também podem ajudar no processo de investigação. Qualquer pessoa pode procurar a delegacia para realizar as denúncias. Também podem ser feitas denúncias anônima pelo Disque Denúncia 181 e pela internet da Polícia Civil.
Somente neste ano, a DPPI registrou 186 procedimentos policiais. Dentre os principais crimes que são apurados estão a exposição ao perigo da pessoa idosa (maus-tratos) e apropriação de recursos da pessoa idosa.
Fonte: O Liberal
Imagem: Reprodução/PCPA