O Pleito Eleitoral: a frustração dos candidatos vs a desonestidade dos eleitores

Por Carlos Augusto Mota Lima – Advogado

Após o pleito eleitoral, chega o momento da prestação de contas, inicialmente dos candidatos com a Justiça Eleitoral. A “festa” com o dinheiro público é intensa, onde quase tudo parece possível em nome da vaidade e do poder. Basta lembrarmos do episódio em que cinco milhões de reais foram apreendidos no município de Castanhal, na posse de um policial militar.

A imprensa quase nada reportou, e o processo eleitoral seguiu seu rumo sem consequências aparentes.

Pergunta-se: por quê? Imaginem se isso ocorresse em Santarém, com um candidato de direita; quantos não seriam presos ou tornados inelegíveis? É evidente a aplicação de dois pesos e duas medidas, e já não há sequer a preocupação em ocultar tais preferências. Tudo acontece de forma clara, sem disfarces.

A maioria esmagadora dos candidatos mal conhece o valor da verba do fundo eleitoral repassado aos partidos. Muitos se contentaram com recursos mínimos para sustentar suas campanhas modestas, enquanto alguns candidatos, mais alinhados com aqueles que estão no poder — os “amigos da Corte” — recebem apoio substancial.

A maioria, no entanto, fica apenas com materiais de campanha como “santinhos” e cartazes, geralmente com fotos de candidatos majoritários. A questão que fica é como será feita essa prestação de contas e em nome de quem estarão as notas fiscais. Para muitos, agora é o momento de recorrer ao “Muro das Lamentações”, especialmente para aqueles que serviram apenas como “trampolim” para candidatos majoritários.

A conta virá, e é preciso contabilizar os gastos e prestar contas à Justiça Eleitoral. Esse processo não é simples e muitos enfrentarão grandes aborrecimentos. Acabou o diálogo com a “massa de manobra”; cada um deverá enfrentar as consequências. Isso vale tanto para candidatos quanto para eleitores e reflete bem a visão do desgoverno atual, ao referir-se a pessoas pobres como “números bonitos para ver no dia da eleição” ou compará-los a “papel higiênico”.

Essas falas, atribuídas ao presidente “Pai dos Pobres”, mostram uma triste verdade sobre a falta de respeito e consideração. É tempo de mudar esse cenário, pois não é justo que o povo continue sustentando pessoas desonestas com dinheiro público, perpetuando o sofrimento da população brasileira. A força do povo precisa ser compreendida e exercida; como está, não dá para continuar.

A relação entre candidatos e eleitores é permeada por altos e baixos. De um lado, candidatos cheios de esperanças e metas, dispostos a dedicar-se à população e a lutar por melhorias para o país. Do outro, eleitores com expectativas de melhorias pessoais, mas que nem sempre são sinceros em suas promessas e apoios. Esse contexto gera um ciclo de frustração para candidatos derrotados, que se sentem enganados ou traídos por aqueles que inicialmente prometeram suporte.

Este é o cerne do problema: a maioria dos candidatos não possui conhecimento adequado sobre o processo eleitoral, atividades parlamentares ou o funcionamento do município como ente federativo. Assim, o que esperar de um parlamento municipal? Enquanto continuarmos elegendo figuras sem preparação, estaremos fadados ao atraso, pobreza e miséria.

A frustração do candidato começa com o esforço investido na campanha. Planejar propostas, dialogar com a comunidade e estabelecer uma conexão sincera com os eleitores é um processo desgastante, e muitos candidatos desconhecem até mesmo as políticas públicas. No entanto, após todo esse trabalho, muitos enfrentam a decepção de ver que o apoio prometido pelos eleitores nem sempre se traduz em votos reais. Essa falta de honestidade dos eleitores, que reflete a própria desonestidade de alguns candidatos, pode ser vista como uma resposta ao descaso dos eleitos.

O pano de fundo desse comportamento inclui pobreza e miséria, que tornam algumas pessoas vulneráveis a promessas impossíveis, desde simples consultas médicas até cirurgias, o que se configura como um festival de crimes de estelionato eleitoral. Até quando?

Para o candidato, lidar com essa desonestidade pode ser devastador. Muitos gastam recursos financeiros e emocionais durante o processo eleitoral e acabam se deparando com a realidade de que a confiança depositada nos eleitores não se reflete nos resultados.

Esse ciclo desestimula novos candidatos, prejudicando a renovação política e contribuindo para que as mesmas figuras permaneçam no poder. Além disso, essa dinâmica cria um ambiente de desconfiança, onde candidatos passam a duvidar da sinceridade de qualquer apoio. Com o tempo, isso resulta em uma política menos humana e mais mecanizada, voltada unicamente à captação de votos, alimentando um sistema de promessas vazias de ambos os lados.

Portanto, a frustração dos candidatos diante da desonestidade dos eleitores revela uma dimensão humana e complexa das eleições. É essencial que a sinceridade e o compromisso sejam valorizados, tanto por candidatos quanto por eleitores, para construir uma política mais honesta e produtiva. Assim, ambos poderão colaborar para um ambiente político mais saudável, pautado pelo respeito e pela transparência.

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