Seca severa afeta vendedores e banhistas da Praia do Maracanã

Como resultado das mudanças climáticas, esse ano o cenário das praias de Santarém mudou mas do que o esperado.  E essa mudança traz consequências a quem utiliza esses espaços, como na Praia do Maracanã, centralizada na área urbana do município.

Com a seca severa, o Rio Tapajós recua, o que cria uma faixa de areia longa e obriga aos visitantes caminharem uma grande distância até suas águas. Nesse contexto despenca a venda nos estabelecimentos, onde trabalhadores e comerciantes que atuam no local veem o faturamento ruir.

De acordo com o vendedor de um desses estabelecimentos, o público parou de frequentar a praia, então se não há banhistas, não há vendas. “Então, elas caíram. Infelizmente o rio continua longe, complicado dos consumidores chegarem até lá, e isso claro, impede deles vir prestigiar e consumir. Mas as expectativas são grandes para que volte a encher e nossos clientes retornem com o objetivo de saborear um peixe, acompanhado de uma bebida e curtir novamente a paisagem”.

Darlison Maia, coordenador da Defesa Civil de Santarém, destaca que “Com relação ao nível do rio, até o dia 1º estava negativo na régua da Agência Nacional das Águas (ANA) e de lá pra cá começou aumentar, então, estamos tendo uma maré, a qual chamamos de ‘repiquete’ ou seja, subindo e descendo. Diante dessa fase, a equipe notou que as águas do rio Tapajós ficam estagnando no meio, mas ou menos, dois centímetros elevados. Mas devidamente por estar no começo de novembro, pode parar de baixar, ressaltando que, nos últimos anos, 2020, um exemplo. O rio baixou em datas diferentes até 2023, entretanto a tendência é ficar um pouco parado e de forma lenta voltar a subir”.

Seu João, que atua há cinco anos como vigia de carros no estacionamento da praia, falou sobre a dificuldade de arrecadar o sustento para si.  “São poucas pessoas que estão vindo, principalmente os de carro que ajudam com um valor para reparar e com a seca ficou difícil ganhar um valor, e eu só ganho fazendo esse trabalho, e detalhe que não são todos que contribuem. Espero que encha e volte ao normal, mudando as coisas por aqui”, disse o autônomo.

Durante o percurso realizado nas areias da praia uma jovem que estava em família conversou com a TV Impacto sobre a situação.  Emilli destacou que desde criança frequenta a praia e chega ser assustador a situação atual.

“Uma tristeza ver, ainda mais sabendo que a cada dia que passa está ficando mais quente, e nós banhistas viemos em busca de tentar apreciar um pouco do vento, nem isso é possível. Ao visualizar a paisagem e não poder ir lá, porque a distância é grande. E a parte onde dá de andar, temos medo, de repente de encontrar bicho na lama, ou buraco. Então a gente prefere nesse período ficar apenas olhando na beira da praia”, disse a banhista santarena.

Dona Mariazinha, como é conhecida, faz um trajeto de vai e volta às margens do rio, com uma bandeja de guloseimas, como bananinha frita, bombons, paçoca. A vendedora ambulante consegue efetuar vendas, mas para os poucos visitantes que surgem e compram seus produtos.

A Defesa Civil monitora todos os dias os níveis das águas com o intuito de realizar uma avaliação para obter uma resposta positiva. Embora as cheias e secas façam parte do ciclo natural da Amazônia, a frequência e intensidade dos fenômenos extremos têm se tornado uma constante preocupação.

Ainda de acordo com a Defesa Civil, cerca de  9.252 famílias que vivem nas regiões dos rios estão sofrendo com o processo de isolamento e da situação precária em relação a transportes e mantimentos. O aquecimento global, que tem alterado radicalmente os ciclos naturais da Amazônia, faz com que a população tema pelo futuro das novas gerações.

Por Wandra Trindade

O Impacto

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