Prefeitos de 60 cidades do mundo pedem US$ 800 bilhões em investimentos para combater mudanças climáticas
Cerca de 60 prefeitos e líderes de cidades ao redor do mundo solicitaram US$ 800 bilhões em investimentos públicos anuais de governos nacionais e instituições de financiamento públicas e privadas para o desenvolvimento de municípios até 2030. O pedido, divulgado neste sábado (16), destaca necessidade de implementar e expandir projetos com ênfase do combate às mudanças climáticas.
Um dos painéis destacou como facilitar a captação de recursos pelos municípios para promover as mudanças necessárias às adaptações, como obras. O prefeito Eduardo Paes afirmou que é preciso agilidade na concessão desta forma de crédito. Ele ressaltou a importância da parceria com bancos de financiamento.
Anne Hidalgo, prefeita de Paris, destacou que as cidades possuem autoridades que são aliadas que compreendem a mudança nas cidades e as adaptações necessárias. Ela afirmou que o desafio de enfrentamento às mudanças no clima passa também pela questão ideológica e até por líderes que desacreditam as alterações no meio ambiente. Ela criticou o presidente da Argentina, Javier Milei, e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
“Aqueles que se opõem a nós nas esferas internacionais são fortes. Pessoas como Trump e Milei são eleitos colocando em oposição o povo e as elites e se dizendo ao lado do povo. Precisamos nos unir com quem está em uma situação de fazer com que as coisas avancem”, disse a prefeita de Paris.
Divisão de recursos
Os prefeitos destacaram a necessidade de manutenção de uma agenda para as discussões sobre o clima, como o a COP 30, que acontecerá em Belém.
Jader Filho, ministro das Cidades, afirmou que é preciso ouvir as autoridades locais na definição das prioridades no financiamento de obras de combate às mudanças do clima. Ele ressaltou que a divisão dos recursos correta pode diminuir a discrepância no desenvolvimento nas regiões do país.
O ministro destacou a necessidade de apoio técnico do governo às pequenas e médias cidades do Brasil em questões como elaboração de projetos de obras e comercialização de créditos de carbono. Jader, que é do Pará, destacou a experiencia das cidades da Região Norte.
Anacláudia Rossbach, diretora-executiva da ONU Habitat, disse que o mundo vive uma crise de habitação e ressaltou a necessidade de diálogo com os bancos de desenvolvimento. Ela concorda com a necessidade de trabalhar com os agentes locais na elaboração de agendas urbanas.
“Ajudar o sistema e trabalhar com os membros para definir foco e prioridade. Temos desafios de desigualdade e pobreza para chegar ao ODS. Temos também uma crise global de habitação”, disse Anacláudia.
A programação conta com outras discussões sobre o impacto do clima sobre as cidades ao longo do dia.
Inteligência Artificial
Juliet Rothenberg, diretora de produto do Google para uso de inteligência artificial para o clima, falou como informações coletadas com rapidez podem auxiliar os gestores em várias esferas de governo na tomada de decisões.
Juliet citou as inundações que ocorreram no Rio Grande do Sul e na Espanha. Ela destacou que, com a elaboração de modelos com dados de clima com a ajuda da inteligência artificial, é possível prever possíveis desastres com antecedência e auxiliar na evacuação de populações de áreas atingidas por chuvas extremas e inundações.
“Países com um PIB menor têm menos acesso a previsões de inundações e são, justamente, os países mais vulneráveis. Modelos de IA podem usar o maior número possível de dados e ajudar a uma previsão mais fácil, mostrando movimentações do solo e de rios, incluindo medições”.
A executiva também destacou a importância do mapeamento de dados de satélite com a ajuda de Inteligência Artificial no combate a incêndios.
Com a combinação dos dados de satélites é possível mostrar os pontos de incêndio de forma mais precisa, auxiliando o combate aos focos e possíveis evacuações de populações de locais em risco. Ela citou os incêndios na Califórnia, nos Estados Unidos, e na Amazônia, este ano.
“Autoridades sabem que os incêndios são mais fáceis de serem extintos quando mais cedo forem detectados”.
Fonte: G1 RJ
Foto: Cristina Boeckel/g1 Rio